A Economia da Oralidade e sua área específica, Voice Design, o Design da Oralidade considera que a voz é a função do corpo que mais se expõe e a que mais nos expõe e que saber utilizá-la com excelência é uma importantíssima habilidade e um relevante fator de humanização das relações pessoais e profissionais.
Ferdinand Saussure, que é chamado o pai da linguística moderna, insistia na superioridade do discurso oral, e entendia a escrita como um complemento desse discurso.
A partir daí muitos estudos foram desenvolvidos sobre fonêmica, que é a área científica que se ocupa do som das palavras. Henry Sweet, um inglês da época de Saussure, dizia que as palavras não são feitas de letras, mas de sons. Os seres humanos se comunicam de formas diversas, mas nenhuma delas é comparável à linguagem através do som articulado; o próprio pensamento está relacionado, de um modo muito especial, ao som.
Nós não temos nenhum “ponto surdo”, pois a audição é e sempre foi o nosso sentido primário de aviso, porque é vital para a nossa consciência espacial.
É por isso que há poucas ilusões sonoras, e por que essa expressão é desconhecida – considerando que a “ilusão de ótica” é tão familiar.
O sentido da audição não pode ser desligado à vontade. Não existem pálpebras auditivas.
A comunicação oral atua com profundidade no intelecto do indivíduo, levando o receptor ao um grau elevado de atenção, promovido pela ativação mecânica transmitida pela voz.
As vibrações físicas mecânicas do som são recepcionadas pela audição, atingindo a medula central, mesmo que sutilmente, altera a nossa respiração, nossa pulsação, a pressão sanguínea, a tensão muscular, a temperatura da pele e outros ritmos internos, promove a liberação de endorfina.
O som emitido pela voz tem um fenômeno áudio-tátil
Somos tateados pelos sons, sejam notas musicais, palavras cantadas e palavra falada, por intermédio dos ouvidos, mas também pela pele, pelos ossos e por todo corpo.
A palavra falada tem uma decodificação só, uma simples decodificação transformando a palavra em entendimento cerebral, na palavra escrita há uma dupla decodificação, tendo que transformar aqueles hieróglifos, aquele símbolo em palavra que depois são decodificadas pelo cérebro.
“Ao aprender a falar, o ser humano também aprende a pensar, na medida em que cada palavra é a revelação das experiências e valores de sua cultura. Desse ponto de vista, tem-se que o verbal influencia nosso modo de percepção da realidade. Portanto, cabe a cada um assumir a palavra como manutenção dos valores dados ou como intervenção no mundo.” Cláudia Lukianchuki
A oralidade permite a conquista da plena de expressão do pensamento estruturado, do exercício do poder sobre si focado do legítimo interesse do outro, na formação de liderança, na manifestação da personalidade (Pessoa no grego: Por meio do som), vencer a infantilidade intelectual (Infantil no grego: Não domina o atributo da fala), entre inúmeros argumentos e aspectos.
Diversos trabalhos acadêmicos diagnosticam a superficialidade do ensino organizado e estruturado da oralidade.
Estudiosos de notório reconhecimento avaliam a negligência com que é tratada esta área do conhecimento, como emblematicamente atesta o linguística Luiz Antonio Marcuschi (1997) que conceitua:
‘A fala é uma atividade muito mais central do que a escrita no dia a dia da maioria das pessoas. Contudo, as instituições escolares dão à fala atenção quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita. Crucial neste caso é que não se trata de uma contradição, mas de uma postura’.
Ao longo dos séculos, entendemos que intencionalmente os poderes, mesmo que veladamente, intimidar o uso do poder da palavra falada desde o início da formação educacional, restringindo esta habilidade para as elites dominantes.
No livro O Efeito Mozart de Dom Campbell relata as experiências do Dr. Alfred Tomatis, M.D., médico francês, dedicado a pesquisas da audição humana que descobriu que a voz da mãe serve como cordão umbilical sônico para o bebê em desenvolvimento e também como fonte primal de estímulo. Ele afirma que o feto é capaz de escutar. O ouvido é o primeiro “órgão” a se desenvolver no embrião, ou seja, o que a futura mamãe ouve, sejam as suas músicas preferidas, as conversas ou mais outros sons são ouvidas também pelo futuro bebê que está funcional a partir de quatro meses e meio de gestação, e que interferem em suas características – que começa a se manifestar nos primeiros meses de vida.
Ainda ele afirma que “a nutrição vocal que a mãe provê é tão importante como o seu leite para o desenvolvimento da criança”.
O voice design diagnostica que a palavra falada tem grande influência na maneira como vivemos, pois é por meio dela que as pessoas na maior parte do tempo se comunicam com o mundo externo, a partir do primeiro choro.
As palavras carregam o poder criativo ou destrutivo. A fonte da palavra é o pensamento. A língua dispara e verbaliza o pensamento
A palavra é um símbolo que expressa uma ideia, e está intrinsecamente relacionada com nossa mente que, por sua vez, está relacionada diretamente com nosso corpo, com nossos sentimentos, com nossas atitudes e com nossas ações.
A linguagem é tão predominantemente oral, que dentre as milhares de línguas que existiram, apenas cerca de 106 possuíam escrita suficientemente desenvolvida para produzir literatura. Das 3 mil línguas hoje faladas, somente 78, aproximadamente, têm, de fato, uma literatura.
Constata-se que contemporaneamente a oralidade apesar de juntamente com a leitura e a escrita constituírem os pilares da educação pública. Ela é ensinada superficialmente, ou seja, sem objetivo específico, sem a menor preocupação de um ensino organizado e estruturado, capaz de promover o domínio da habilidade discursiva do falante.
Por isso, consideramos equivocado negligenciar o poder da comunicação oral, em especial na área educacional, negando um atributo indispensável para o desenvolvimento intelectual e humano do aprendiz.
Em entrevista concedida pelo psicanalista e escritor Augusto Jorge Cury, ele considera que a palavra falada tem uma relevância enorme para estimular o Eu como autor da história, mas, infelizmente, educadores que somos extremamente secos, frios não usamos a anatomia da palavra, os contornos da palavra, as várias tonalidades, a cênica, a teatralização da palavra, consequentemente nos tornamos educadores pobres e que empobrece o processo de desenvolvimento da formação da personalidade.
O resgate da língua falada na escola, atualmente, constitui problema essencial, hoje, como nunca, os alunos falam e conversam na escola, dentro e fora das aulas. Tratar-se de outro tipo de fala, desconhecida pelos alunos e professores – trata-se da fala em cena pública.
Cursos e treinamentos de executivos e profissionais liberais que prometem o domínio do falar em público. Como eles, muitos professores, profissionais da palavra, manifestam fobia de levantar a voz na cena pública. Associado usualmente à timidez ou a sintoma psíquico, esse medo tem história, função e mapeamento político e social claro: são os oprimidos os que não ousam abrir a boca e os que se deixam falar pelos outros.
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