Dentro da programação do 20º Congresso Internacional de Educação a Distância que aconteceu em Curitiba, entre os dias 06 a 09 de outubro, o jornalista e pesquisador Jorge Cury Neto apresentou o Instructional Voice Design.
O tema é uma evolução e uma aplicação específica do voice design no contexto do design instrucional.
O design instrucional é uma área que corresponde, segundo Andrea Filatro, à “ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos”.
O Instructional Voice Design vem atuar nas diversas fases da construção do design instrucional, subsidiado por uma permanente curadoria sobre o poder da palavra falada aplicada ao processo do ensino-aprendizagem.
A contribuição do Instructional Voice Design principia desde a vialibização de uma relação eficaz entre o conteudista e o designer instrucional, oferecendo estratégias, processos e métodos dialógicos que potencialize o e qualifique o produto educacional.
O Instructional Voice Design objetiva implementar uma abordagem nominada intercâmbio conversacional entre o conteudista e o designer instrucional, cabendo a este o exercício da função de entrevistador com a finalidade de identificar com precisão os conteúdos essenciais a serem considerados.
Para tal, o Instructional Voice Design se dedica a análise da estrutura lógica da linguagem e da estética da voz, aplicando metodologias resultantes de pesquisas e estudos multidisciplinares, envolvendo diversos campos científicos.
Entre as áreas investigadas, estão: antropologia, filosofia, lingüística, neurolinguística, neurociência, acústica, retórica, música, fisiologia, medicina, psicanálise, hipnose, arte cênica, dublagem, animação, storytelling, entre outras não menos relevantes.
A atuação do Instructional Voice Design dá suporte e subsidia a definição, a concepção e a qualificação dos objetos de aprendizagem digital, bem como maximizar a aplicação científica da comunicação pela voz em convergência com recursos visuais.
A intervenção do Instructional Voice Design se dá em cada fase do design instrucional, desde planejamento, desenvolvimento e produção de cada objeto de aprendizagem digital, na identificação do perfil do público, implicando em todas as interações entre as partes envolvidas no processo de construção do produto educacional.
A função do voice design é prover a aquisição plena do estado de consciência do ato comunicacional.
Este propósito permite o exercício do domínio sobre os atributos da voz, considerando a construção de uma estrutura discursiva lógica de linguagem e da estética da voz, a partir de um planejamento fonético que compreende a aplicação contextualizada de: entonação, tonalidade, ritmo, velocidade, volume, freqüência sonoras, amplitude, tom de grave e de agudo, entre outros recursos de fonação.
Concomitantemente ao planejamento fonético, o aprendiz deve exercer prioritariamente um monitoramento perceptivo sobre o receptor e sobre o cenário onde a comunicação está sendo realizada, considerando entre outros aspectos as condições logísticas, estéticas e acústicas, permeadas pela aplicação de pausas estratégicas e perguntas promotoras de diálogo.
Propõe a elaboração de planejamento para desenvolver habilidades de produção e recepção de conteúdos orais, que exigem preparação e roteirização adequada a fala, capaz ganhar assertividade na comunicação, com o propósito de promover efetividade e afetividade.
Metodologia aplicada
A metodologia aplicada compreende a construção de um engenharia que atenta a demanda do perfil do público, capaz maximizar a assertividade na comunicação que promova uma efetiva e afetiva transmissão de conhecimento.
A proposta é sustentada predominantemente na antropologia e com base na arte da retórica e na construção da tradição oral, compreendendo a formulação fraseada do conteúdo a ser oralizado, preferencialmente usando sentenças curtas e na ordem direta, sem o uso de preposições e conjunções.
Quando o recurso gramatical for requerido, a indicação da metodologia é elaborar nova frase e assim consecutivamente.
Na seqüência das frases deve se aplicar o recurso da versicularização, com o propósito de imprimir musicalidade, melodia, ritmo necessário para viabilizar a memorização do conteúdo pelo receptor, ouvinte, aluno.
Cabe ao aprendiz ser capacitado para monitorar o limite da memória de trabalho do receptor, atentando-se quantificação de informação por tempo de exposição que não comprometa o espaço para o processamento do mensagem e que garanta o armazenamento pela memória de longo prazo, de modo suficientemente afetivo que gere motivação no receptor para uma experiência com o conteúdo memorizado e com isso viabilize a sua aprendizagem.
A memória de trabalho une informações visuais e auditivas e posteriormente as integra ao conhecimento já armazenado na memória de longo prazo. É por essa razão que oferecer palavras, imagens e sons em uma apresentação unificada torna a integração entre os canais processamento sensorial mais fácil.
O voice design compreende a aplicação simultânea e sincronizada da narrativa oral com elementos gráficos e visuais de aprendizagem, nos diferentes planos e perspectivas audiovisuais, visando potencializar a retenção do conhecimento transmitido.
Promover exercício de diálogo, oportunizar o compartilhamento das competências e experiências individuais e coletivas.
Jorge Cury Neto considera que a voz é o atributo central para a execução eficaz do processo do ensino-aprendizagem e dentro do da aplicação no design instrucional adquire relevância revolucionária no contexto da Educação a Distância e na Educação Corporativa por extensão.