O marco fundamental da ciência econômica consolidada pela escola clássica é a obra “Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações (1776), do escocês Adam Smith (1723-1790), considerado o pai da Economia Política Clássica. Ele afirma que não é a prata ou o ouro que determinam a prosperidade de uma nação, mas, sim, o trabalho humano. Em consequência, qualquer mudança que aprimore as forças produtivas estará potencializando o enriquecimento de uma nação, conclui.
A Economia da Oralidade é uma área do conhecimento constituída com o propósito de promover mudança no comportamento dos indivíduos, empresas ou países, por meio do aprimoramento da linguística aplicada às forças produtivas, representadas pelo trabalho humano, geradoras de riqueza e nas permanentes intervenções na atividade econômica.
Conceitua-se que Economia da Oralidade é uma área que tem a finalidade de propor, projetar, implementar, gerenciar e administrar a atividade de produção da oralidade e a suas implicações sistemáticas no processo de negociação, de comercialização e de troca de bens e serviços tangíveis e intangíveis.
Considerando etimologicamente a palavra economia significa a “lei da casa”. “administração da casa”, o que nos habilita considerar “casa” como indivíduos, empresas ou países.
Sob a perspectiva do indivíduo podemos considerar “casa” composta pelo aparato corporal, possuidor de os atributos fisiológico e neurofisiológico, capaz promover a realização da oralidade por meio do seu sistema fonador. Como indivíduos temos a responsabilidade de administrar a “casa” para o seu funcionamento integral e isso inclui prioritariamente o uso pleno da oralidade.
A oralidade é fator de produção e da manifestação do pensamento projetado na forma de voz e isso se aplica na formulação e disseminação do pensamento econômico.
De acordo com o livro “Oralidade no ensino: sugestões de atividades”, cuja orientadora é a professora Sônia Queiroz da UFMG “Os seres humanos se comunicam de formas diversas, mas nenhuma delas é comparável à linguagem por meio do som articulado; o próprio pensamento está relacionado, de um modo muito especial, ao som”.
O linguista inglês, contemporâneo de Ferdinand de Saussure “o pai da linguística moderna”, Henry Sweet, dizia que as palavras não são feitas de letras, mas de sons.
A etimologia nos elucida também a relação da oralidade com o significado da palavra “pessoa”. No latim a palavra significa persona. O prefixo per corresponde à por e sona à som. A palavra pessoa quer dizer “o som passa por meio de”, referindo-se a voz humana. Já na raiz grega a expressão é per son “por meio do som” expressão literalmente incorporada pela língua inglesa para designar pessoa.
Portanto, a pessoa é manifestada pelo som articulado que ela emite, expondo a sua individualidade, sua identidade, sua personalidade. Pela contribuição da etimologia, podemos deduzir que a voz e por extensão a oralidade é a principal marca pessoal.
A voz é a função do corpo que mais se expõe e a que mais nos expõe; e saber utilizá-la com excelência é uma importantíssima habilidade e um relevante fator socioeconômico cultural nas relações pessoais e profissionais.
Por meio da oralidade é que somos identificados e como nos identificamos com o mundo, disponibilizando ao mercado os nossos atributos pessoais e as nossas competências profissionais. O que nos permite concluir que a marca pessoal é o nosso principal ativo econômico. Ela é quem responde pela sustentação da atividade econômica do indivíduo, das empresas e dos países.
Por esta razão criar a marca vocal em primeira instância, é essencial para a criação a marca pessoal, o que é imprescindível não somente para o exercício da atividade econômica, mas para o crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade como um todo.
E é pelo conjunto das marcas pessoais economicamente ativas que se alcança a máxima produtividade, especialmente na Nova Economia.
PARADOXO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A superficial percepção do valor da intervenção da oralidade na sociedade humana é um fenômeno universal, em virtude da carência de conhecimento sobre o tema, entre outros fatores pela ausência da oferta de um ensino estruturado, especialmente pela escola ocidental.
A fala é uma atividade muito mais central do que a escrita no dia a dia da maioria das pessoas. Contudo, as instituições escolares dão à fala atenção quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita. Crucial neste caso é que não se trata de uma contradição, mas de uma postura (Marcuschi, 1997).
Este distanciamento entre a perceptividade e o permanente impacto social, político, cultural e tecnológico que a oralidade promove na cena pública, é o paradoxo tratado por esta área econômica e o paradigma a ser desconstruído.
Como consequência deste diagnóstico, constata-se a superficialidade do conhecimento estruturado da oralidade. O que, por sua vez, traz como consequência, a falta significativa de consciência plena sobre e fenômeno como um todo, o que impossibilita a conquista da autonomia linguística capaz de exercer controle sobre os mais variados e diversos parâmetros desta área da linguística.
Portanto, a Economia da Oralidade tem a proposta de oferecer conhecimento consistente sobre a oralidade, capaz de gerar consciência plena e permitir administrar as variáveis e diversidades da oralidade. Esta competência pode incidir diretamente nos resultados econômicos e na geração de impacto sócio-histórico, capaz de intervir, determinar e consumar atos e fatos.
A conotação dada neste estudo para a expressão Economia da Oralidade compreende a ciência econômica da oralidade, mas corresponde também, ao uso do menor número de palavras, desde que sejam capazes de expressar eficazmente o enunciado proclamado, a mensagem desejada, seguindo a premissa disseminada na área da comunicação de que “menos é mais” e da educação de que “pouco é muito”.
Sublinhe-se na definição de Marcuschi que a oralidade se caracteriza pela diversidade de gêneros textuais e acrescente-se que o domínio desses gêneros faz parte da competência comunicativa de cada falante dentro de um espectro de realizações, de inúmeras situações de falas que se lhe apresentarão durante a vida.
Um dos obstáculos que se colocam contra o desenvolvimento pleno da habilidade oral diz respeito ao fato desabermos que a criança já fala ao chegar à escola, o que leva muitas pessoas a pensarem que ela já tem um domínio da modalidade oral.
Daí decorre um problema que é o de se confundir a “oralidade” com a “fala”, na medida em que esta, segundo Marcuschi,(2001) “seria uma forma de produção textual discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se no plano da oralidade), portanto, sem uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano”.
Não basta, portanto, que atividades de linguagem oral sejam consideradas apenas como oportunidades de interação oral com o professor e os colegas. Elas precisam ser planejadas para o desenvolvimento de habilidades de produção e recepção de textos orais frequentes em situações mais formais, que exigem preparação e estruturação adequada da fala, textos de diferentes gêneros, objetivos e interlocutores, falados ou ouvidos em função de determinadas condições de produção e determinadas situações de interação.
CONSTITUIÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade é uma área do conhecimento dedicada ao estudo da economia aplicada ao uso da oralidade com excelência e das suas implicações sociais, políticas, culturais e tecnológicas na atividade econômica.
Adotaremos o conceito de oralidade para fins da constituição desta área econômica, como uma modalidade da linguística destinada ao estudo das estruturas constitutivas da língua falada, da composição e comportamento da linguagem e da prática social do uso da fala. Incluindo-se, neste conceito, os vínculos linguísticos com o letramento e os fenômenos cognitivos do processo do pensamento e do ato leitura.
A Economia da Oralidade trata predominantemente da teorização, conceitualização e contextualização sobre um fenômeno que constatamos existe desde o princípio da humanidade, portanto, que ocorre de modo orgânico, continuado e sistemático em qualquer época, povo e cultura.
Este estudo compreende uma abordagem transdisciplinar, visando a constituição de uma unidade do conhecimento por meio da complexidade do entre, do através e do além dos elementos que perpassam as disciplinas investigadas.
Além das áreas da Economia e da Linguística com ênfase na Oralidade, estão elencados neste estudo os campos da:Acústica, Antropologia, Filosofia, Neurociência, Neurolinguística, Psicologia, Psicanálise, Hipnose, Música em especial o estudo do Canto, Fisiologia, Fonoaudiologia, Storytelling,Arte Cênica,Teologia, entre outros igualmente relevantes comoinsumo teórico e prático para viabilizar o desenvolvimento da Economia da Oralidade, dentro do propósito transdisciplinar.
A missão da Economia da Oralidade é a valoração e a valorização desta área da linguística, posicionando-a na centralidade que ela efetivamente ocupa nas relações humanas.
Para tal, utilizamos a universalidade da ciência econômica para a constituição da Economia da Oralidade, como uma área socioeconômico cultural nuclear na economia.
Entre múltiplas finalidades, ela permite a formação, a capacitação e a instrumentalização do uso pleno da fala na prática social e oferece um conhecimento organizado e estruturado como um insumo produtivo para avaliar a intervenção da oralidade na atividade econômica.
A apropriação deste conhecimento tem o propósito de gerar consciência plena sobre o fenômeno da oralidade que possibilita a aquisição do controle e da gestão sobre todos os seus parâmetros linguísticos e paralinguísticos.
Entende-se por linguístico a verbalização da língua pelo oral e pela escrita, e por paralinguístico as emissões melódicas da voz, as diversas entonações, volumes, velocidades, ritmos, pausas, alturas, amplitudes, incluindo, os sotaques.
A pragmática desta competência linguística habilita o indivíduo ganhar autonomia da sua expressividade intelectual, um pensador capaz de projetar plenamente sua voz com responsabilidade social, por meio do uso performático e comportamental da oralidade.
Ela permite capacitar o indivíduo a tornar-se um sentenciador no seu âmbito de ação, um formulador e proclamador de sentenças definidoras em contextos e circunstâncias complexas, próprias da contemporaneidade.
Parte-se da premissa que todo o dito causa mudança de comportamento e promove a alteração do consumo de bens e serviços, em níveis de gradação que vão desde uma experiência mais sutil, quase imperceptível, ao mais intenso, plenamente identificável.
A Economia da Oralidade é capaz de criar e recriar realidades, atribuir significados e resinificados às demandas dos novos contextos e circunstâncias econômicas. Isso nos permite asseverar que ela é uma área socioeconômica cultural motriz, notadamente no âmbito da Nova Economia.
A intervenção da oralidade é que gera movimento os capitais e ativos intangíveis na Nova Economia, por meio das suas principais áreas de atuação, tais como: a Economia da Informação, Economia do Conhecimento, Economia Criativa, Economia Solidária, Economia Colaborativa, Economia Comportamental.
Essa motricidade promovida pela Economia da Oralidade se dá por intermédio de todos os processos comunicativos, intercâmbios conversacionais, fluxos dialógicos, entre tantas outras competências linguísticas, mesmo que indelevelmente possuem capacidade de ativação permanente e sistemática em todos os contextos ou circunstâncias do processo produtivo incidente sobre os capitais e ativos intangíveis na Nova Economia em vários níveis de intensidade, desde uma atuação transversal, como uma intervenção direta na atividade econômica, como insumos geradores de riquezas e valores agregados.
Isto se dá a partir das relações e conexões estabelecidas entre e pelos atores de cada setor econômico com os seus respectivos interlocutores, por meio do uso pleno da linguagem, como marco notório da cultura humana.
TRANSVERSALIDADE DA ECONOMIA DA ORALIDADE NA NOVA ECONOMIA
Da Nova Economia tomaremos a Economia Criativa para dimensionar a transversalidade da Economia da Oralidade.
A Economia Criativa é o setor econômico formado pelas indústrias criativas (o conjunto de atividades econômicas relacionadas a produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários).
No livro “The Creative Economy”, o autor inglês John Howkins, no publicado no ano de 2001, conceitua que este é um setor econômico constituídos por atividades onde a criatividade e o capital intelectual são o insumo, a matéria-prima para a criação, produção e distribuição de bens e serviços.
Na conceituação da autora do projeto “Distritos Criativos” Andrea Matarazzo: “o que move a Economia Criativa é a criatividade e a inovação como matéria-prima. Ela afirma que o processo de criação é tão importante quanto o produto final, isso quer dizer que trata-se de uma cadeia produtiva baseada no conhecimento e capaz de produzir riqueza, gerar empregos e distribuir renda.”
A economista especializada em Economia Criativa, Ana Carla Fonseca Reis, traz o seguinte conceito: “A economia criativa abrange todo o ambiente de negócios que existe em torno da indústria criativa, aquela baseada em bens e serviços criativos”.
De uma forma mais oficial, complexa e abrangente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) defende que “Economia Criativa é um dos setores mais dinâmicos do comércio internacional, gera crescimento, empregos, divisas, inclusão social e desenvolvimento humano. É o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectuais como principais recursos produtivos”.
Diante de tais conceitos que se convergem, podemos ponderar detidamente a finalidade, a funcionalidade e a aplicabilidade da Economia da Oralidade. Ele envolve toda da cadeia produtivo do processo criativo que vai da produção à distribuição de bens e serviços, culminando no consumo. Por isso, da fundamentalidade do conhecimento, consciência e aplicação deste setor econômico no âmbito da Nova Economia e esse participalmente da Economia Criativa.
O conceito firmado por John Howkins mais fica evidente a pertinência da Economia da Oralidade e a premência da sua aplicabilidade estruturada, principalmente em grupo de pessoas que é a condição recorrente da Economia Criativa, por intermédios de processos comunicativos, intercâmbios conversacionais, fluxos dialógicos, viabilizadores do desenvolvimento e da potencialização dos elementos da criatividade, da inovação, do capital intelectual dos integrantes da equipe criativa.
Andrea Matarazzo enfatiza que o processo de criação é tão importante quanto o produto final na Economia Criativa. Questionamos, o que efetivamente compõe este “processo de criação”? Mesmo quando a autora afirma trata-se de uma cadeia produtiva baseada no conhecimento capaz de produzir riqueza. Refletimos que o criatividade e o conhecimento somente podem gerar benefícios ao ser exposto, compartilhado, apreendido por determinado grupo e isso esta sob o domínio da Economia da Oralidade.
Ana Carla Fonseca Reis, afirma que “A economia criativa abrange todo o ambiente de negócios …”. Como você leitor imagina a dinâmica de um ambiente de negócios, talvez de muitas maneiras, mas nunca sem a boa e indispensável conversa, por mais que avance o universo digital.
Com base do ciclo descrito pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectuais como principais recursos produtivo, podemos cravar a importância da Economia da Oralidade sob os aspectos comunicativos, relacionais, interativos em todas as etapas do processo da Economia Criativa.
Gina Paladino, economista dedicada a Economia Criativa, afirma que a Nova Economia e em especial a Economia Criativa estão baseadas em pessoas: criativas, conectadas, relacionadas entre si, senão ela não existe e só funciona como uma ligação muito forte entre pessoas, nível educacional, etc. Ela considera que a Economia da Oralidade é um insumo transversal de toda a Economia Criativa em particular e da Nova Economia como um todo, onde em todas estas dimensões tem um nível de conversação muito profundo.
Ela entende que a oralidade é um insumo transversal de toda a Economia Criativa que sem a qual ela não se realiza”. Esta gente trabalha em equipe, em grupo, em parcerias, em colaboração, no mesmo espaço física, geográfico, trocando figurinhas, experiências, como nunca houve antes na história, A estrutura hierarquia ficou pra traz, o que predomina é horizontalidade das relações, conclui.
No artigo: Economia Criativa e novos desafios do desenvolvimento, Gina Paladino destaca os segmentos mais relevantes do núcleo central da Economia Criativa, que são encontrados na maioria dos estudos, onde podemos identificar individualmente e em conjunto a transversalidade da Economia da Oralidade. Em alguns dos seus segmentos, listados por ordem alfabética, também como matéria-prima estrutural, ou seja, a Economia da Oralidade um fator existencial para determinadas atividades, entre as quais o Audiovisual:
Audiovisual (produção, desenvolvimento de conteúdo, edição, fotografia, programação, transmissão, distribuição e exibição);
Arquitetura (design e projetos de edificações, paisagens e ambientes, planejamento e conservação);
Artes Cênicas (criação artística, produção e direção de espetáculos teatrais e de dança);
Design (design gráfico, de multimídia e de móveis);
Editorial (edição de livros, jornais, revistas e conteúdo digital);
Expressões Culturais (criação de artesanato, museus, bibliotecas, folclore);
Moda (desenho de roupas, calçados e acessórios);
Música (gravação, edição e mixagem de som, criação e interpretação musical);
Publicidade (publicidade, marketing, pesquisa de mercado e organização de eventos);
Patrimônio e Artes (serviços culturais, ensino superior de artes, gastronomia, museologia e produção cultural);
Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC (desenvolvimento de software, sistemas, consultoria em TI e robótica).
Outros setores econômicos da Nova Economia também tem as implicações da Economia da Oralidade, como na Economia da Informação surgida nos anos de 1970 como um fator motriz ao promover a ativação de dados e informações pela intervenção da tecnologia da oralidade, capaz de gerar riqueza e valor agregado.
Na Economia Comportamental, a Economia da Oralidade atua em todas as suas manifestações interpessoais e intrapessoais, além do fato que sua explicitação está no âmbito do comportamento.
ESTRUTURA MATRICIAL DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade se apropria da estrutura matricial da ciência econômica como uma complexa visão filosófica usada como lente para enxergar a oralidade.
Ela contempla a oralidade sob o enfoque da Teoria Econômica, dos Setores Econômicos, da Macroeconomia e da Microeconomia, dos Agentes Econômicos, dos Recursos Escassos, dos Insumos Produtivos, do Mercado, dos Fatores Econômicos, da Teoria do Consumidor entre outros componentes econômicos.
A economia trata da administração de capitais e ativos tangíveis, as commodities, para lidar contemporaneamente com os intangíveis, especialmente a partir do surgimento da Nova Economia. Compreende-se por capitais e ativos intangíveis todas as propriedades de indivíduos e corporações que, apesar de não serem tangíveis, são possuidoras de características perfeitamente reconhecidas. Entre os quais destacamos como efetivo valor econômico intangíveis: Informação, conhecimento, valor, princípio, marca, inovação, incluindo a capacidade de comunicação e relacionamento com o mercado.
O conceito de mercado, que simplificadamente podemos definir como um ambiente de troca de bens e serviços, especialmente na pós-modernidade, está fundamentado na conectividade viabilizada permanentemente pela oralidade que se realiza nas modalidades: presencial, semipresencial e virtual, de forma síncrona ou assíncrona.
Trata-se de um campo de estudo relevante para as novas relações empresariais, produtivas e mercadológicas, necessitadas do impulso gerado pela Economia da Oralidade.
COMPONENTES NA MICROECONOMIA E MACROECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade aplica a estrutura da linguística sob os princípios econômicos para diagnosticar o grau de intervenção da oralidade no âmbito da microeconomia e da macroeconomia.
A microeconomia nos traz um cenário mais restrito, de maior pessoalidade. Quando abordamos a microeconomia, observamos que ela se refere ao estudo dos comportamentos de consumo, das famílias e das empresas, que resulta no consumo de bens e serviços tangíveis e intangíveis.
Na microeconomia ela é capaz, por exemplo, de revelar o perfil e o comportamento humano e em consequência do consumidor, entendendo por que e como as pessoas tomam decisões econômicas sob as mais variadas condições.
Já na macroeconomia, a Economia da Oralidade tem a atribuição de identificar, analisar e prever as consequências que determinados enunciados, invariavelmente proferidos por líderes, autoridades, celebridades e influenciadores sociais, entre outros que estejam expostos ou sejam alvo ocasionalmente a comunicação de massa.
A macroeconomia representa a soma de todas as transações econômicas feitas pelas diversas partes do grupo estudado, viabilizado predominantemente responsáveis pelos acordos celebrados.
Na Economia da Oralidade trataremos a macroeconomia por âmbito e abrangência de determinado evento comunicativo ou enunciado que são caracterizados pela dimensão da comunicação, seja internacional, nacional ou mesmo local no contexto da cena pública.
Refere-se ao estudo da produção de bens e serviços exclusivamente intangíveis, formação de opinião modificadora do comportamento e do consumo ideológico, filosófico, modelos mentais, entre outros e fatores da produção relacionados a estes indivíduos, famílias e empresas, como nos ensina Bacha (2004).
Pode-se considerar, para efeito de enquadramento da oralidade nesta área da economia, compreendendo o estudo dos objetos da economia enquanto ciência:
O comportamento dos agentes econômicos manifestado pela fala;
A escassez de produtos ou insumos entre os quais tempo, espaço e atenção;
O processo produtivo impulsionado pela oralidade eficaz entre os agentes econômicos no mercado;
O mercado como um espaço real ou virtual essencialmente onde se estabelecem as relações dialógicas, conversacional entre os agentes econômicos que o constituem.
RECURSOS ESCASSOS NA ECONOMIA DA ORALIDADE
O principal objeto da Economia é a satisfação das necessidades ilimitadas das pessoas e, seguramente, a oralidade é vital em toda relação humana e na escolha adequada dos usos dos recursos escassos.
Os recursos escassos desta área econômica são basicamente os fatores de produção, e são classificados em fixos ou variáveis. Entre os fatores de produção escassos fixos estão o tempo e o espaço que são elementos quantificáveis. Outro fator igualmente essencial na oralidade, são níveis de atenção, que classificamos como variáveis sobre o ato de fala.
O recurso escasso “atenção” está baseado da teoria da carga cognitiva, que descreve os fenômenos da memória de curto prazo, também nominada memória de trabalho e a memória de longo prazo, que devem ser impreterivelmente contabilizadas para viabilizar uma oralidade eficaz.
FATORES DE PRODUÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Entre os fatores de produção da oralidade, nos valemos dos fatores básicos da economia: Terra, capital e trabalho.
Adequando os fatores de produção para a perspectiva da oralidade, temos “terra” nosso aparato corporal, os aspectos fisiológicos e neurofisiológicos, o sistema fonador, considerando a capacidade perceptiva, ver, ouvir, sentir; a competência cognitiva, o processo e funcionamento mental, as características da individualidade, capacidade inerente de cada um, e assim por diante.
Contextualizamos o capital como o capital intelectual, o conhecimento adquirido por indivíduos ou grupos sociais, organizações, corporações. São os capitais e ativos intangíveis tratados pela Nova Economia.
Trabalho, neste contexto, é a oralidade em si, como fator socioeconômico: o ato de fala, a utilização do fator de produção terra e capital.
SETORES ECONÔMICOS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Quais seriam os setores econômicos: primário, secundário e terciário da Economia da Oralidade?
Utilizando-se de analogia podemos considerar para efeito desta área da economia que o setor primário da oralidade é a fala propriamente dita, o contato direto, pessoal, ocupando um mesmo tempo e espaço, estabelecendo uma interação plena, um intercambio conversacional, onde todos os ingredientes de um cenário comunicativa estão ativos.
O setor secundário da Economia da Oralidade é a linguagem oral por meio da escrita, uma modalidade mista ou mesmo midiática, utilizando recursos audiovisuais.
A oralidade no modo escrito, atualmente se dá de forma massificada nas integrações por intermédio das redes digitais.
E a terciária pela hipertextualidade que trata do uso multiforme reunindo texto, áudio, vídeo acessado por intermédia de referências específicas, no meio digital.
ANÁLISE DAS ETAPAS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Compete a Economia da Oralidade atuar na análise da produção, da distribuição e do consumo da oralidade no âmbito da micro e macroeconomia, considerando o estudo de como a sociedade administra os seus recursos escassos.
Para a análise da produção da oralidade sob a perspectiva econômica, necessita-se da estrutura da Linguística instrumentalizada com economicidade, constituída pela construção da Sintaxe, da composição do texto oral; a Fonologia e Fonética, a entonação, ritmo, velocidade, da Semântica, da Lógica, do significado da palavra e a Análise do Discurso.
A distribuição tem sido imensamente avançada pelo constante surgimento das novas tecnologias, impactando diretamente no comportamento do usuário, seja na condição de produtor ou consumidor da oralidade.
Ela pode ser presencial ou midiática que, por sua vez, pode ser síncrona ou assíncrona, entre outras tantas alternativas de distribuir e/ou de compartilhar a oralidade.
Igualmente, o consumo da oralidade tem registrados resultados históricos, ao ponto de emergir uma “Nova Era da Oralidade”.
O fenômeno ocorre em função das inúmeras opções tecnológicas que proporcionam inovadoras maneiras de recepção de conteúdos de natureza oral, seja eminentemente auditiva ou audiovisual, especialmente pela conveniência e adequação do seu consumo ao modo de vida da sociedade.
Esta área da Economia responde pela elaboração de processos, metodologias e sistemas que possibilitam gerar evidências objetivas e indicadores de desempenho coerentes com a natureza da oralidade, especialmente pelo uso da econometria.
Trata-se de uma formulação conceitual e estrutural extraída da jornada cotidiana de indivíduos, empresas ou países.
Considerando uma jornada regular que parte do despertar do sono pela manhã, os primeiros pensamentos, as interações domésticas, o acesso as mídias, sejam jornalísticas ou não. Também o deslocamento para o trabalho, o rádio transmitindo as notícias, ouvindo música ou um podcast preferido, as saudações aos colegas de trabalho, as participações em reuniões, as apresentações privadas ou públicas, entre outros tantos eventos que permanentemente estamos administrando nossa oralidade.
Ela pode ser intrapessoal ou interpessoal, permitir avaliarmos o que, por que, como, quando, onde devemos falar, se aquilo que pretendemos dizer tem a relevância para o interlocutor, se é oportuno naquele momento ou não, preparar precisamente nossas falas, meditar as consequências de determinada afirmação, tendo capacidade de previsão dos desdobramentos do que spretender dizer e assim por diante.
Os indivíduos no seu dia a dia mesmo de modo automatizado, sem uma base consistente de conhecimento e por consequência de consciência do ato de fala, nos mais diversos evento dialógicos e conversacionais cotidiano, fazem a utilização dos pressupostos preconizados pela Economia da Oralidade.
Numa reunião, seja formal ou informal, os participantes necessitam administrar os seus fluxos dialógicos de tal maneira que haja equidade entre os seus integrantes e a sua consequente eficácia nos seus resultados.
Para tal, a aplicação da Economia da Oralidade deve permitir a cada participante possa contribuir qualitativa e quantitativamente, cabendo ao responsável pela sua condução administra-la economicamente.
SEGMENTOS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Esta área econômica possui, entre outras possíveis, os seguintes segmentos:
Design: Trata-se do Design da Oralidade, da Tecnologia da Oralidade, nominada de Voice Design;
Organizacional: Aplicação da Economia da Oralidade no âmbito interno e externo para a formação da cultura oral das organizações;
Educacional: Presencial, Semipresencial e Educação à Distância;
Audiovisual: Produção de conteúdo audiovisual, compreendendo roteirização, performance, produção e edição;
Interface de Voz: Aplicada à inteligência artificial, humanização de robôs.
Análise Econômica da Oralidade: Análise das implicações da oralidade na atividade econômica.
Produção Científica da Oralidade: Elaboração de sentenças orais com capacidade de previsibilidade sobre o impacto econômico que podem causar.
O detalhamento destas áreas e suas aplicações serão tratadas na sequência, por ora exporemos duas delas e a que deu origem a constituição da Economia da Oralidade, o segmento Design e o Organizacional.
SEGMENTO DESIGN DA ECONOMIA DA ORALIDADE
O segmento Design da Economia da Oralidade é denominado de Voice Design, o design da vocalização para fins comunicativos, portanto, o design da oralidade.
A finalidade de prover a aquisição do estado pleno de consciência da oralidade, durante os contextos e circunstâncias comunicativas que permitam exercer o completo domínio sobre os atributos da tecnologia da vocalização, tais como: entonação, o ritmo, a velocidade, o volume, a frequência, o tom de grave e de agudo, entre outros recursos de fonação.
O Voice Design propõe a elaboração de planejamento para desenvolver habilidades de percepção, produção e de recepção da oralidade, que compreende a preparação e implementação oral, capaz de proporcionar à cada indivíduo alcançar a sua melhor performance, potencializar a internação entre as pessoas, oportunizar o compartilhamento das competências e experiências individuais em prol do coletivo.
O Voice Design diagnostica que a palavra falada tem grande influência na economia da corporação, pois é por meio dela que as pessoas na maior parte do tempo se comunicam.
Compreende a identificação, sistematização, estruturação e viabilização do uso da linguagem adequada a cada meio, da cultura organizacional, do âmbito relacional, do valor do sotaque regional, do alinhamento e afinamento do discurso interno e externo.
O campo de ação do Voice Design abrange identificar, planejar, elaborar, desenvolver, organizar e modelar a marca vocal de cada profissional, num sistema de sonorização capaz de transmitir plenamente a sua personalidade com repercussão direta na corporação e/ou no mercado que atua.
O objetivo do Voice Design é viabilizar a criação da marca vocal para fins profissionais, como fator de influência e na decisão de compra de produto ou serviço oferecido os seus públicos, transmitindo significado e construindo o patrimônio da marca vocal organizacional nos pontos de contato com seus públicos e para melhoraria nos relacionamentos.
São as marcas vocais profissionais com potencial de representarem a marca vocal organizacional, devidamente identificados e reconhecidos como tal na corporação e no mercado.
São eles que emprestam sua voz para a corporação falar e ser reconhecida pelos seus públicos, tanto na sua atuação junto à organização a que estão vinculados.
Deve-se desenvolver a marca vocal de cada profissional sintomatizada e harmonizada com as características da linguagem da corporação para dar personalidade à marca da voz organizacional, visando garantir maior precisão, autenticidade e embatia.
São características objetivas e subjetivas que farão os consumidores se identificarem com o produto ou o serviço oferecido pela corporação através da influência da marca vocal em todos os pontos de contato com os seus públicos, gerando experiência e relacionamento com a marca.
Nesse contexto, o Voice Design surge como um processo pertinente para alinhar as várias manifestações da marca, criando uma identidade vocal organizacional.
Trata-se de uma área que tem por escopo fornecer e desenvolver estratégias para a marca vocal nas áreas da comunicação interna, institucional, formativa (como cursos, ensino à distância e treinamentos), comercial (ações na área de vendas), marketing de relacionamento, edição de conteúdos de palestras, conferências e pronunciamentos.
Perto de atingirmos a primeira década do Século 21, é fundamental que os gestores entendam seus papéis de comunicadores, implantando a logística adequada a esta atividade;
A qualidade nos discursos comunicativos favorece o entendimento. Efetuar ajustes de tons, sintetizar o conteúdo, contextualizar, equacionar voz para cada ambiente e adequar o vocabulário ao público ouvinte com o entusiasmo necessário é tarefa do Voice Design.
Esta tarefa desenvolvida por todos os gestores na organização pode agregar a colaboração do profissional de comunicação, socializador de conteúdo e conhecimento, buscando na oralidade a melhor forma de se estabelecer uma comunicação corporativa eficiente e eficaz, pois a História tem provado que, em comunicação, nada substitui a força da voz humana.
SEGMENTO ORGANIZACIONAL DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade no âmbito organizacional compreende a implementação e a realização de diagnósticos dos fluxos dialógicos, dos contextos e circunstâncias conversacionais, dos ritos e rituais de interação, das temáticas de interesse profissionais, da implantação dos processos midiáticos e das práticas comunicacionais.
O processo consiste da elaboração, gestão e produção da oralidade, adequado à necessidade específica da organização. A elaboração do diagnóstico para o planejamento do Voice Design se dá pela análise da interação entre os integrantes de determinada organização, através de suas sugestões, ideais e opiniões, obedecendo a horizontalidade das relações, sem afetar o princípio da hierarquia.
Objetiva-se identificar a as características especifica da cultura do ambiente corporativo, as expressões chave com as suas respectivas conotações e denotações, bem como os bordões, os jargões e os uso de figuras de linguagem, além de outros recursos linguísticos.
Parte-se da elaboração de um inventário de todas as marcas vocais profissional, minuciosamente identificada por cada um na sua jornada cotidiana, bem como em contextos e circunstâncias especiais e específicas.
Isso ocorre a partir de uma metodologia integrada de comunicação que pode compreender a adoção de recursos de TI aplicados no ambiente e no âmbito corporativo, através da gestão de processos específicos.
Visa-se construir uma dinâmica que integra o relacionamento organizacional em todos os seus níveis ou ao mercado que o profissional está inserido, transformando-se numa relação biunívoca de informações, capacitação e conhecimento, promovida pela oralidade.
Objetivos:
Formar os profissionais vinculados a uma organização e/ou que atuam de determinado mercado; Esta capacitação é profissional da sua oralidade estruturada é uma competência distintiva, um diferencial significativo e uma condição geradora de excepcionais resultados, principalmente quanto a produtividade pela via da comunicação eficaz.
Ampliar a dimensão da marca vocal do profissional e por extensão da organização ou do mercado a que pertence; A conquista da marca vocal é uma etapa indispensável para a marca pessoal, tanto no âmbito do profissional e da organização voltada ao mercado onde está inserido.
Promover consciência plena durante ato comunicativo e do processo comunicacional; O desafio compreende estar plenamente perceptivo de todo o cenário envolvendo o momento da comunicação, de todos os seus aspectos, como as características físicas do local, altura do pé direito, espaço, ventilação, luminosidade, disposição do mobiliário, como mesas, cadeiras, estandes, armários e outros, objetos de decoração e/ou significados.
Planejar a estratégia da comunicação oral; O planejamento é estratégico para uma oralidade não somente eficaz e eficiente, mas sentenciadora, definidora da realidade. Estabelecer um processo de educação continuidade da oralidade compreendendo uma seleção de sentenças próprias orienta de reflexão, de pensamentos sábios, de provérbios, de ditos populares, que oportunamente podem ser usadas.
Priorizar a ação sobre a atenção no ouvinte; A atenção que nos é dada é deve ser aproveitada com extremada responsabilidade. Acima de qualquer fator, a atenção é prioridade nas interações humanas.
Entender o papel de comunicador do profissional; Entender a função da comunicação e do papel do comunicador é fundamental, principalmente pra a atuação do exercício de líder no âmbito organizacional.
Qualificar o discurso organizacional ou do mercado, a linguagem do meio;
Ganhar assertividade na comunicação;
Criar pontes relacionais que promova resultados efetivos e afetivos entre os profissionais;
Implantar ações planejadas para promover o relacionamento interpessoal em todos os seus níveis;
Aplicar recursos de TI e Telecom que disponibilize meios e ambientes virtuais e reais de integração entre os funcionários;
Promover a sociabilidade organizacional. que gere melhoria nos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho;
Estimular oportunidades de diálogo que gere comprometimento e potencializar a produtividade;
Conceber a elaboração, gestão e produção de mensagens adequadas à necessidade específica de cada ação comunicacional;
Considerar objetividade ao usar uma linguagem direta, coloquial e conhecida do meio, oportunizando a interação do corpo funcional;
Engajar das pessoas nas políticas estratégicas da organização;
Capacitar os diversos escalas de lideranças, enquanto agentes de comunicação;
Ampla experiência em start up da área de comunicação interna em empresas: diagnóstico, planejamento estratégico, tático, definição de políticas, processos, canais e indicadores.
Plano de Ação para fins Organizacionais:
Realizar entrevistas que revelem os aspectos voltados a pessoa do funcionários, quanto a percepção sobre as funções que realiza, o contexto que está inserido e os interesses pessoais e profissionais;
O campo de ação do Voice design compete criar, planejar, elaborar, desenvolver, organizar e modelar a voz, como instância efetiva do processo comunicacional, num sistema de sonorização vocal capaz de atribuir diversas funcionalidades;
Estabelecer critérios para identificar os servidores alvo de entrevistas, considerando o perfil de cada integrante, o setor em que está lotado, as funções que desempenha e a disponibilidade em participar;
Determinar o tempo máximo de duração de cada entrevista, preservando a fluência e a coloquialidade das perguntas e respostas que gerem um produto final atrativo.
Fases:
Estabelecimento de critérios de abordagem de entrevistas;
Cronograma de entrevistas;
Realização de entrevistas;
Produção e edição dos conteúdos;
Definição das estratégias e dos meios de comunicação;
Veiculação e alternativas de disponibilidade das entrevistas para os seus públicos;
Acompanhamento e análise a partir dos resultados auferidos junto aos entrevistados;
Identificação dos grupos de interesse;
Organização de encontros por grupo de interesse;
Promoção de eventos gerais;
Análise dos dados e elaboração de relatório sintético.
Formato de Interação:
Grupos de Interesse:
Dinâmicas de grupo, atentando as característica de cada área de interesse, visando fomentar o debate entre os participantes, capaz de gerar identidade coletiva entre participantes;
Roda de Conversa:
Atividade voltada ao compartilhamento de experiências sobre um tema definido pelo mediador do evento;
Volta na Quadra:
Formação de grupos de dois a quatro participantes com a finalidade de tratar de assuntos definidos entre as partes;
Escuta fina:
Atividades prática envolvendo exercícios de aprimoramento da escuta, capaz de gerar uma fala assertiva, consistente e de elevado grau de comunicabilidade;
Roda de leitura:
Leitura realizada em grupo, onde os participantes aleatoriamente faz comentários, observações pertinentes e mesmo contextualizando sua realidade;
Por dentro de mim:
Trata de uma atividade voltada a comunicação intrapessoal, onde o participante busca a entender melhor do seu mundo interior, entre outros exercício, a realização de um inventário das suas palavras, reveladora das sua realidade, e identificar qual o modo de tratamento consigo mesmo.
Dinâmicas
Identificar e registrar os contextos e circunstancias de cada participante na sua comunicação intrapessoal, verificando os temas predominantes, o modo do tratamento e de relacionamento consigo mesmo
dentificar e registrar os contextos e circunstancias vivenciadas, a partir da primeira infância, sobre o que tenha sido dito em determinados momentos e que ativamente permanece repercutindo na existência do indivíduo;
Identificar e mensurar o grau de capacidade de ouvir através da formação de duplas em que um dos participantes conta uma breve história para outro e este narra ao seu modo o que entendeu, o que será validado pelo contador da historia;
Momento e estabelecer um diálogo entre os participantes, constituído de momentos de exposição de pensamentos breves seguidos de breves pausas, silêncios externo e principalmente interno com o propósito de possibilitar o exercício da exata compreensão do que foi dito e aumentar a capacidade de retenção do conhecimento.
Estabelecer relacionamentos convergentes para cumprir objetivos é a proposta desta dinâmica de comunicação oral.
Resultados almejados
Acentuar o sentimento de pertencer a uma organização de boa história e de imagem atual;
Valorização de cada colaborador da empresa;
Intercomunicação nos diversos setores/departamentos, para ampla expressão de todos os colaboradores;
Minimizar os potenciais prejuízos causados pelo chamado “Rádio Corredor”;
Cria identificações para filtrar a validade dos produtos e/ou serviços que são destinados ao mercado;
Promove a transparência na gestão e estabelece a informação oficial.
Benefícios:
Valorização de cada colaborador da corporação, acentuando o sentimento de pertencer a uma organização de boa história e de imagem atual;
Intercomunicação nos diversos setores/departamentos, para potencializar a produtividade e ampliar uma visão holística de todos colaboradores;
Oportunizar a participação dos colaboradores, motivando o compromisso com os resultados da corporação;
Minimizar os potenciais prejuízos causados pelo chamado “rádio corredor”;
Promover a transparência e sustentabilidade na gestão e estabelecendo a M em todos os níveis da organização, a partir da formação de grupos de interesse;
Fortalecer a cultura organizacional, considerando a importância da comunicação interna informal.
AQUISIÇÃO E USO DA ORALIDADE NA NOVA ECONOMIA
A Economia da Oralidade diagnostica que as transformações geradas pela Nova Economia propiciaram uma “Nova Era da Oralidade”, resgatando e ampliando a autêntica e insuperável forma de o homem se comunicar.
A capacidade de produzir mais, usando menos fatores de produção, é um princípio econômico também para a oralidade, o que, na prática, significa aumentar a produtividade nos processos de fala e no desempenho da economia como um todo.
Entre os grandes desafios a serem solucionados pela Economia da Oralidade está na busca de resolver ou minimizar o significativo prejuízo causado nas organizações por intermédio da carência de clareza nas comunicações entre seus integrantes.
Numa organização invariavelmente os ruídos causados pela imensa troca de comunicação escrita é imensurável, geralmente por textos que reproduzem a fala, o que na linguística nomina-se a editoração da fala.
Não se tem com exatidão quantificação dos desperdícios gerados pela comunicação interna ou externa nas organizações, por exemplo, por intermédios de textos escritos enviados por e-mail, correio eletrônico.Entre os fatores causadores do baixo desempenho comunicativo nas organizações, está na constatação da carência de domínio linguístico do emissor e do receptor da mensagem, proporcionando a falta de clareza na comunicação o que, simplificadamente, entre outras consequência, a perda imensa de produtividade.
A escassez de uma comunicação eficaz e eficiente é um fenômeno que está afeto à escrita, tratada como editoração da fala e da fala em si.
No processamento cerebral a oralidade produzida pela voz do emissor exige do receptor, do ouvinte uma decodificação só, transformando a palavra dita em entendimento cerebral. Na palavra escrita durante o ato da leitura, por exemplo, há uma dupla decodificação que parte da área visual para a área auditiva cérebro, tendo que transformar aqueles hieróglifos, aqueles sinais gráficos do alfabeto em sinais sonoros.
Considera-se que a oralidade é mais eficaz para expressar exatamente o que a gente sente, principalmente em relação ao sentimento, por conter a exata dimensão do que se quer comunicar, o que aplicada eficazmente nas organizações podem gerar resultados econômicos surpreendentes.
Recebemos informações auditivas por intermédio dos ouvidos, mas também pela pele, pelos ossos e por todo corpo, a partir da medula central que recepciona as vibrações físicas do som que tem natureza mecânica, num fenômeno chamado de áudio-tátil. Elas podem ser notas musicais, palavras cantadas e a palavra falada, mesmo que sutilmente, alteram a nossa respiração, nossa pulsação, a pressão sanguínea, a tensão muscular, a temperatura da pele e outros ritmos internos, e promove a liberação de endorfina.
Outro aspecto interessante é que a nossa audição normalmente se torna mais aguda quando não temos pistas visuais que são preenchidas pela imaginação, lacunas preenchidas pelo imaginário.
É fundamental no universo digital que tudo que é escrito exige atenção exclusiva, numa época em que as pessoas têm cada vez menos tempo, a voz, o som, a oralidade pode ser consumida enquanto desenvolvemos outras tarefas. Podemos ouvir enquanto estamos dirigindo, muitas vezes preso no trânsito, e assim por diante, ao passo quando temos que ler alguma coisa, temos que separar um tempo exclusivo para a leitura.
Por isso, a tendência no universo digital é cada vez mais a gente se valer da oralidade, tanto para consumir informação ou entretenimento como para emitirmos as mensagens em nosso dia a dia, com o tempo cada vez mais escasso.
Walter Longo afirma: Podemos concluir que isto é que dá a oralidade num enorme poder de comunicação, quanto mais for digital o mundo. Ele arremata: A comunicação por escrito é como fazer sexo e a comunicação falada é como fazer amor. Há um nível de envolvimento, de engajamento emocional que se percebe na oralidade que fica muito difícil ser percebida na escrita. Então se a gente quer expressar exatamente o que a gente sente, falando é sempre muito mais fácil transmitirmos a mensagem, principalmente em relação ao sentimento, conclui.
A oralidade gera aproximação, já que o emissor está presente no ato comunicacional, representado pela sua voz. Promove a facilidade de compreensão da mensagem, por conter a exata dimensão do que se quer comunicar, pode ser aplicada a mensagem falada nas diversas mídias digitais e nas convencionais.
Outro conceito sobre a palavra falada é que a nossa audição normalmente se torna mais aguda quando não temos pistas visuais que são preenchidas pela imaginação, lacunas preenchidas pelo imaginário.
GERAÇÃO DE VALOR DA ECONOMIA DA ORALIDADE
O homem transmite ideias, sentimentos que são manifestados essencialmente por meio da fala, utilizando-se da voz que é um bem natural, mas a oralidade não é inata, é um bem sócio-cultural que se viabiliza por intermédio das interações sociais, portanto, uma tecnologia alvo de aprendizagem.
A Economia da Oralidade tem grande influência na maneira como vivemos.É por meio dela que as pessoas se comunicam com o mundo externo. É através do planejamento da fala apurado que estabelecemos os nossos pontos de contato com o mercado.
Planejar a oralidade é essencial para cada demanda comunicativa que por sua vez é fundamental para a realização dos propósitos econômicos. É indispensável um plano de fala, pensar antes de falar, planejar e projetar nossas falas, considerando o que produzir, como produzir, para quem produzir, quando produzir, onde produzir.
Com isso, evita-se o conflito e o ruído e semeando informação, diálogo e relacionamento humano saudável, por isso, o uso da tecnologia da oralidade é uma questão econômica e de qualidade de vida, uma competência essencial na pós-modernidade.
Propõe-se a elaboração de planejamento dedicado à produção da oralidade, que compreende a preparação, ensaio e implementação, capaz de proporcionar ao praticante alcançar a sua meta estabelecida.
E fundamental criar-se consciência que leve a efetivas atitudes dos empreendedores e investidores criativos de se tornarem atores, caracterizados pela capacidade dramatúrgica, e “motores” dos seus empreendimentos criativos.
A oralidade é um atributo humano que não será substituído por nenhuma tecnologia, mesmo com o avanço da inteligência artificial. Ela é um fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos, com plena repercussão no econômico.
A viabilização do uso da linguagem oral em cada meio social compreende identificar a cultura do grupo social para definir o alinhamento e o afinamento da oralidade, considerando os objetos de linguagem do público alvo da comunicação, a melódica vocal – a prosódia, sotaque regional, os aspectos performáticos e comportamentais orais.
Por ser uma atividade econômica nuclear, negligenciar a oralidade é gerar desperdício de uma riqueza superlativa da humanidade.
Sem linguagem não há acesso à realidade. Sem linguagem não há pensamento.
Ferdinand Saussure, que é chamado o pai da linguística moderna, insistia na superioridade do discurso oral, e entendia a escrita como um complemento desse discurso.
A partir daí muitos estudos foram desenvolvidos sobre fonêmica, que é a área científica que se ocupa do som das palavras. A palavra é um símbolo que expressa uma ideia, elas carregam o poder criativo ou destrutivo. A fonte da palavra é o pensamento que ao ser expresso se materializa. A língua dispara e verbaliza o pensamento que está intrinsecamente vinculado com a mente que, por sua vez, está relacionado com os sentimentos e com as atitudes.
Toda comunicação se faz na interação, é impossível pensar em palavras, linguagem, sem ser na interação com o outro. As palavras possuem seus significados, não sendo o mesmo para todas as pessoas, o sentido se dá a partir da interação do sujeito como seu interlocutor nos diferentes discursos. (BAKHTIN, apud AUGUSTO, 2011).
A aquisição da língua não é um processo apenas natural, para aprender a falar é preciso compreender a linguagem. (VIGOTSKI, 1984, p. 53).
A Economia da Oralidade por meio de princípios, processos e métodos da econometria nos ensina que para a celebração de um negócio corre grande risco de ser consumado se o negociador não for preciso nas palavras e suas entonações adequadas, adicionando ou suprimindo algumas poucas palavras a mais ou a menos.
Regra de ouro da economia da Oralidade: “Não fale mais do que efetivamente você sabe” e outra: “poupe pelo menos 10% de tudo o que você pode dizer”.
CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DA ORALIDADE
Mas será que nós temos consciência da dimensão da oralidade e como ela está permanentemente presente no nosso dia a dia e como ela determina nossa realidade, incluindo a econômica?
A oralidade é a origem da comunicação e a responsável pela formação da linguagem. Não é apenas uma das formas de comunicação, ela é a essência da existência humana. Ela está presente em nossas vidas antes mesmo de nascermos.
No livro ‘O Efeito Mozart’ de autoria de Dom Campbell relata as experiências do Dr. Alfred Tomatis, M.D., médico francês, dedicado a pesquisas da audição humana que ele descobriu que a voz da mãe serve como cordão umbilical sônico para o bebê em desenvolvimento e também como fonte primal de estímulo.
Tomatis afirma que o feto é capaz de escutar. O ouvido é o primeiro “órgão” a se desenvolver no embrião, ou seja, o que a futuro mamãe ouve, sejam as suas músicas preferidas, as conversas ou mais outros sons são ouvidas também pelo futuro bebê que está funcional a partir de quatro meses e meio de gestação, interferem nas características dele que começa a manifestar já nos primeiros meses de vida. Ele sentencia que “a nutrição vocal que a mãe provê é tão importante como o seu leite para o desenvolvimento da criança”.
O primeiro choro é que marca o início da vida. Antes de darmos os primeiros passos já pronunciamos os primeiros sons articulados. A criança passa a aprende desde bebê que a voz é o instrumento básico para o relacionamento com o mundo. A voz, de muitas maneiras, é a função do corpo que mais se expõe e o que mais nos expõe. Nossa individualidade, nossas particularidades, nossa alma. Os batimentos cardíacos estão particularmente sintonizados com sons que determinam a musicalidade de todo o corpo, enquanto a base da voz é a respiração. Aspiramos o ar, o levamos de nossos pulmões até as profundezas das células e o devolvemos ao mundo.
Do grego a palavra respiração tem sua origem na palavra espírito, que quer dizer fôlego. A palavra hebraica ruach significa não só espírito do gênesis flutuante sobre a terra, o espírito de Deus pairava – vibrava sobre os elementos, mas também o hálito de Deus.
Se aprender a falar é o primeiro passo, a aprender a ouvir é o segundo passo e com certeza uma das questões centrais no desenvolvimento humano. Ao ouvir aprendemos mais a pensar do que falar. O começo do bem viver é bem ouvir.
Alfred Tomaris afirma: “Quanto mais estudo audição, mais convencido fico de aqueles que sabem ouvir constituem as exceções”.
Usamos palavras o tempo todo e nem sempre pensamos no que dizemos e como falamos. Ela tanto pode aproximar como afastar; tanto pode oprimir como libertar; tanto pode promover a vida como matar. Determinadas palavras ditas em determinados contextos, podem matar a pessoa a quem está sendo dirigida, os sonhos dela, suas aspirações, seu futuro, sua vida.
Tudo o que dizemos repercute positiva ou negativamente. Somos responsáveis pelas afirmações ou negações que proferimos. As palavras carregam o poder criativo ou destrutivo. A fonte da palavra é o pensamento. A língua dispara e verbaliza o pensamento.
A palavra é um símbolo que expressa uma idé ia, e está intrinsecamente relacionada com nossa mente. A mente, por sua vez, está relacionada diretamente com nosso corpo, com nossos sentimentos, com nossas atitudes e com nossas ações.
A palavra também está diretamente relacionada à capacidade de realização pessoal. Aquilo que acreditamos em nossas vidas é formulada por frases que adotamos como verdade. Tais frases, também conhecidas por crenças, moldam a realidade à nossa volta. Uma das maneiras de aumentar o poder de realização pessoal é alinhar a sua palavra com suas atitudes e ações.
Uma forma de (re)fortalecer o poder de sua palavra é começar primeiro a perceber o que você diz à si mesmo e às pessoas. Alinhar aquilo que você fala com o que você faz é começar com pequenas coisas.
Por exemplo, ao marcar compromissos, por mais triviais que possam parecer, cumpra-os. Se você for solicitado a ir ou fazer algo que não tem tanta certeza que quer ou pode cumprir, peça um tempo para refletir e responder com mais calma. Com a prática, o hábito de estar presente e atento à sua mente, seu corpo, seus sentimentos e suas atitudes, será tão natural que tudo aquilo que expressar verbalmente ou não, terá um grande poder de realização interior e em todo o campo à sua volta.
As palavras também são sementes. Semeamos palavras e colhemos de acordo com que semeamos.
Para termos um bom relacionamento devemos realçar os atributos positivos e diminuir os negativos.
Comunicar é mais do que saber falar. Falar bem não significa comunicar-se bem. Não basta saber falar é preciso se comunicar.
O órgão principal da boa comunicação não é a boca, mas o coração. Porque a boca fala o que está cheio no coração. (Mateus 12.34)
Seja tardia para falar, pronto para ouvir e tardia para se irar, (Tiago 1.19)
Todos nós sempre cometemos erros. Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo. (Tiago 3.2)
Seria importante fazermos um inventário do que falamos.
A filosofa e poeta Viviane Mosé afirma que a poesia é uma moldura vazada aonde a vida entra. O homem pensa e cria com as letras as palavras A palavra em si é vazia, quem a preenche é nossa experiência de vida.
Ela afirma que quando me comunico, eu mando a palavra cheia pra quem me ouve e a medida que ela vai chegando ela vai se esvaziando e quando o ouvinte a recebe, ele a preenche dando o seu sentido para aquela palavra.
Este é a dificuldade do processo de comunicação, eu digo uma palavra e o meu ouvinte recebe outra.
É preciso ser modesto e termos consciência que o que eu digo não é exatamente o que o meu ouvinte está entendendo, e o contrário obviamente, é necessário traduzir o que está sendo dito,
Por isso não é preciso usar a palavra ao pé da letra
Recursos usados para fins de prova judicial como a escuta telefônica, gravações de voz secreta estão atestam a amplitude do poder de identificação da voz.
Por isso acreditamos que esta é a principal razão das pesquisas revelarem que o maior medo da maioria das pessoas é de falar em público, superando o medo de altura.
Uma pesquisa feita pelo jornal inglês Sun Day Times com três mil americanos.
A pergunta era. Qual o seu pior medo? 41% disseram que era falar em público e 32% têm mais medo de altura.
A palavra apropriada falada nos momentos oportunos é de imensurável proveito.
O apostilo Paulo escreveu na carta aos Coríntios. Na primeira carta, capítulo 13:
Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino.
Por isso é essencial termos consciência não só da necessidade de nos comunicarmos bem e melhor, mas prioritariamente focarmos todo nosso empenho exclusivamente para o proveito do outro, do nosso ouvinte.
Considerando os nossos públicos, os contextos e os propósitos ao expormos nossos conhecimentos e pensamentos, proporcionando benefícios aos nossos ouvintes.
Consequências de problemas da fala nas relações humanas são vitais, principalmente no exercício de liderança, a exemplo do filme ganhador do Oscar (O Discurso do Rei), onde toda uma nação dependia da voz, da fala do rei.
Se não tivermos o que dizer, é preferível usar o maravilhoso recurso do silêncio que aliás é um tema que merece uma abordagem especial. O silêncio faz parte central da fala que é constituída de sons e pausas, graves e agudos, ritmos e entonações. Nele é que encontramos as entrelinhas, o sentimento da mensagem, para fazer com que as falas e escutas se acomodem. É por causa desse momento breve, em que uma voz cala e outra aparece é que a palavra ganha significado e beleza.
A maioria das pessoas imagina que o importante no diálogo é a palavra. Engano, e repito: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão. Nelson Rodrigues
Acerte o ritmo, os silêncios em uma fala – em outras palavras as pausas – são tão importantes para a comunicação do conteúdo quanto às palavras ditas, uma vez que elas dão a pontuação ao ouvido.
Apenas 3 minutos de silêncio por dia são suficientes para limpar, ressetar os nossos ouvidos.
ATO DE LEITURA NA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade se interpõe como uma área socioeconômica motriz essencialmente pelo argumento que o ato de leitura implica na intervenção do campo da oralidade.
O ato de leitura implica num processo cognitivo de uma dupla decodificação cerebral.
Segundo estudos científicos de alta complexidade, entre as quais destacamos abordagens na área da neurociência que descreve o processo cognitivo do ato da leitura, bem como da sua aprendizagem.
Parte-se inicialmente da ativação da área visual do cérebro para a sua área auditiva, gerando com isso a cognição com e as suas consequentes sinapses através da relação do texto e seu autor com o leitor.
Estas áreas visual e auditiva estão associadas aos processos de decodificação da palavra durante o ato de leitura em seus menores segmentos, que são as letras, as quais são correlacionadas com os respectivos sons.
Após a visualização da palavra “BOLA” pelas regiões occipitais, por exemplo, os quatro símbolos alfabéticos são “analisados” na região temporo-parietal a qual efetua a correlação dos sons “be + o + ele + a, com as suas letras correspondentes.
Na área responsável pelo processo de decodificação fonológica e que provavelmente está associação à formação da estrutura sonora, por meio da movimentação dos lábios, língua e aparelho vocal. (Price, 2000; Price et al., 1996; Shaywitz et al., 2002).
Além de entendermos que o ato de leitura se dá com a intervenção da oralidade, mesmo que sem o uso das cordas vocais, há também o hábito de se balbuciar os lábios para ajudar na compreensão do texto escrito, o que caracteriza com mais evidente ainda a presença da oralidade no processo, isto sem se referir, evidentemente, na leitura em voz alta.
Portanto, considera-se essencial valorar a intervenção da oralidade em todos estes segmentos da Nova Economia, acentuando a fundamentalidade de uma perspectiva mais concreta e precisa sobre uma área econômica que trata da competência de expressão do pensamento projetado da forma de voz, assim como pela leitura silenciosa, a voz silente, transformada em pensamento.
IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE
A coordenadora do estudo e pesquisadora do Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah, afirma que a leitura aumenta as respostas à linguagem falada no córtex auditivo, em uma área relacionada à codificação dos fonemas.
Quem sabe escrever amplia os limites do tratamento de linguagem, antes restrito à modalidade auditiva. A conexão entre fala e escrita aumenta a capacidade de comunicação, com benefícios muito maiores do que ainda a ciência pode medir.
Aprender a ler aumenta os estímulos visuais — inclusive na área visual primária do córtex, responsável por perceber fatores como cor, profundidade e distância.
Quem sabe ler e escrever distingue jogos de linguagem que passam despercebidos pelos analfabetos, como a supressão de fonemas em uma palavra.
O estudo da oralidade é uma questão de extrema importância no processo de interação verbal, neste sentido é falso dizer que a oralidade privilegia apenas a espontaneidade, o relaxamento, a falta de planejamento, e até o descuido em relação às normas da língua padrão.
Para uma oralidade eficiente, precisa seguir normas e padrões necessários para seu uso e verdadeiro entendimento, potencializado pelo constante ato da leitura.
Os estudiosos recentes passaram a encarar de um modo diferente o significado da oralidade, os contrastes e as proximidades entre este tipo de expressão e a escrita.
A linguagem é tão predominantemente oral, que dentre as milhares de línguas que existiram, apenas cerca de 106 possuíam escrita suficientemente desenvolvida para produzir literatura.
Das 3 mil línguas hoje faladas, somente 78, aproximadamente, têm, de fato, uma literatura.
Quem usa uma língua escrita – o inglês, por exemplo – tem à sua disposição um vocabulário de pelo menos um milhão e meio de palavras, enquanto que uma língua exclusivamente oral não oferecerá ao falante mais do que alguns milhares. Entretanto, todos os textos escritos estão direta ou indiretamente relacionados ao universo do som.
Os estudos da linguística tratam contemporaneamente da teoria da continuidade que afirma existir níveis de gradação entre as duas modalidades, a oralidade e o letramento e não são modos dicotômicos, como se concebia anteriormente.
Oralidade e letramento são duas modalidades do uso da língua que somente pode ser compreendida integralmente, se ambas foram estudadas com a devida cientificidade e não somente uma delas.
A linguista brasileira Leonor Lopes Fávero afirma que “As manifestações da língua oral e escrita são manifestações da língua, então, para se entender a língua na sua totalidade, precisa-se estudar o oral também e não só o escrito”.
Cada uma delas possuem características distintas, mas elas não se opõem entre si, nem se constituem em sistemas linguísticos independentes, muito menos são dicotômicas.
Isso acentua que a relação fala-escrita passa por um contínuo de textos orais e escritos, seja naatividade de leitura, seja na de produção de texto.
Anteriormente a 1980 se examinavam a oralidade e a escrita como opostas, predominando a noção da supremacia cognitiva da escrita dentro do que Street (1984) chamou de “paradigma da autonomia”.
Atualmente os estudos da linguística prevalecem a visão de que oralidade e letramento são além de interativas, atividades complementadoras.
A oralidade e o letramento seguem um eixo de um contínuo de textos orais e escritos, tratada pela teoria da continuidade que demonstra a existência de níveis de gradação entre os dois modos de uso da língua, num contexto sócio-histórico de práticas.
Elas dialogam entre si. Emprestam reciprocamente suas características uma para a outra, o que torna difícil em alguns casos distinguir se o texto deve ser considerado falado ou escrito.
Tanto a oralidade nutre à escrita as suas marcas, as chamadas marcas da oralidade, como a escrita alimenta a capacidade de nos expressarmos pela fala.
Cada uma delas pode ser expressa de maneira formal ou informalmente, com raciocínios concretos ou abstratos independentemente da escolha da modalidade.
Existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao pólo da fala conversacional (bilhete, carta familiar, textos de humor, por exemplo e principalmente a produção de mensagens pela internet), ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros), existindo, ainda, tipos mistos, além de muitos outros intermediários.
A produção de um telejornal, é originada de um texto escrito para ser falado pelas vozes dos seus apresentadores. Trata-se um exemplo de uma oralização da escrita, e não da língua oral.
Ou ainda, as entrevistas em revistas e jornaisque originalmente foram produzidas na forma oral, falado que são publicadas de forma escrita. Trata-se de um modo de aplicação de uma editoração dafala.
Outro exemplo é o que acontece com os atores desempenhando seus papeis no teatro, o cinema e as novelas. Esses não são gêneros orais em sua origem, massão textos escritos para depois serem interpretados oralmente.
As semelhanças e diferenças entre a oralidade e o letramento somente podem ser discernidas pelos seus usos e práticas em sociedade.
Considera-se fundamental que as línguas se fundam em usos e não em regras gramaticais, estas é que se adequam às práticas sociais e não ao contrário.
A escrita não pode ser tida como uma representação da fala, pelo fato de não reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, entre os quais a prosódia, a gestualidade, os movimentos corporais e dos olhos, entre outros.
Em contrapartida a escrita apresenta elementos significativos próprios, ausentes na oralidade, entre os quais o tamanho e tipo das letras, cores e formatos, elementos pictóricos que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representados.
Apesar de usarmos no cotidiano social muito mais a fala do que a escrita, o valor social atribuído a ela não corresponde a sua real função sócio-histórica.
Mesmo que a oralidade tenha uma “primazia cronológica” indiscutível sobre a escrita (cf. Stubbs, 1980) e pelo fato de todos os povos terem sua tradição oral e alguns apenas uma tradição escrita, isso não significa que a oralidade seja mais importante que a escrita e vice-versa.
Há algumas características distintas que diferenciam a oralidade e a escrita que nos ajudam a entende-las melhor.
A oralidade tem uma decodificação só, uma simples decodificação transformando a palavra em entendimento cerebral.
Na palavra escrita há uma dupla decodificação, tendo que transformar aqueles hieróglifos, aquele símbolo em palavra que depois são decodificadas pelo cérebro.
Na oralidade a voz é do emissor, já na escrita o leitor é quem empresta sua voz para o texto e é ele quem interpreta a emoção contida na escrita.
Há um nível de envolvimento, de engajamento emocional que se percebe na oralidade que fica muito difícil ser percebida na escrita.
Sublinhe-se na definição de Marcuschi que a oralidade se caracteriza pela diversidade de gêneros textuais e acrescente-se que o domínio desses gêneros faz parte da competência comunicativa de cada falante.
Então se quisermos expressar exatamente o que sentimos, falando é sempre muito mais fácil transmitir o que desejamos, principalmente em relação ao sentimento.
Henry Sweet, linguista inglês, dizia que as palavras não são feitas de letras, mas de sons.
Os seres humanos se comunicam de formas diversas, mas nenhuma delas é comparável à linguagem por meio do som articulado; o próprio pensamento está relacionado, de um modo muito especial, ao som.
A fala é a expressão do pensamento, afinal, “a boca fala do que está cheio o coração, (Mateus 12:34)
Usamos palavras o tempo todo e nem sempre pensamos no que dizemos e como falamos.
Ela tanto pode aproximar como afastar; tanto pode oprimir como libertar; tanto pode promover a vida como matar.
Determina palavra dita em determinado contexto, pode matar a pessoa a quem está sendo dirigida, os sonhos dela, suas aspirações, seu futuro, sua vida.
Tudo o que dizemos repercute positiva ou negativamente.
Somos responsáveis pelas afirmações ou negações que proferimos. Como ponto de partida pode tomar um raciocínio do próprio José Saramago, para quem as características de sua técnica narrativa, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras” (SARAMAGO, JOSÉ)
“Ao aprender a falar, o ser humano também aprende a pensar, na medida em que cada palavra é a revelação das experiências e valores de sua cultura. Desse ponto de vista, tem-se que o verbal influencia o nosso modo de percepção da realidade. Portanto, cabe a cada um assumir a palavra como manutenção dos valores dados ou como intervenção no mundo.” Cláudia Lukianchuki de Lacerda
A ênfase neste estudo é como devemos usar a nossa capacidade de nos comunicarmos oralmente com efetividade e com afetividade, e nem tanto como utilizamos os códigos, as regras gramaticais, estruturas constitutivas formais estudadas pela linguística.
CIRCULAÇÃO E VELOCIDADE DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A circulação de informação e de conhecimento é um fenômeno econômico gerador de riqueza e valor que se dá pelo movimento promovido pela interação entre os atores envolvidos em cada propósito e isso se materializa essencialmente pela oralidade.
Assim, como a informação é a moeda da internet, a palavra é a moeda da oralidade e a oralidade a moeda da Nova Economia.
Pondera-se que estas áreas econômicas integrantes da Nova Economia adquirem sentido, alcançam objetivos e cumprem propósitos, cada uma de acordo com suas singularidades, entre outros fatores geradores de riqueza e de valor agregado, a capacitada socioeconômica motriz da Economia da Oralidade.
Apesar do fenômeno ser pouco perceptível, a informação, o conhecimento, a criatividade, comportamento, cada qual enquadrada na sua área econômica específica e nas suas relações convergentes e congruentes, são basicamente mobilizadas por meio dos fluxos dialógicos, intercâmbios conversacionais, pela boa conversa.
Para contextualizar e clarificar a argumentação. Um conjunto de informações sejam registradas numa publicação, sejam armazenadas num meio digital, somente adquirirem utilidade ao serem ativadas por meio do ato da leitura, da decodificação das informações para serem trabalhadas, deixando o estado de inércia que é quando os dados estão apenas armazenados, sem uso naquele momento. Assim como quanto maior for a circulação de moeda maior será a saúde econômica, assim também se dá quanto a circulação da oralidade eficaz.
Quanto mais diálogos e conversar representativas de valor, maior será a saúde socioeconômica.
A Teoria Quantitativa da Moeda conceitua que o nível dos preços é determinado pela quantidade de moeda em circulação e pela sua velocidade de circulação. (Wikipédia)
Assim podemos parafrasear este conceito, dizendo: Que o nível dos valores da oralidade é determinado pela quantidade e pela velocidade de circulação de palavras assertivas para cada contexto e circunstância.
Quanto maior for a circulação de moeda maior será a saúde econômica, assim também se dá quanto a circulação da oralidade.
Quanto mais deixamos de investir na circulação de moedas, aguardando-as nos “cofrinhos”, ou mesmo apostarmos no mercado de capitais, menor será a produção de bens e serviços, sejam tangíveis ou intangíveis, menor será o desenvolvimento econômico efetivo.
Assim também se retivermos a circulação pela Economia da Oralidade por meio da informação, conhecimento, criatividade, entre outras área especialmente da Nova Economia, maior será a emissão de mensagens sofistas, mentiras com aparência de verdade, notícias falsas, o que correspondem as moedas falsas, causadores de imensuráveis damos a economia, menor será também o avanço econômico.
INCENTIVO NA ECONOMIA DA ORALIDADE
Alerta-se que a teoria que corresponde à Economia da Oralidade está apenas nascendo, mas é possível antever que a tamanha que vai ocupar é de difícil mensuração.
Como ciência da economia é, a princípio, um conjunto de ferramentas e não uma matéria em si, nenhum tema, por mais alheio que lhe pareça, deve ser considerado fora do seu alcance, conforme afirma Steven D. Levitt em seu livro FREAKONOMICS.
Com base na afirmação de que economia é o estudo dos incentivos, ou seja, como os indivíduos conseguem o que desejam, ou aquilo de que necessitam, considerando também quando outras pessoas desejam o mesmo ou necessitam dela.
Um incentivo é um objeto de desejo tangível ou intangível, uma chave que abre o baú de tesouro do pensamento, uma mola propulsora e impulsionadora da Nova Economia viabilizada pela oralidade, especialmente pelo poder semântico da pela palavra-chave, capaz de transformar contextos e circunstâncias socioeconômicas.
As informações, o conhecimento, a criatividade, os aspectos comportamentais, colaboratividade e assim por diante, são mobilizados pelo exercício dialógico, da conversação, da troca de informações e conhecimentos, geradores eficazes e eficientes de incentivos necessário ao crescimento econômico.
Neste sentido a oralidade cumpre integralmente este propósito de persuadir os ouvintes a fazer aquilo que o orador está afirmando.
Isto se dá invariavelmente através de um dos seus segmento mais nobres da oralidade, a oratória, entendida como a arte da persuasão.
Incentivos são meios para estimular as pessoas desejem realizar tarefas que beneficiem a si mesmas e à sociedade, minimizando fazer o que aquilo que não tem valor econômico.
A Economia da Oralidade trata, entre outras múltiplos aspectos e cenários, as relações humanas no âmbito socioeconômico em geral e particularmente o que chamamos de negócio gerado pelo propósito principal da troca de valor, entre as partes envolvidas.
Um dos principais objetivos da Economia da Oralidade por intermédio do Design da Oralidadeé projetar a Marca Vocal Corporativa, como fator de influência para incentivar a decisão de compra de produto ou serviço oferecido os seus públicos.
Todo o incentivo é um inerentemente uma compensação; o segredo é equilibrar os extremos.
Ela deve identificar seus pontos de contato que sirva para melhorar os relacionamentos, construir significado e agregar a Marca Vocal Corporativa sintomatizada e harmonizada com as características linguísticas da corporação para lhe dar personalidade, visando garantir maior precisão, autenticidade e embatia com os seus públicos.
ASSIMETRIA DA INFORMAÇÃO NA ECONOMIA DA ORALIDADE
O consumidor procura um especialista por entender que ele tem informações necessárias sobre aquilo que precisa para resolver o seu problema.
É comum que um especialista numa relação profissional tenha mais informação qualificadas do que o demandante.
Na linguagem dos economistas isso é definido como assimetria das informações.
Considera-se que em especialista ou alguém saiba mais do que outro, geralmente o demandante, o consumidor.
Com o surgimento da internet a diferença entre o especialista detentor das informações e o demandante tem diminuído significativamente.
A internet de uma maneira revolucionária e extremamente eficiente de transferir informações de quem as possui para quem necessitas delas, reduzindo de consideravelmente a diferença entre o especialista e o leigo.
Com as mais variadas plataformas digitais o leigo pode imediatamente confrontas a assimetria das informações que é quando o especialista usa sua condições de possuir de informações para que o leigo necessitado dele.
Imaginemos um professor em sala de aula venha dispor suas informações, seus conhecimentos aos alunos, digamos, num quadro negro, como antigamente, embora ainda em muitos lugares este cenário ainda exista. De forma imediata e sincronicamente o aluno estará acessando todos os dados disponíveis pela internet, sem muito esforço.
Convenhamos, este cenário mudou quase toda a relação entre as partes e que para sobreviverem, terão que mudar de postura e adotar um novo modelo mental e comportamental.
Assim, como a informação é a moeda da internet, a palavra é a moeda da oralidade e a oralidade a moeda da Nova Economia.
Por isso, com a Economia da Oralidade há a necessidade de saber adequadamente, considerando a mudança dos cenários comunicativos diante das relações dialógicas, conversacionais.
Refletor a maneira de pensar, planejar e criar discurso apropriados aos novos tempos, considerando a estrutura que as pessoas em geral possuem para recepcionarem mensagem, e a partir dos seus comportamentos diante dos contextos e circunstâncias na pós-modernidade.
APRENDIZAGEM DO OUVIR É ESSENCIAL
Se aprender a falar é o primeiro passo, a aprender a ouvir é o segundo passo e, com certeza, uma das questões centrais no desenvolvimento humano. Ao ouvir, aprendemos mais a pensar do que falar.
O começo do bem viver é bem ouvir. Alfred Tomaris afirma: “Quanto mais estudo audição, mais convencido fico de que aqueles que sabem ouvir constituem as exceções”.
Perceber, entender, compreender, dar atenção, valorizar, respeitar o direito do outro de se expressar até às últimas consequências, mesmo sem necessariamente concordar com o que está sendo dito. Apesar de ser tão natural, a habilidade de ouvir é um dos maiores obstáculo ao desenvolvimento humano. Ouvir é interpretar os significados das palavras ditas. Situa-se na área da Semântica. É o percurso que os sons inteligíveis fazem no processo cognitivo da compreensão da mensagem.
Já o escutar está relacionado com o contexto existencial da alma do ouvinte, vinculando fenômenos mentais, emocionais, da vontade, do temperamento, do humor, implicando no ato de se colocar no lugar do outro, da empatia que vem a ser ajustar-se ao estilo, ao momento psicológico, crenças e valores do interlocutor e assim conseguir melhor o entendimento.
Apesar de nossa anatomia, nossa constituição nos prover com uma boca e dois ouvidos, normalmente preferimos mais falar a ouvir.
O excelente comunicador é, acima de tudo, um bom ouvinte, o que exige uma série de posturas e atitudes externas e principalmente internas. Ouvir não significa simplesmente acompanhar o que o falante está dizendo, mas aceitá-lo como ele é, entender os seus contextos e circunstancias, com suas virtudes e defeitos, crenças e emoções, valores, conceito e preconceito.
Se desejarmos ouvir o outro de verdade, primeiro é necessário querer e esse querer precisa ser uma vontade genuína que não nos fará desistir diante da primeira dificuldade.
Mas, por que ouvir é tão importante?
Porque o ato de ouvir carrega em si uma profunda capacidade relacional.
As pessoas às quais recorremos quando precisamos de ajuda são justamente aquelas que têm a disponibilidade para nos ouvir incondicionalmente, sem julgamentos ou interrupções, sem a cobrança de um papo interessante ou de entreter os que nos ouvem.
Quando somos ouvidos, as ideias começam a nascer dentro de nós, inspirando-nos certa confiança e permitindo que nos desenvolvamos como pessoas, como cidadãos participativos da Sociedade.
É necessário que o ouvinte aprenda a negar-se a esvaziar-se de si mesmo, das suas ideologias, do seu repertório existencial, das suas referências de vida, da sua visão de mundo, durante o momento sublime da audição.
Se formos ouvidos com atenção, certamente respiraremos de forma mais livre, teremos mais vitalidade e uma melhor qualidade de vida.
Como disse Voltaire, “o ouvido é o caminho do coração”.
Algumas sugestões importantes para quem, de fato, deseja ouvir outra pessoa e, a partir daí, abrir as portas para o relacionamento saudável. Preste muita atenção em todos os detalhes do interlocutor. O corpo fala, mas principalmente em todos as tonalidades sonoras, as variadas entonações emitidas por ele. Tenha paciência, saiba decifrar os momentos de silêncio da outra pessoa, entenda as pausas. Esforce-se para perceber a comunicação nas entrelinhas, possíveis medos, preconceitos e atitudes da outra pessoa.
Procure identificar os momentos de convergência com o seu interlocutor, evitando entrar em discordância. Respeite as opiniões dele, exercite a tolerância com as pessoas que pensam de forma diferente da sua, considerando como ele é, e não como gostaria que ele fosse.
Gere ambientes que favoreçam o outro a expressar suas ideias e opiniões; saiba ter tato para lidar com a contrariedade. É aconselhável concentrar as diferenças no campo das ideias e evitando que sejam tratadas no âmbito pessoal.
Assegure-se de que você compreendeu exatamente o que o seu interlocutor queria falar; peça que repita, questione, faça perguntas, evite, ao máximo, interpretações precipitadas, incorretas.
Faça perguntas abertas e que comecem com por quê? como? quando? onde? o quê? Evite perguntas fechadas, que levam a uma resposta simplista, sim ou não.
Procure refletir e reordenar as ideias do interlocutor com as palavras que ele mesmo disse, confirmando-lhe que está entendendo e acompanhando o seu raciocínio. Crie uma sintonia com o outro, para que haja um ambiente saudável em que todos fiquem à vontade e assim seja gerado um ambiente em que a comunicação possa fluir eficazmente.
OUVIR É UMA HABILIDADE RARA, RARÍSSIMA
Estamos avançando, é verdade, nas mais diversas possibilidades de relacionamentos virtuais, mas estamos deixando de usufruir do valor do diálogo, da conversa, do poder da palavra falada e ouvida, na nossa essência humana.
Com isso estamos abrindo mão de uma das mais fundamentais características da nossa humanidade que é a arte de ouvir.
Raras são as pessoas que se dispõem a ouvir exatamente o que a outra está transmitindo. Um dos maiores desafios da comunicação é o de como o receptor ouve o que o emissor fala, já que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento. Diante deste diagnóstico, podemos identificar que o receptor não ouve o que o outro fala por diversas razões. Por isso, vamos enumerar na sequência. Normalmente ele ouve:
a) o que o outro não está dizendo,
b) o que quer ouvir,
c) o que já escutara antes e coloca o que o outro está falando naquilo que se acostumou a ouvir,
d) o que imagina que o outro ia falar, muitas vezes só pensando no que vai dizer em seguida,
e) o que gostaria ou de ouvir ou que o outro dissesse,
f) o que está sentindo,
g) o que já pensava a respeito daquilo que a outra está falando, retirando da fala da outra apenas as partes que tenham a ver com ela e a sensibilizem,
h) o que confirme ou discorde do seu próprio pensamento,
i) o que possa se adaptar ao sentimento de amor, raiva ou ódio que já sentia pela outra pessoa,
j) ela ouve da fala dela apenas aqueles pontos que possam fazer sentido para as ideias e pontos de vista que no momento a estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
l) se defendem de ouvir o que as outras estão dizendo, por ficarem apavoradas, mesmo que inconscientemente, de se confundirem a si mesmas.
m) há pessoas que escolhem não ouvir o que o outro está dizendo, porque assim livram-se de corrigirem os seus pontos de vista, da aceitação de uma realidade diversa da sua, de aspectos da Verdade que não conseguem contestar,
n) outros se recusam a ouvir o outro, mesmo percebendo, intuindo que o que está sendo dito faz todo o sentido, para não se sentirem ignorantes do conhecimento transmitido, ou diminuídas diante do seu interlocutor.
Esses pontos mostram como é raro e difícil conversar. Como é raro e difícil se comunicar!
O que ocorre, normalmente, são monólogos simultâneos como se estivessem conversando, ou são monólogos paralelos, como se estivessem dialogando. O próprio diálogo pode haver sem que, necessariamente, haja comunicação. Pode haver até um conhecimento a dois, sem que necessariamente haja comunicação.
A comunicação ocorre somente, e tão somente, quando dois indivíduos verdadeiramente ouvem-se, buscanco compreender, em toda sua extensão e profundidade, o que o outro está dizendo exatamente. Como afirma a professora, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé: “Que a palavra em si mesma não é nada, o que vale é o acordo que estabelecemos para nos comunicar.”
Para ouvir é indispensável eliminar da mente todos os ruídos e interferências do próprio pensamento, durante a fala do interlocutor. Ouvir implica em uma entrega ao outro, uma diluição nele. Daí a dificuldade de as pessoas inteligentes efetivamente ouvirem. A sua inteligência em funcionamento permanente, o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interfere como um ruído, na plena recepção daquilo que o outro está falando.
Sabedoria, sim, é a característica própria e reveladora de um bom ouvinte. O desafio de abrir-se para o seu mundo interior; de um impulso na direção do próximo, do interlocutor, de uma comunhão com ele, de aceitá-lo, como é e como pensa.
Depois que a pessoa aprende a ouvir, ela passa a fazer descobertas incríveis, escondidas em tudo aquilo que os outros estão falando. Um novo mundo de possibilidades se descortina com a aquisição da arte de ouvir. É o caminho seguro do poder que a palavra falada tem na vida da gente. Ouvir é raridade. Ouvir é ato autêntico de sabedoria.
FUNCIONAMENTO COGNITIVO DA ORALIDADE
Em entrevista que nos concedeu, o psicanalista e escritor Augusto Cury contribuiu com a fundamentação de uma das linhas de estudo da Economia da Oralidade: o funcionamento cognitivo da linguagem articulada pela voz.
Ele nos explica que a palavra falada é a expressão plena do pensamento dialético, que é o pensamento que copia os símbolos do som, da voz, compreendido na perspectiva da Economia da Oralidade como a última instância do processo comunicacional.
O pensamento dialético é o pensamento que financia a comunicação social, gera toda a racionalidade dialética e subsidia a produção científica e coloquial do conhecimento. Têm natureza virtual e são produzidos através das leituras dos pensamentos essenciais.
O pensamento anti-dialético é o pensamento mais profundo, é o pensamento que você não precisa de um código, você vê por múltiplos ângulos o mesmo fenômeno, ele não mimetiza, não copia os símbolos da linguagem sonora ou visual. Têm natureza virtual e são produzidos a partir da leitura dos pensamentos essenciais e das emoções e motivações.
Os pensamentos dialéticos provocam um reducionismo intelectual quando definem os pensamentos anti-dialéticos que são usados na produção das idéias, das grandes idéias. Embora seja o mais profundo, não é o mais prático. Já o pensamento mais bem formatado é o pensamento dialético, o que copia os símbolos da língua.
O pensamento dialético que mimetiza o código é usado na escrita, no diálogo, na execução de tarefas. A palavra falada é automaticamente assimilada e ganha significado.
A palavra falada é incorporada primeiramente pelo sistema auditivo, que aciona milhares de estímulos no processo comunicacional, formando a base da plataforma das janelas do córtex cerebral, que dará sustentabilidade à compreensão dos milhares ou milhões de sons com que nós temos contato.
Ela é recepcionada pelo ouvido externo, passa pelo ouvindo médio e o interno, percorre a cóclea, é direcionada para a medula central, atinge o corpo todo, vai para o área auditiva do cérebro que mimetiza, copia os códigos sonoras para gerar a compreensão.
São essas janelas contendo milhares e milhões de informações que definem o tempo espacial dos verbos, amarrando-os num pronome, num substantivo e num adjetivo, formando as cadeias de pensamentos.
É um processo automático e involuntário, através desta relação estreita entre a auto checagem da memória e a abertura de múltiplas janelas da memória.
VISÃO TEOLÓGICA DA ORALIDADE
No princípio era o Logos, expressão grega que significa palavra e que através de filósofos como Heráclito de Éfeso (por volta do séc. VI a.C.), veio a ter o conceito de razão, daí logia, lógica, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.
O Verbo, compreendido como o som inaudível, matriz central da expressão plena do pensamento do autor da existência, a partir daquele que precede a tudo, o Originador de todas as coisas.
Na Teologia Cristã, o conceito filosófico do Logos viria a ser adaptado no Evangelho de João. O evangelista se refere a Jesus Cristo como o Logos, isto é, a Palavra: “No princípio era o Logos, e a Logos estava com o Deus, e a Logos era Deus” (Há traduções do Evangelho em que Logos é o “Verbo”).
No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.
No início do livro de Gênesis está escrito: Os céus e a terra eram sem forma, vazia e escura. O Espírito de Deus pairava (vibrava) sobre eles – e só então que Deus disse: “Haja luz “e houve luz.
Ainda neste mesmo livro, Deus dá autoridade para o homem dominar sobre toda a criação, através do poder do Verbo, da palavra falada, e determinando ao homem a tarefa de nomear (afirmar a existência de algo), os animais, as aves dos céus e todas as feras selvagens, fazendo com que o homem exercesse a condição de co-criador.
Ainda nas Escrituras Sagradas Deus afirma o caráter eterno da Palavra, quando Deus diz: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras são eternas”.
Outras citações que atestam o poder transcendente da palavra falada e ouvida:
Prov. 18.21 – A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.
Existem algumas coisas que, depois de atiradas, não existe mais volta. Duas delas são a “flecha lançada” e a “palavra falada e ouvida”.
Porém, existe uma diferença básica entre a flecha e a palavra. A flecha quando atirada, pode ou não acertar o seu objetivo, o alvo, que pode ser de madeira, pode ser uma animal, um ser humano, uma árvore, ou seja, qualquer coisa.
Entretanto, a palavra quando é lançada, sempre acerta o alvo, o coração de alguém, pelo ouvir. Quando alguém lança uma palavra, ele não errará, acertará, com certeza, o seu objetivo, ou seja, alguém será atingido, pelo ouvido.
E, como a palavra tem poder, o seu lançamento pode provocar vida ou morte.
Ela provocará vida ao ser ouvida quando representar elogio, força, afeto, carinho, compreensão, conselho, ou seja, quando estiver implícito, neste lançamento, o amor.
Ela provocará morte ao ser ouvida quando representar crítica, desânimo, amargura, ciúme, incompreensão, isto é, quando estiver implícito, neste lançamento, intolerância.
A grande verdade é que as pessoas esquecem, por completo, que podemos coisas maravilhosas e terríveis com aquilo que dizemos.
Quantas pessoas ouvem, durante uma vida, que não são capazes, que são burras, que são preguiçosas, que não vão chegar a lugar nenhum, que são incompetentes, e por aí vai. Ouvem tanto este tipo de coisa que, a partir de um determinado momento, acabam acreditando.
Quantos relacionamentos vão sendo minados, nem tanto pelas brigas em si, mas pelas coisas pesadas que são ditas e ouvidas durante o desentendimento. Às vezes, os motivos das desavenças nem são muito graves, porém o que foi dito um para outro deixa marcas fortes.
O que estamos tentando dizer é que podemos edificar através daquilo
que dizemos aos outros (ouvintes), como também podemos destruir.
E vocês já reparam como existem pessoas que vivem para destruir os outros através da língua. Vivem criticando, colocando defeitos, murmurando, procurando confusão, não são compreensivas, dizem palavras de humilhação.
Entretanto, o que essas pessoas não percebem é que os maiores prejudicados com esse tipo de atitude, são elas próprias, isto é, se você usa as suas palavras para construir, abençoar, consolar, dizer coisas que edifiquem, você estará plantando para colher bênçãos para a sua vida, porém, se você usa a sua língua para destruir, a sua colheita será de frutos podres.
Todo dia quando saímos, para trabalhar, estudar, ou qualquer outra atividade, podemos fazer esta escolha. Sair com a língua afiada dizendo somente coisas ruins, ou sair de forma prudente, vigiando o que dizemos, procurando iluminar o lugar onde estamos. A escolha é nossa, mas não podemos esquecer que colheremos o que plantarmos.
Vamos refletir outros versículos abordando o poder da oralidade:
O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. (Tiago 3:7-8)
Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo. (Tiago 3:2)
Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. (Tiago 3:10)
É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! (Tiago 3:5)
Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor, como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. (Tiago 3:9)
Por acaso pode a mesma fonte jorrar água doce e água amarga? (Tiago 3:11)
Pensem no navio: grande como é, empurrado por ventos fortes, ele é guiado por um pequeno leme e vai aonde o piloto quer. (Tiago 3:4)
O ouvido prova as palavras como a língua prova o alimento. (Jó 34:3)
A boca fala do que está cheio o coração (Mateus 12:34)
Há tempo de ficar calado e tempo de falar. (Eclesiastes 3:7)
A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira. (Provérbios 15:1)
Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura. (Provérbios 12:18)
Cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e para ficar com raiva (Tiago 1:19)
Dedique à disciplina o seu coração, e os seus ouvidos às palavras que dão conhecimento. (Provérbios 23:12)
A palavra certa na hora certa é como um desenho de ouro feito em cima de prata (Provérbios 25:11)
As palavras dos bons são como a prata pura; as idéias dos maus não têm valor. (Provérbios 10:20)
Quem toma cuidado com o que diz está protegendo a sua própria vida, mas quem fala demais destrói a si mesmo. (Provérbios 13:3)
Qualquer coisa que você ensina a uma pessoa sábia torna-a mais sábia ainda. E tudo o que você diz a uma pessoa direita aumenta a sabedoria dela. (Provérbios 9:9)
Quando alguém está querendo aprender, o conselho de uma pessoa experiente vale mais do que joias de ouro puro (Provérbios 25:12)
As palavras dos sábios devem ser ouvidas com mais atenção do que os gritos de quem domina sobre tolos. (Eclesiastes 9:17)
As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma e trazem cura para os ossos. (Provérbios 16:24)
O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima. (Provérbios 12:25)
Vigiai e orai (Mt. 26.42)
Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem (Efésios 4:29)
Não usem palavras indecentes, nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. Pelo contrário, digam palavras de gratidão a Deus. (Efésios 5:4)
Outras pensamentos:
A palavra é o meu domínio sobre o mundo. (Clarice Lispector)
A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos. (Jean Molière)
O fruto de cada palavra retorna a quem a pronunciou. (Abu Shakur)
A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a ouve. (Michel de Montaigne)
Se não há nada mais a ser dito, então apenas sorria. (Davi Khouri)
Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração (seu ouvido).” (Nelson Mandela)
Comunicação não é o que você fala, mas o que o outro (o ouvinte) compreende do que foi dito” (Claudia Belucci)
Se nossa vida não está adequada, talvez devêssemos fazer um inventário do que falamos.
Nenhuma palavra tem tanto autoridade como a que nós pronunciamos.
Se o que pensamos sai da boca, não conseguiremos domá-la se não fizermos alguma coisa sobre nossos pensamentos.
As palavras são espírito e vida.
É preferível ser positiva e ter 50% de bons resultados do que ser negativa e ter 100% de resultados ruins.
Profetizar nosso futuro é declarar no início o que acontecerá no fim.
Semeamos palavras e colhemos de acordo com o que semeamos.
Murmurar e reclamar carregam um poder destrutivo.
Palavras podem afetar o corpo físico. Podem trazer cura e abrir a porta para doença.
Falar no tempo devido nos impedirá de enfraquecer.
Devemos aprender a disciplinar a boca e responsabilizar-nos pelo que sai dela.
Quando reclamamos sobre nossa situação, permanecemos nela.
Temos pontos fortes e fracos, devemos realçar os positivos e diminuir os negativos.
O que entra pelo ouvido é o que vai sair pela boca – para o bem e para o mal.
A língua direciona nossa vida, as palavras delimitam margens nas quais devemos viver
Respirar fundo, fechar a boca por um minuto, controlar-me e seguir em frente.
As palavras dizem sim, mas o tom de voz e a expressão facial transmitem uma mensagem bem diferente.
Falar para todo mundo como estamos nos sentindo e sobre as nossas circunstâncias, logo não vai haver ninguém com quem conversar.
Estamos presos pelas palavras que declaramos e também somos julgados por elas.
Para podermos mudar nossas atitudes e comportamento, em primeiro lugar devemos mudar nossos pensamentos e palavras.
DIREITO DE PROPRIEDADE DA ORALIDADE
A voz como recurso da fala é um bem inato, porém a oralidade é uma habilidade que se adquire nas interações sociais.
Todos podem ganhar níveis competência da oralidade, mas o direito de usa-la depende de diversas variáveis que envolve a posição que se ocupa em determinada comunidade, as funções que o falante exercer,
A escrita teve seu grande auge com a invenção da imprensa e a primeira obra a ser imprensa foi a Bíblia Sagrada.
Muitos idiomas, a exemplo do Guarani, se consolidaram como língua, somente após ter sido traduzida a Escritura Sagrada.
Outro aspecto interessante é que concepção oriental da extensão da Oralidade. No oriente a fala, a declamação, a recitação, o canto são gêneros de manifestação da Oralidade.
Os salmos são textos produzidos para serem oralizados, mas também sobretudo para serem cantados.
A relevância da Oralidade na existência humana é vital, por isso estuda-la é uma necessidade científica tão importante quando as grandes descobertas da humanidade.
O mundo visível e aquele que não podemos ser fisicamente estão sob e sobre a batuta da Oralidade.
LIDERANÇA SITUACIONAL NA NOVA ECONOMIA
Considera-se entre os diversos tipos de lideranças, o papel do líder na pós-modernidade da liderança situacional.
Segundo França (2002, p. 259) “a liderança é um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas”. O fator chave na liderança situacional é a necessidade do líder desenvolver sua sensibilidade e percepção, diagnosticando sua equipe para que possa definir como irá se comportar, pois em qualquer situação a liderança deve realizar suas funções de gerir a atenção concentrada em objetivos e resultados.
Este trabalho justifica-se pela necessidade das organizações avaliarem as estratégias e o comportamento dos seus líderes na tomada de decisão. A pesquisa visa mostrar o potencial dos futuros lideres, e como se comportam em situações adversas, ou seja, situações que não costumam vivenciar na organização.
De acordo com Marques (2014), Liderança Situacional consiste na liderança que é moldada pela situação apresentada, ou seja, o líder tem a capacidade de adequar-se ao momento, e dentro desta dinâmica, ele consegue delegar e motivar seus colaboradores para que reajam positivamente, deem o seu melhor e alcancem os resultados esperados. Oferece aos líderes maior compreensão de relação entre um estilo de liderança eficaz e o nível de maturidade dos seus liderados. Ainda conforme o autor, a forma de gestão do líder situacional é diferenciada, pois este consegue ditar as tarefas de forma flexível, dando aos colaboradores a oportunidade de realizarem seu trabalho ao mesmo tempo em que monitora seus desempenhos. As organizações querem líderes que motivem, envolvam e inspirem o grupo, que consigam lapidar os talentos e que descubram novos potenciais, numa relação onde todos ganham.
Segundo Silva (2014), o fator chave na liderança situacional é a necessidade do líder desenvolver sua sensibilidade e percepção, diagnosticando sua equipe para que possa definir como irá se comportar, pois em qualquer situação a liderança deve realizar suas funções de gerir a atenção concentrada em objetivos e resultados.
Segundo França (2002, p. 259) “a liderança é um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas”.
A Economia da Oralidade é que vem suprir a demanda da liderança situacional. Como ele depende da competência, usando as expressões de Marques, de ditar as tarefas de forma flexível. Líderes que motivam, envolvam e inspiram o grupo têm neste setor econômico o conhecimento para o exercício da demanda da liderança em si e em especial da liderança situacionada.
Além dos aspectos pontuados por Silva e a sentença de França reitera a transversalidade da Economia da Oralidade, pois conceitua a liderança como um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas e isto se dá predominantemente por meio da esta modalidade do uso da língua.
COMO SURGIU A IDEALIZAÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Para contextualizar o surgimento da Economia da Oralidade, me posiciono como um personagem real que conta sua vivência, suas experiências com a voz humana, contextualizando os seus aspectos socioeconômicos.
Convido você, leitor, a realizar também na sua linha do tempo, a sua jornada ao longo da sua história, para rememorar sua trajetória de existência, elencando os seus principais personagens que ajudaram a construir sua personalidade, com todos os percalços e virtudes, os seus cúmplices de caminhada.
Nasci no ano bissexto de 1956, no dia 10 de abril na Rua Prudente de Moraes 405, esquina com a Rua Padre Agostinho, às 19 horas e 15 minutos, em Curitiba, durante a transmissão da “A voz do Brasil”.
Foi o início do mandato presidencialista de Juscelino Kubitschek (21º presidente), considerado um dos maiores mandatários do País. Elvis Presley estava lançando no Single Heartbreak Hotel, seu primeiro sucesso. Mel Gibson havia nascido um pouco antes de mim, em 03 de fevereiro de 1956. O Pelé havia iniciado sua carreira no Santos Futebol Clube, aos 16 anos. John Austin havia formulado a teoria do ato de fala.
Vivíamos a “Era de Ouro” do rádio. Naquele tempo, era o rádio e por vezes a radiola que ocupavam lugares de destaque nas salas das casas brasileiras e, aos poucos, os aparelhos de TV também ganhavam seu espaço, sem que o rádio deixasse de manter sua relevância e a sua capacidade de influir no comportamento da Sociedade, ditando os modos e as modas da época.
As grandes vozes tomavam conta da paisagem, predominantemente sonora, sejam os cantores, humoristas, declamadores de poesia, os narradores esportivos, os apresentadores de programas de rádio, incluindo programas de auditório. Passávamos horas ouvindo rádio e isso certamente causou um impacto definitivo na minha vida e da Sociedade da época.
Transmitindo ideologias, estimulando a capacidade de consumo através dos chamados reclames, da publicidade sonora associada visualmente às publicações impressas.
As pessoas consumiam as programações radiofônicas alternando sua audiência através dos discos de vinil em 33, 45 ou 78 rotações.
Toda essa sonoridade causava um significativo impacto nos ouvintes, ativando seu imaginário, fosse pelas ondas hertzianas emitidas pelo rádio, ou pelos discos em acetato, tocados pelas proeminentes radiolas, empreendendo `viagens sônicas` aos mais diversos e variados lugares do nosso imaginário.
As ondas sonoras me arrebataram para um mundo de imagens construídas pela vibração física de natureza sonora.
A televisão estava bem no começo, dando seus primeiros passos, modelada e forjada pela estrutura radiofônica.
O rádio, em algumas regiões brasileiras como as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, profissionalizou-se qualitativamente e quantitativamente, alcançando resultados econômicos expressivos.
A publicidade sustentava o veículo com um casting de profissionais, com rádio atores, cantores, artistas, locutores, repórteres, produtores.
No ano em que nasci, já havia pouco mais de 140 mil aparelhos de TV no Brasil. Chacrinha fazia sua estreia na TV Tupi, com o programa “Rancho Alegre”. O teatro, contando com grandes nomes que se consagraram, como Tônia Carrero… e o cinema ditava a moda e o comportamento de consumo das pessoas em geral.
Nesse cenário, nesses contextos e circunstâncias surgiu a minha paixão pela voz humana. Ela se manifestou na primeira infância, principalmente estimulada pelas programações radiofônicas nos anos 60. Fui privilegiado em ouvir as histórias contadas pela minha avó paterna, Zaquie Cury, especialmente pela coleção nominada “Tesouros da Juventude”. Como me deliciava ouvir os contos como “Os Três Porquinhos”, “Chapeuzinho Vermelho”. “João e Maria”, entre tantas outras histórias inesquecíveis.
Durante minha primeira infância, apreciava muito ouvir as conversas dos adultos, apesar de me relacionar bem com as crianças da minha faixa etária. Era muito frequente ficar ouvindo minha mãe, Neusa e da minha vó, Zaquie com suas amigas. Elas passavam longas tardes conversando sobre assuntos diversos, normalmente tomado um café árabe que era feito sem coar, comendo bolos feitos por vovó, recheados com creme e cobertos com coco ralado, que servia bolachas de manteiga, além de outros quitutes, aliás muito gostosos como podemos imaginar.
E eu sempre participava com as minhas histórias que, apesar de criança, já tinha meu modesto repertório. Prestava muita atenção, não necessariamente ao que elas falavam, por se tratar de assuntos de mulheres adultas, mas como contavam as suas histórias, experienciais, vivências.
Invariavelmente se emocionando, indo às lágrimas; em outros momentos, dando sonoras gargalhadas, ainda dramatizando os acontecimentos, contados aos moldes das grandes radionovelas da época.
Lembro-me de minha mãe dizer que eu já era falante, antes mesmo de andar. Eu mesmo não me lembro disso. Recordo-me de quando tinha meus quatro anos de idade, numa daquelas reuniões da minha avó com suas amigas, uma delas, Dona Zahi, de origem árabe, fez um comentário: “Este menino sabe conversar bem. Ele é muito inteligente”.
Apesar da singeleza da afirmação da Dona Zahi, esta observação marcou e reforçou esta característica da minha personalidade e me estimulou a desenvolvê-la cada vez mais, além de me levar a perceber a paixão pela voz humana.
A partir desse momento, passei a investir na minha Oralidade.
E você leitor? Sugiro que dê uma breve pausa pra trazer à lembrança algo que marcou sua primeira infância. Com certeza, sempre há momentos significativos nesses primeiros anos de vida. Você pode ter recebido um elogio sobre alguma característica da sua personalidade, com repercussão na sua vida pessoal e profissional. Talvez você não tenha se dado conta de ter despertado um interesse por algo naqueles anos e que pode readquirir significado hoje?
Este exercício será importante para a proposta da Economia da Oralidade.
Além das conversas femininas, também apreciava estar nas rodas masculinas, dos mais velhos. Costumeiramente ficava na sala de visitas de meu avô paterna, Jorge Cury, do qual herdei o nome, ouvindo as conversas entre ele e meu pai, Getúlio, meus tios, irmãos de minha avó, acompanhado de seus amigos. Eles falavam sobre diversos assuntos, principalmente sobre política e Economia no País e fora do Brasil, conflitos no Oriente Médio, assuntos de medicina e tantos outros.
Só que, nesse cenário, raramente eu contava as minhas histórias. Já era uma concessão ficar ouvindo. Naquela época, anos 60, não era permitido crianças participarem das conversas dos mais velhos.
Nas conversas entre os homens, o que me chamava atenção, era a eloquência de muitos deles, como defendiam com convicção os seus pensamentos.Era comum as vozes se alterarem, na tentativa de persuadir o grupo sobre seu posicionamento em determinada área do conhecimento. Além disso, prestava atenção ao timbre das vozes, e como determinados tons vocais tinham predominância sobre outros, associado à mensagem lógica, inteligente e consistente.
Observava que timbres fortes, com predominância para o grave, tinham presença marcante.
Esta foi uma característica adotada pelo rádio. Vozes graves para imprimir mais autoridade, pois, a
“comunicação presencial e interpessoal, matriz do processo de relações sociais, à medida que recebe o concurso da técnica, chegando ao que se denomina como a fase da comunicação coletiva, efetiva um novo modo de se compreender a comunicação na sociedade e especialmente neste século.” (SOUSA, 2006)
Já, segundo Mauro Sousa, 2006, a
“comunicação presencial e interpessoal, matriz do processo de relações sociais, à medida que recebe o concurso da técnica, chegando ao que se denomina como a fase da comunicação coletiva, efetiva um novo modo de se compreender a comunicação na sociedade e especialmente neste século.”
E você, leitor, deve ter muitas recordações, também. Peço que reflita com serenidade, sem pressa, dando mais uma pausa neste leitura, para trazer à memória a sua trajetória de vida, ainda da primeira infância, nos cenários que você viveu.
Proponho que me acompanhe nesta jornada existencial.
No convívio familiar era frequente ouvir a declamação de belas poesias pelos meus tios, irmãos da vovó e pelos meus pais, que certamente me motivaram a me interessar pelas inflexões, entonações das vozes com apurada técnica, própria daquela época, daquela cultura.
Minha mãe, Neusa Gil Cury, era poeta e meu pai, Getúlio Cury, declamador de poesias. Ele apresentava, na década de 50, pela Rádio Tingui – Curitiba, um programa de declamação de poesias nominado “Acordes do Coração”. Aliás, o nome do programa foi dado pela minha mãe.
A declaração de poesia é uma das atividades culturais mais eficazes para capacitar-nos a desenvolver nossa Oralidade. Ela habilita a transmitir com musicalidade, com melodia, as nossas interações, determinando nossa capacidade de expressar a exata intencionalidade do que queremos comunicar.
Lembro-me da inauguração da televisão em Curitiba, em 1960.
Muito poucos aparelhos disponíveis. Era um luxo ter uma televisão na sala de casa e este era o privilégio de um tio, Rafi Salum, irmão de minha avó paterna. Assim, frequentemente, íamos assistir TV na casa dele. Era um deslumbramento. A isso deu-se o nome de “televizinho”. A programação de televisão iniciava lá pelas seis da tarde e encarava a meia noite.
Por isso, escolhi ser radialista e jornalista e, em grande monta, influenciado pela carreira profissional de meu pai, Getúlio Cury, mas, sobretudo por paixão pela comunicação manifestada pela voz.
Outra característica pessoal, pouco comum das crianças daquela época, era o hábito de manter longas conversas com os adultos, incluindo os vizinhos, especialmente da terceira idade, como era o caso do compositor, músico e historiador Mário Rosa, conhecido como “seo” Rosa. Ficávamos conversando por muitas horas. Lembro-me de que, por vezes, só percebia quanto tempo havia passado ao chegar o crepúsculo do dia, ele debruçado na janela de sua casa que dava direto pra calçada e eu na calçada. Isso lá pelos meus 7 anos de idade e ele com os seus 70 e poucos anos.
Não era o único amigo dessa faixa etária. Havia outros tantos, como o Wilson, Sidney, Zacarias, além dos amigos de meu pai Getúlio e de meu avô Jorge.
O assunto geralmente era sobre futebol, mas também contavam muitas outras histórias.
Lembro-me com muito carinho das minhas primeiras professoras. A professora que era Diretora do “Grupo Escolar Professor Cleto da Silva”, em Curitiba, Ruth Shell. Sua postura para nós, crianças de 7 e 8 anos de idade, impunha respeito e autoridade. Quando nos abordava, a gente ficava muito intimidado. Além dela, a professora Miriam Zarur. Esta, apesar da postura severa, tinha um tratamento especial para comigo. Eu era o que chamávamos, na época, “peixinho” da professora. Até hoje me vêm aqueles vozes femininas à minha memória.
E você? Vamos lá, trazer à memória, como eram seus relacionamentos com os adultos: você conversava com eles? Se “sim”, lembra-se de quais eram seus assuntos prediletos? Se “raramente”, o que você ouvia, e lhe causava interesse? Você se lembra dos seus professores, geralmente do gênero feminino?
Por isso, escolhi ser radialista e jornalista e, em grande monta, influenciado pela carreira profissional de meu pai, Getúlio Cury, mas, sobretudo pela paixão pela comunicação manifestada pela voz. Com a decisão tomada de ser um comunicador, tive a oportunidade de iniciar a carreira, em 1972, na Rádio Marumby de Curitiba, na função de “rádio escuta”.
O “rádio escuta” é uma atividade dentro do rádio esportivo que acompanha os resultados parciais e finais dos jogos para o plantão esportivo informar aos ouvintes durante a jornada esportiva principal. Com isto, ainda que sem a intencionalidade de hoje, estava dando início, no ano de 1972, à pesquisa, ao ouvir as mais variadas vozes da época, os grandes profissionais do rádio esportivo brasileiro.
Dedicava-me, por muitas horas do dia, a ouvir, especialmente, os narradores esportivos da época, além dos comentaristas e repórteres, procurando apreciar os estilos de cada um que transmitia os jogos com muita precisão, emoção e qualidade artística admiráveis. Ocupava-me em identificar, além dos estilos, da escola a que cada um pertencia, a partir de mestres que eram consagradamente reconhecidos.
Passava horas ouvindo, analiticamente, as expressões que cada um usava e como inflexionavam determinadas palavras que se constituíam suas marcas vocais, seus bordões, que facilmente identificavam aqueles profissionais.
Iniciei a carreira de repórter na Rádio Cultura em 1973, oportunidade em que dei início à pesquisa de campo sobre comunicação no rádio e na televisão esportiva.
Uma das minhas atividades era realizar entrevistas com jogadores, treinadores, dirigentes e até torcedores, após os jogos, para repercutir no programa “Viva o Futebol”.
Durante os jogos, visitava seguidamente as cabines de rádio nos estádios para pesquisar e estudar as performances, principalmente dos narradores esportivos, mas também dos comentaristas, repórteres e plantões.
Em setembro de 73, iniciei-me na função de repórter na Rádio Cultura do Paraná (Programa “Viva o Futebol” de Dirceu Graeser) e, no ano seguinte, na TV Paranaense – Canal 12 (Programa “Domingo Alegre” de Mário Vendramel), além de iniciar-me como narrador esportivo na Rádio Marumby.
Dando um salto na minha histórica, apesar da permanente atuação no rádio e na televisão, destacando programas de sucesso, como a “Gazeta do Rádio” pela Rádio Colombo do Paraná, a premiação como “Repórter do Ano” pela promoção anual do jornal “Diário Popular”, criação da área de Rádio no Tribunal de Contas do Paraná e a fundação da primeira agência de notícias voltada ao rádio no Paraná e a segunda no Brasil, a “Central de Radiojornalismo”.
A pesquisa permanentemente realizada no meio de rádio e em especial no rádio esportivo, gerou uma série de fenômenos relevantes para subsidiar esta área do econômica, a Economia da Oralidade. Entre esses, o uso de expressões-chave, os bordões, jargões, figuras de linguagem, entre as quais as metáforas.
Além do rádio e do rádio esportivo, também buscava extrair material das letras de músicas, da poesia, da prosa, de outro lado, também, do humor com os seus personagens.
Nasci sob os acordes das ondas hertzianas, vi a televisão nascer. Testemunhei boa parte da era de ouro do rádio, o início da televisão, o avanço dela e os novos desafios da radiofonia.
A voz, no seu célere percurso ao longo da História, perpassando diversas mídias. Do telefone à Internet.
Confesso que hoje exerço a profissão com muito entusiasmo e, por isso, tenho sistematicamente me dedicado ao estudo, à pesquisa da palavra falada, ao seu poder comunicacional, seus significados, suas manifestações, seus elementos, suas características, como se dá seu funcionamento e suas aplicações midiáticas.
Após diversas oportunidades, palestrando sobre temas de interesse das áreas de radiodifusão, radiojornalismo e, mais recentemente, sobre novas mídias, principalmente pelo intenso interesse em estudarmos e pesquisarmos permanentemente sobre os mais variados aspectos do poder comunicacional da palavra falada, decidimos, em 2010, dar início à carreira de palestrante e consultor sobre o tema intitulado: Voice Design, O Poder da Palavra Falada Aplicada.
Estes estudos e pesquisas no campo da Semiótica, da Sintaxe, da Semântica, da Oralidade, da Linguística, da Fonologia, da Fonética, da Neurolinguística, da Neurociência, da Psiquiatria, da Hipnose, da Musicalidade, da Sonoridade, da Filosofia, da Fsiologia, das mídias convencionais e digitais entre outras área da Ciência, resultaram na constatação da necessidade de prestarmos consultoria.
A consultoria sobre o poder da palavra falada aplicada e a aquisição da habilidade de ouvir, atua numa nova área da comunicação sob a designação de Voice Design, que compreende a implantação de processos, serviços e atividades planejadas para atender à necessidade do público interno e externo da sua organização, considerando a fundamentalidade da comunicação interpessoal, relacional e intrapessoal no âmbito social, profissional e organizacional.
O crescimento e desenvolvimento do Voice Design, desde o início das pesquisas e estudos, em agosto de 2008, se deu pelos resultados alcançados com a realização de palestras, workshops, cursos e treinamentos, a exemplo da participação no Educar/Educador 2013, entre os dias 22 a 25 de maio em São Paulo.
Na ocasião, foi proferida palestra sobre o tema, além da realização de dez rodas de conversas com professores de diversas partes do País no estande de duas instituições educacionais – o SEFE e Sem Fronteiras.
Com a aprovação de um trabalho científico pela Comissão de Análise e Avaliação da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, sob o título, “Voice Design, o poder da palavra falada aplicada” esta área do conhecimento foi apresentada à comunidade científica e acadêmica durante o 19º Congresso Internacional de Educação a Distância, entre os dias 9 e 12 de setembro de 2013 em Salvador, nos deu legitimidade à criação do Voice Design Desenvolvimento Profissional, ocupando a presidência da empresa.
No 20o CIAED realizado em Curitiba, em outubro de 2014, lançamos Voice Design para Design Instrucional.
Introdução à Economia da Oralidade
CONCEITO, SIGNIFICADO E ETIMOLOGIA
O marco fundamental da ciência econômica consolidada pela escola clássica é a obra “Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações (1776), do escocês Adam Smith (1723-1790), considerado o pai da Economia Política Clássica. Ele afirma que não é a prata ou o ouro que determinam a prosperidade de uma nação, mas, sim, o trabalho humano. Em consequência, qualquer mudança que aprimore as forças produtivas estará potencializando o enriquecimento de uma nação, conclui.
A Economia da Oralidade é uma área do conhecimento constituída com o propósito de promover mudança no comportamento dos indivíduos, empresas ou países, por meio do aprimoramento da linguística aplicada às forças produtivas, representadas pelo trabalho humano, geradoras de riqueza e nas permanentes intervenções na atividade econômica.
Conceitua-se que Economia da Oralidade é uma área que tem a finalidade de propor, projetar, implementar, gerenciar e administrar a atividade de produção da oralidade e a suas implicações sistemáticas no processo de negociação, de comercialização e de troca de bens e serviços tangíveis e intangíveis.
Considerando etimologicamente a palavra economia significa a “lei da casa”. “administração da casa”, o que nos habilita considerar “casa” como indivíduos, empresas ou países.
Sob a perspectiva do indivíduo podemos considerar “casa” composta pelo aparato corporal, possuidor de os atributos fisiológico e neurofisiológico, capaz promover a realização da oralidade por meio do seu sistema fonador. Como indivíduos temos a responsabilidade de administrar a “casa” para o seu funcionamento integral e isso inclui prioritariamente o uso pleno da oralidade.
A oralidade é fator de produção e da manifestação do pensamento projetado na forma de voz e isso se aplica na formulação e disseminação do pensamento econômico.
De acordo com o livro “Oralidade no ensino: sugestões de atividades”, cuja orientadora é a professora Sônia Queiroz da UFMG “Os seres humanos se comunicam de formas diversas, mas nenhuma delas é comparável à linguagem por meio do som articulado; o próprio pensamento está relacionado, de um modo muito especial, ao som”.
O linguista inglês, contemporâneo de Ferdinand de Saussure “o pai da linguística moderna”, Henry Sweet, dizia que as palavras não são feitas de letras, mas de sons.
A etimologia nos elucida também a relação da oralidade com o significado da palavra “pessoa”. No latim a palavra significa persona. O prefixo per corresponde à por e sona à som. A palavra pessoa quer dizer “o som passa por meio de”, referindo-se a voz humana. Já na raiz grega a expressão é per son “por meio do som” expressão literalmente incorporada pela língua inglesa para designar pessoa.
Portanto, a pessoa é manifestada pelo som articulado que ela emite, expondo a sua individualidade, sua identidade, sua personalidade. Pela contribuição da etimologia, podemos deduzir que a voz e por extensão a oralidade é a principal marca pessoal.
A voz é a função do corpo que mais se expõe e a que mais nos expõe; e saber utilizá-la com excelência é uma importantíssima habilidade e um relevante fator socioeconômico cultural nas relações pessoais e profissionais.
Por meio da oralidade é que somos identificados e como nos identificamos com o mundo, disponibilizando ao mercado os nossos atributos pessoais e as nossas competências profissionais. O que nos permite concluir que a marca pessoal é o nosso principal ativo econômico. Ela é quem responde pela sustentação da atividade econômica do indivíduo, das empresas e dos países.
Por esta razão criar a marca vocal em primeira instância, é essencial para a criação a marca pessoal, o que é imprescindível não somente para o exercício da atividade econômica, mas para o crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade como um todo.
E é pelo conjunto das marcas pessoais economicamente ativas que se alcança a máxima produtividade, especialmente na Nova Economia.
PARADOXO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A superficial percepção do valor da intervenção da oralidade na sociedade humana é um fenômeno universal, em virtude da carência de conhecimento sobre o tema, entre outros fatores pela ausência da oferta de um ensino estruturado, especialmente pela escola ocidental.
A fala é uma atividade muito mais central do que a escrita no dia a dia da maioria das pessoas. Contudo, as instituições escolares dão à fala atenção quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita. Crucial neste caso é que não se trata de uma contradição, mas de uma postura (Marcuschi, 1997).
Este distanciamento entre a perceptividade e o permanente impacto social, político, cultural e tecnológico que a oralidade promove na cena pública, é o paradoxo tratado por esta área econômica e o paradigma a ser desconstruído.
Como consequência deste diagnóstico, constata-se a superficialidade do conhecimento estruturado da oralidade. O que, por sua vez, traz como consequência, a falta significativa de consciência plena sobre e fenômeno como um todo, o que impossibilita a conquista da autonomia linguística capaz de exercer controle sobre os mais variados e diversos parâmetros desta área da linguística.
Portanto, a Economia da Oralidade tem a proposta de oferecer conhecimento consistente sobre a oralidade, capaz de gerar consciência plena e permitir administrar as variáveis e diversidades da oralidade. Esta competência pode incidir diretamente nos resultados econômicos e na geração de impacto sócio-histórico, capaz de intervir, determinar e consumar atos e fatos.
A conotação dada neste estudo para a expressão Economia da Oralidade compreende a ciência econômica da oralidade, mas corresponde também, ao uso do menor número de palavras, desde que sejam capazes de expressar eficazmente o enunciado proclamado, a mensagem desejada, seguindo a premissa disseminada na área da comunicação de que “menos é mais” e da educação de que “pouco é muito”.
Sublinhe-se na definição de Marcuschi que a oralidade se caracteriza pela diversidade de gêneros textuais e acrescente-se que o domínio desses gêneros faz parte da competência comunicativa de cada falante dentro de um espectro de realizações, de inúmeras situações de falas que se lhe apresentarão durante a vida.
Um dos obstáculos que se colocam contra o desenvolvimento pleno da habilidade oral diz respeito ao fato desabermos que a criança já fala ao chegar à escola, o que leva muitas pessoas a pensarem que ela já tem um domínio da modalidade oral.
Daí decorre um problema que é o de se confundir a “oralidade” com a “fala”, na medida em que esta, segundo Marcuschi,(2001) “seria uma forma de produção textual discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se no plano da oralidade), portanto, sem uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano”.
Não basta, portanto, que atividades de linguagem oral sejam consideradas apenas como oportunidades de interação oral com o professor e os colegas. Elas precisam ser planejadas para o desenvolvimento de habilidades de produção e recepção de textos orais frequentes em situações mais formais, que exigem preparação e estruturação adequada da fala, textos de diferentes gêneros, objetivos e interlocutores, falados ou ouvidos em função de determinadas condições de produção e determinadas situações de interação.
CONSTITUIÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade é uma área do conhecimento dedicada ao estudo da economia aplicada ao uso da oralidade com excelência e das suas implicações sociais, políticas, culturais e tecnológicas na atividade econômica.
Adotaremos o conceito de oralidade para fins da constituição desta área econômica, como uma modalidade da linguística destinada ao estudo das estruturas constitutivas da língua falada, da composição e comportamento da linguagem e da prática social do uso da fala. Incluindo-se, neste conceito, os vínculos linguísticos com o letramento e os fenômenos cognitivos do processo do pensamento e do ato leitura.
A Economia da Oralidade trata predominantemente da teorização, conceitualização e contextualização sobre um fenômeno que constatamos existe desde o princípio da humanidade, portanto, que ocorre de modo orgânico, continuado e sistemático em qualquer época, povo e cultura.
Este estudo compreende uma abordagem transdisciplinar, visando a constituição de uma unidade do conhecimento por meio da complexidade do entre, do através e do além dos elementos que perpassam as disciplinas investigadas.
Além das áreas da Economia e da Linguística com ênfase na Oralidade, estão elencados neste estudo os campos da: Acústica, Antropologia, Filosofia, Neurociência, Neurolinguística, Psicologia, Psicanálise, Hipnose, Música em especial o estudo do Canto, Fisiologia, Fonoaudiologia, Storytelling, Arte Cênica, Teologia, entre outros igualmente relevantes como insumo teórico e prático para viabilizar o desenvolvimento da Economia da Oralidade, dentro do propósito transdisciplinar.
A missão da Economia da Oralidade é a valoração e a valorização desta área da linguística, posicionando-a na centralidade que ela efetivamente ocupa nas relações humanas.
Para tal, utilizamos a universalidade da ciência econômica para a constituição da Economia da Oralidade, como uma área socioeconômico cultural nuclear na economia.
Entre múltiplas finalidades, ela permite a formação, a capacitação e a instrumentalização do uso pleno da fala na prática social e oferece um conhecimento organizado e estruturado como um insumo produtivo para avaliar a intervenção da oralidade na atividade econômica.
A apropriação deste conhecimento tem o propósito de gerar consciência plena sobre o fenômeno da oralidade que possibilita a aquisição do controle e da gestão sobre todos os seus parâmetros linguísticos e paralinguísticos.
Entende-se por linguístico a verbalização da língua pelo oral e pela escrita, e por paralinguístico as emissões melódicas da voz, as diversas entonações, volumes, velocidades, ritmos, pausas, alturas, amplitudes, incluindo, os sotaques.
A pragmática desta competência linguística habilita o indivíduo ganhar autonomia da sua expressividade intelectual, um pensador capaz de projetar plenamente sua voz com responsabilidade social, por meio do uso performático e comportamental da oralidade.
Ela permite capacitar o indivíduo a tornar-se um sentenciador no seu âmbito de ação, um formulador e proclamador de sentenças definidoras em contextos e circunstâncias complexas, próprias da contemporaneidade.
Parte-se da premissa que todo o dito causa mudança de comportamento e promove a alteração do consumo de bens e serviços, em níveis de gradação que vão desde uma experiência mais sutil, quase imperceptível, ao mais intenso, plenamente identificável.
A Economia da Oralidade é capaz de criar e recriar realidades, atribuir significados e resinificados às demandas dos novos contextos e circunstâncias econômicas. Isso nos permite asseverar que ela é uma área socioeconômica cultural motriz, notadamente no âmbito da Nova Economia.
A intervenção da oralidade é que gera movimento os capitais e ativos intangíveis na Nova Economia, por meio das suas principais áreas de atuação, tais como: a Economia da Informação, Economia do Conhecimento, Economia Criativa, Economia Solidária, Economia Colaborativa, Economia Comportamental.
Essa motricidade promovida pela Economia da Oralidade se dá por intermédio de todos os processos comunicativos, intercâmbios conversacionais, fluxos dialógicos, entre tantas outras competências linguísticas, mesmo que indelevelmente possuem capacidade de ativação permanente e sistemática em todos os contextos ou circunstâncias do processo produtivo incidente sobre os capitais e ativos intangíveis na Nova Economia em vários níveis de intensidade, desde uma atuação transversal, como uma intervenção direta na atividade econômica, como insumos geradores de riquezas e valores agregados.
Isto se dá a partir das relações e conexões estabelecidas entre e pelos atores de cada setor econômico com os seus respectivos interlocutores, por meio do uso pleno da linguagem, como marco notório da cultura humana.
TRANSVERSALIDADE DA ECONOMIA DA ORALIDADE NA NOVA ECONOMIA
Da Nova Economia tomaremos a Economia Criativa para dimensionar a transversalidade da Economia da Oralidade.
A Economia Criativa é o setor econômico formado pelas indústrias criativas (o conjunto de atividades econômicas relacionadas a produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários).
No livro “The Creative Economy”, o autor inglês John Howkins, no publicado no ano de 2001, conceitua que este é um setor econômico constituídos por atividades onde a criatividade e o capital intelectual são o insumo, a matéria-prima para a criação, produção e distribuição de bens e serviços.
Na conceituação da autora do projeto “Distritos Criativos” Andrea Matarazzo: “o que move a Economia Criativa é a criatividade e a inovação como matéria-prima. Ela afirma que o processo de criação é tão importante quanto o produto final, isso quer dizer que trata-se de uma cadeia produtiva baseada no conhecimento e capaz de produzir riqueza, gerar empregos e distribuir renda.”
A economista especializada em Economia Criativa, Ana Carla Fonseca Reis, traz o seguinte conceito: “A economia criativa abrange todo o ambiente de negócios que existe em torno da indústria criativa, aquela baseada em bens e serviços criativos”.
De uma forma mais oficial, complexa e abrangente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) defende que “Economia Criativa é um dos setores mais dinâmicos do comércio internacional, gera crescimento, empregos, divisas, inclusão social e desenvolvimento humano. É o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectuais como principais recursos produtivos”.
Diante de tais conceitos que se convergem, podemos ponderar detidamente a finalidade, a funcionalidade e a aplicabilidade da Economia da Oralidade. Ele envolve toda da cadeia produtivo do processo criativo que vai da produção à distribuição de bens e serviços, culminando no consumo. Por isso, da fundamentalidade do conhecimento, consciência e aplicação deste setor econômico no âmbito da Nova Economia e esse participalmente da Economia Criativa.
O conceito firmado por John Howkins mais fica evidente a pertinência da Economia da Oralidade e a premência da sua aplicabilidade estruturada, principalmente em grupo de pessoas que é a condição recorrente da Economia Criativa, por intermédios de processos comunicativos, intercâmbios conversacionais, fluxos dialógicos, viabilizadores do desenvolvimento e da potencialização dos elementos da criatividade, da inovação, do capital intelectual dos integrantes da equipe criativa.
Andrea Matarazzo enfatiza que o processo de criação é tão importante quanto o produto final na Economia Criativa. Questionamos, o que efetivamente compõe este “processo de criação”? Mesmo quando a autora afirma trata-se de uma cadeia produtiva baseada no conhecimento capaz de produzir riqueza. Refletimos que o criatividade e o conhecimento somente podem gerar benefícios ao ser exposto, compartilhado, apreendido por determinado grupo e isso esta sob o domínio da Economia da Oralidade.
Ana Carla Fonseca Reis, afirma que “A economia criativa abrange todo o ambiente de negócios …”. Como você leitor imagina a dinâmica de um ambiente de negócios, talvez de muitas maneiras, mas nunca sem a boa e indispensável conversa, por mais que avance o universo digital.
Com base do ciclo descrito pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectuais como principais recursos produtivo, podemos cravar a importância da Economia da Oralidade sob os aspectos comunicativos, relacionais, interativos em todas as etapas do processo da Economia Criativa.
Gina Paladino, economista dedicada a Economia Criativa, afirma que a Nova Economia e em especial a Economia Criativa estão baseadas em pessoas: criativas, conectadas, relacionadas entre si, senão ela não existe e só funciona como uma ligação muito forte entre pessoas, nível educacional, etc. Ela considera que a Economia da Oralidade é um insumo transversal de toda a Economia Criativa em particular e da Nova Economia como um todo, onde em todas estas dimensões tem um nível de conversação muito profundo.
Ela entende que a oralidade é um insumo transversal de toda a Economia Criativa que sem a qual ela não se realiza”. Esta gente trabalha em equipe, em grupo, em parcerias, em colaboração, no mesmo espaço física, geográfico, trocando figurinhas, experiências, como nunca houve antes na história, A estrutura hierarquia ficou pra traz, o que predomina é horizontalidade das relações, conclui.
No artigo: Economia Criativa e novos desafios do desenvolvimento, Gina Paladino destaca os segmentos mais relevantes do núcleo central da Economia Criativa, que são encontrados na maioria dos estudos, onde podemos identificar individualmente e em conjunto a transversalidade da Economia da Oralidade. Em alguns dos seus segmentos, listados por ordem alfabética, também como matéria-prima estrutural, ou seja, a Economia da Oralidade um fator existencial para determinadas atividades, entre as quais o Audiovisual:
Audiovisual (produção, desenvolvimento de conteúdo, edição, fotografia, programação, transmissão, distribuição e exibição);
Arquitetura (design e projetos de edificações, paisagens e ambientes, planejamento e conservação);
Artes Cênicas (criação artística, produção e direção de espetáculos teatrais e de dança);
Design (design gráfico, de multimídia e de móveis);
Editorial (edição de livros, jornais, revistas e conteúdo digital);
Expressões Culturais (criação de artesanato, museus, bibliotecas, folclore);
Moda (desenho de roupas, calçados e acessórios);
Música (gravação, edição e mixagem de som, criação e interpretação musical);
Publicidade (publicidade, marketing, pesquisa de mercado e organização de eventos);
Patrimônio e Artes (serviços culturais, ensino superior de artes, gastronomia, museologia e produção cultural);
Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC (desenvolvimento de software, sistemas, consultoria em TI e robótica).
Outros setores econômicos da Nova Economia também tem as implicações da Economia da Oralidade, como na Economia da Informação surgida nos anos de 1970 como um fator motriz ao promover a ativação de dados e informações pela intervenção da tecnologia da oralidade, capaz de gerar riqueza e valor agregado.
Na Economia Comportamental, a Economia da Oralidade atua em todas as suas manifestações interpessoais e intrapessoais, além do fato que sua explicitação está no âmbito do comportamento.
ESTRUTURA MATRICIAL DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade se apropria da estrutura matricial da ciência econômica como uma complexa visão filosófica usada como lente para enxergar a oralidade.
Ela contempla a oralidade sob o enfoque da Teoria Econômica, dos Setores Econômicos, da Macroeconomia e da Microeconomia, dos Agentes Econômicos, dos Recursos Escassos, dos Insumos Produtivos, do Mercado, dos Fatores Econômicos, da Teoria do Consumidor entre outros componentes econômicos.
A economia trata da administração de capitais e ativos tangíveis, as commodities, para lidar contemporaneamente com os intangíveis, especialmente a partir do surgimento da Nova Economia. Compreende-se por capitais e ativos intangíveis todas as propriedades de indivíduos e corporações que, apesar de não serem tangíveis, são possuidoras de características perfeitamente reconhecidas. Entre os quais destacamos como efetivo valor econômico intangíveis: Informação, conhecimento, valor, princípio, marca, inovação, incluindo a capacidade de comunicação e relacionamento com o mercado.
O conceito de mercado, que simplificadamente podemos definir como um ambiente de troca de bens e serviços, especialmente na pós-modernidade, está fundamentado na conectividade viabilizada permanentemente pela oralidade que se realiza nas modalidades: presencial, semipresencial e virtual, de forma síncrona ou assíncrona.
Trata-se de um campo de estudo relevante para as novas relações empresariais, produtivas e mercadológicas, necessitadas do impulso gerado pela Economia da Oralidade.
COMPONENTES NA MICROECONOMIA E MACROECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade aplica a estrutura da linguística sob os princípios econômicos para diagnosticar o grau de intervenção da oralidade no âmbito da microeconomia e da macroeconomia.
A microeconomia nos traz um cenário mais restrito, de maior pessoalidade. Quando abordamos a microeconomia, observamos que ela se refere ao estudo dos comportamentos de consumo, das famílias e das empresas, que resulta no consumo de bens e serviços tangíveis e intangíveis.
Na microeconomia ela é capaz, por exemplo, de revelar o perfil e o comportamento humano e em consequência do consumidor, entendendo por que e como as pessoas tomam decisões econômicas sob as mais variadas condições.
Já na macroeconomia, a Economia da Oralidade tem a atribuição de identificar, analisar e prever as consequências que determinados enunciados, invariavelmente proferidos por líderes, autoridades, celebridades e influenciadores sociais, entre outros que estejam expostos ou sejam alvo ocasionalmente a comunicação de massa.
A macroeconomia representa a soma de todas as transações econômicas feitas pelas diversas partes do grupo estudado, viabilizado predominantemente responsáveis pelos acordos celebrados.
Na Economia da Oralidade trataremos a macroeconomia por âmbito e abrangência de determinado evento comunicativo ou enunciado que são caracterizados pela dimensão da comunicação, seja internacional, nacional ou mesmo local no contexto da cena pública.
Refere-se ao estudo da produção de bens e serviços exclusivamente intangíveis, formação de opinião modificadora do comportamento e do consumo ideológico, filosófico, modelos mentais, entre outros e fatores da produção relacionados a estes indivíduos, famílias e empresas, como nos ensina Bacha (2004).
Pode-se considerar, para efeito de enquadramento da oralidade nesta área da economia, compreendendo o estudo dos objetos da economia enquanto ciência:
RECURSOS ESCASSOS NA ECONOMIA DA ORALIDADE
O principal objeto da Economia é a satisfação das necessidades ilimitadas das pessoas e, seguramente, a oralidade é vital em toda relação humana e na escolha adequada dos usos dos recursos escassos.
Os recursos escassos desta área econômica são basicamente os fatores de produção, e são classificados em fixos ou variáveis. Entre os fatores de produção escassos fixos estão o tempo e o espaço que são elementos quantificáveis. Outro fator igualmente essencial na oralidade, são níveis de atenção, que classificamos como variáveis sobre o ato de fala.
O recurso escasso “atenção” está baseado da teoria da carga cognitiva, que descreve os fenômenos da memória de curto prazo, também nominada memória de trabalho e a memória de longo prazo, que devem ser impreterivelmente contabilizadas para viabilizar uma oralidade eficaz.
FATORES DE PRODUÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Entre os fatores de produção da oralidade, nos valemos dos fatores básicos da economia: Terra, capital e trabalho.
Adequando os fatores de produção para a perspectiva da oralidade, temos “terra” nosso aparato corporal, os aspectos fisiológicos e neurofisiológicos, o sistema fonador, considerando a capacidade perceptiva, ver, ouvir, sentir; a competência cognitiva, o processo e funcionamento mental, as características da individualidade, capacidade inerente de cada um, e assim por diante.
Contextualizamos o capital como o capital intelectual, o conhecimento adquirido por indivíduos ou grupos sociais, organizações, corporações. São os capitais e ativos intangíveis tratados pela Nova Economia.
Trabalho, neste contexto, é a oralidade em si, como fator socioeconômico: o ato de fala, a utilização do fator de produção terra e capital.
SETORES ECONÔMICOS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Quais seriam os setores econômicos: primário, secundário e terciário da Economia da Oralidade?
Utilizando-se de analogia podemos considerar para efeito desta área da economia que o setor primário da oralidade é a fala propriamente dita, o contato direto, pessoal, ocupando um mesmo tempo e espaço, estabelecendo uma interação plena, um intercambio conversacional, onde todos os ingredientes de um cenário comunicativa estão ativos.
O setor secundário da Economia da Oralidade é a linguagem oral por meio da escrita, uma modalidade mista ou mesmo midiática, utilizando recursos audiovisuais.
A oralidade no modo escrito, atualmente se dá de forma massificada nas integrações por intermédio das redes digitais.
E a terciária pela hipertextualidade que trata do uso multiforme reunindo texto, áudio, vídeo acessado por intermédia de referências específicas, no meio digital.
ANÁLISE DAS ETAPAS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Compete a Economia da Oralidade atuar na análise da produção, da distribuição e do consumo da oralidade no âmbito da micro e macroeconomia, considerando o estudo de como a sociedade administra os seus recursos escassos.
Para a análise da produção da oralidade sob a perspectiva econômica, necessita-se da estrutura da Linguística instrumentalizada com economicidade, constituída pela construção da Sintaxe, da composição do texto oral; a Fonologia e Fonética, a entonação, ritmo, velocidade, da Semântica, da Lógica, do significado da palavra e a Análise do Discurso.
A distribuição tem sido imensamente avançada pelo constante surgimento das novas tecnologias, impactando diretamente no comportamento do usuário, seja na condição de produtor ou consumidor da oralidade.
Ela pode ser presencial ou midiática que, por sua vez, pode ser síncrona ou assíncrona, entre outras tantas alternativas de distribuir e/ou de compartilhar a oralidade.
Igualmente, o consumo da oralidade tem registrados resultados históricos, ao ponto de emergir uma “Nova Era da Oralidade”.
O fenômeno ocorre em função das inúmeras opções tecnológicas que proporcionam inovadoras maneiras de recepção de conteúdos de natureza oral, seja eminentemente auditiva ou audiovisual, especialmente pela conveniência e adequação do seu consumo ao modo de vida da sociedade.
Esta área da Economia responde pela elaboração de processos, metodologias e sistemas que possibilitam gerar evidências objetivas e indicadores de desempenho coerentes com a natureza da oralidade, especialmente pelo uso da econometria.
Trata-se de uma formulação conceitual e estrutural extraída da jornada cotidiana de indivíduos, empresas ou países.
Considerando uma jornada regular que parte do despertar do sono pela manhã, os primeiros pensamentos, as interações domésticas, o acesso as mídias, sejam jornalísticas ou não. Também o deslocamento para o trabalho, o rádio transmitindo as notícias, ouvindo música ou um podcast preferido, as saudações aos colegas de trabalho, as participações em reuniões, as apresentações privadas ou públicas, entre outros tantos eventos que permanentemente estamos administrando nossa oralidade.
Ela pode ser intrapessoal ou interpessoal, permitir avaliarmos o que, por que, como, quando, onde devemos falar, se aquilo que pretendemos dizer tem a relevância para o interlocutor, se é oportuno naquele momento ou não, preparar precisamente nossas falas, meditar as consequências de determinada afirmação, tendo capacidade de previsão dos desdobramentos do que spretender dizer e assim por diante.
Os indivíduos no seu dia a dia mesmo de modo automatizado, sem uma base consistente de conhecimento e por consequência de consciência do ato de fala, nos mais diversos evento dialógicos e conversacionais cotidiano, fazem a utilização dos pressupostos preconizados pela Economia da Oralidade.
Numa reunião, seja formal ou informal, os participantes necessitam administrar os seus fluxos dialógicos de tal maneira que haja equidade entre os seus integrantes e a sua consequente eficácia nos seus resultados.
Para tal, a aplicação da Economia da Oralidade deve permitir a cada participante possa contribuir qualitativa e quantitativamente, cabendo ao responsável pela sua condução administra-la economicamente.
SEGMENTOS DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Esta área econômica possui, entre outras possíveis, os seguintes segmentos:
O detalhamento destas áreas e suas aplicações serão tratadas na sequência, por ora exporemos duas delas e a que deu origem a constituição da Economia da Oralidade, o segmento Design e o Organizacional.
SEGMENTO DESIGN DA ECONOMIA DA ORALIDADE
O segmento Design da Economia da Oralidade é denominado de Voice Design, o design da vocalização para fins comunicativos, portanto, o design da oralidade.
A finalidade de prover a aquisição do estado pleno de consciência da oralidade, durante os contextos e circunstâncias comunicativas que permitam exercer o completo domínio sobre os atributos da tecnologia da vocalização, tais como: entonação, o ritmo, a velocidade, o volume, a frequência, o tom de grave e de agudo, entre outros recursos de fonação.
O Voice Design propõe a elaboração de planejamento para desenvolver habilidades de percepção, produção e de recepção da oralidade, que compreende a preparação e implementação oral, capaz de proporcionar à cada indivíduo alcançar a sua melhor performance, potencializar a internação entre as pessoas, oportunizar o compartilhamento das competências e experiências individuais em prol do coletivo.
O Voice Design diagnostica que a palavra falada tem grande influência na economia da corporação, pois é por meio dela que as pessoas na maior parte do tempo se comunicam.
Compreende a identificação, sistematização, estruturação e viabilização do uso da linguagem adequada a cada meio, da cultura organizacional, do âmbito relacional, do valor do sotaque regional, do alinhamento e afinamento do discurso interno e externo.
O campo de ação do Voice Design abrange identificar, planejar, elaborar, desenvolver, organizar e modelar a marca vocal de cada profissional, num sistema de sonorização capaz de transmitir plenamente a sua personalidade com repercussão direta na corporação e/ou no mercado que atua.
O objetivo do Voice Design é viabilizar a criação da marca vocal para fins profissionais, como fator de influência e na decisão de compra de produto ou serviço oferecido os seus públicos, transmitindo significado e construindo o patrimônio da marca vocal organizacional nos pontos de contato com seus públicos e para melhoraria nos relacionamentos.
São as marcas vocais profissionais com potencial de representarem a marca vocal organizacional, devidamente identificados e reconhecidos como tal na corporação e no mercado.
São eles que emprestam sua voz para a corporação falar e ser reconhecida pelos seus públicos, tanto na sua atuação junto à organização a que estão vinculados.
Deve-se desenvolver a marca vocal de cada profissional sintomatizada e harmonizada com as características da linguagem da corporação para dar personalidade à marca da voz organizacional, visando garantir maior precisão, autenticidade e embatia.
São características objetivas e subjetivas que farão os consumidores se identificarem com o produto ou o serviço oferecido pela corporação através da influência da marca vocal em todos os pontos de contato com os seus públicos, gerando experiência e relacionamento com a marca.
Nesse contexto, o Voice Design surge como um processo pertinente para alinhar as várias manifestações da marca, criando uma identidade vocal organizacional.
Trata-se de uma área que tem por escopo fornecer e desenvolver estratégias para a marca vocal nas áreas da comunicação interna, institucional, formativa (como cursos, ensino à distância e treinamentos), comercial (ações na área de vendas), marketing de relacionamento, edição de conteúdos de palestras, conferências e pronunciamentos.
Perto de atingirmos a primeira década do Século 21, é fundamental que os gestores entendam seus papéis de comunicadores, implantando a logística adequada a esta atividade;
A qualidade nos discursos comunicativos favorece o entendimento. Efetuar ajustes de tons, sintetizar o conteúdo, contextualizar, equacionar voz para cada ambiente e adequar o vocabulário ao público ouvinte com o entusiasmo necessário é tarefa do Voice Design.
Esta tarefa desenvolvida por todos os gestores na organização pode agregar a colaboração do profissional de comunicação, socializador de conteúdo e conhecimento, buscando na oralidade a melhor forma de se estabelecer uma comunicação corporativa eficiente e eficaz, pois a História tem provado que, em comunicação, nada substitui a força da voz humana.
SEGMENTO ORGANIZACIONAL DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade no âmbito organizacional compreende a implementação e a realização de diagnósticos dos fluxos dialógicos, dos contextos e circunstâncias conversacionais, dos ritos e rituais de interação, das temáticas de interesse profissionais, da implantação dos processos midiáticos e das práticas comunicacionais.
O processo consiste da elaboração, gestão e produção da oralidade, adequado à necessidade específica da organização. A elaboração do diagnóstico para o planejamento do Voice Design se dá pela análise da interação entre os integrantes de determinada organização, através de suas sugestões, ideais e opiniões, obedecendo a horizontalidade das relações, sem afetar o princípio da hierarquia.
Objetiva-se identificar a as características especifica da cultura do ambiente corporativo, as expressões chave com as suas respectivas conotações e denotações, bem como os bordões, os jargões e os uso de figuras de linguagem, além de outros recursos linguísticos.
Parte-se da elaboração de um inventário de todas as marcas vocais profissional, minuciosamente identificada por cada um na sua jornada cotidiana, bem como em contextos e circunstâncias especiais e específicas.
Isso ocorre a partir de uma metodologia integrada de comunicação que pode compreender a adoção de recursos de TI aplicados no ambiente e no âmbito corporativo, através da gestão de processos específicos.
Visa-se construir uma dinâmica que integra o relacionamento organizacional em todos os seus níveis ou ao mercado que o profissional está inserido, transformando-se numa relação biunívoca de informações, capacitação e conhecimento, promovida pela oralidade.
Objetivos:
Fases:
Formato de Interação:
Grupos de Interesse:
Dinâmicas de grupo, atentando as característica de cada área de interesse, visando fomentar o debate entre os participantes, capaz de gerar identidade coletiva entre participantes;
Roda de Conversa:
Atividade voltada ao compartilhamento de experiências sobre um tema definido pelo mediador do evento;
Volta na Quadra:
Formação de grupos de dois a quatro participantes com a finalidade de tratar de assuntos definidos entre as partes;
Escuta fina:
Atividades prática envolvendo exercícios de aprimoramento da escuta, capaz de gerar uma fala assertiva, consistente e de elevado grau de comunicabilidade;
Roda de leitura:
Leitura realizada em grupo, onde os participantes aleatoriamente faz comentários, observações pertinentes e mesmo contextualizando sua realidade;
Por dentro de mim:
Trata de uma atividade voltada a comunicação intrapessoal, onde o participante busca a entender melhor do seu mundo interior, entre outros exercício, a realização de um inventário das suas palavras, reveladora das sua realidade, e identificar qual o modo de tratamento consigo mesmo.
Dinâmicas
Resultados almejados
Benefícios:
AQUISIÇÃO E USO DA ORALIDADE NA NOVA ECONOMIA
A Economia da Oralidade diagnostica que as transformações geradas pela Nova Economia propiciaram uma “Nova Era da Oralidade”, resgatando e ampliando a autêntica e insuperável forma de o homem se comunicar.
A capacidade de produzir mais, usando menos fatores de produção, é um princípio econômico também para a oralidade, o que, na prática, significa aumentar a produtividade nos processos de fala e no desempenho da economia como um todo.
Entre os grandes desafios a serem solucionados pela Economia da Oralidade está na busca de resolver ou minimizar o significativo prejuízo causado nas organizações por intermédio da carência de clareza nas comunicações entre seus integrantes.
Numa organização invariavelmente os ruídos causados pela imensa troca de comunicação escrita é imensurável, geralmente por textos que reproduzem a fala, o que na linguística nomina-se a editoração da fala.
Não se tem com exatidão quantificação dos desperdícios gerados pela comunicação interna ou externa nas organizações, por exemplo, por intermédios de textos escritos enviados por e-mail, correio eletrônico.Entre os fatores causadores do baixo desempenho comunicativo nas organizações, está na constatação da carência de domínio linguístico do emissor e do receptor da mensagem, proporcionando a falta de clareza na comunicação o que, simplificadamente, entre outras consequência, a perda imensa de produtividade.
A escassez de uma comunicação eficaz e eficiente é um fenômeno que está afeto à escrita, tratada como editoração da fala e da fala em si.
No processamento cerebral a oralidade produzida pela voz do emissor exige do receptor, do ouvinte uma decodificação só, transformando a palavra dita em entendimento cerebral. Na palavra escrita durante o ato da leitura, por exemplo, há uma dupla decodificação que parte da área visual para a área auditiva cérebro, tendo que transformar aqueles hieróglifos, aqueles sinais gráficos do alfabeto em sinais sonoros.
Considera-se que a oralidade é mais eficaz para expressar exatamente o que a gente sente, principalmente em relação ao sentimento, por conter a exata dimensão do que se quer comunicar, o que aplicada eficazmente nas organizações podem gerar resultados econômicos surpreendentes.
Recebemos informações auditivas por intermédio dos ouvidos, mas também pela pele, pelos ossos e por todo corpo, a partir da medula central que recepciona as vibrações físicas do som que tem natureza mecânica, num fenômeno chamado de áudio-tátil. Elas podem ser notas musicais, palavras cantadas e a palavra falada, mesmo que sutilmente, alteram a nossa respiração, nossa pulsação, a pressão sanguínea, a tensão muscular, a temperatura da pele e outros ritmos internos, e promove a liberação de endorfina.
Outro aspecto interessante é que a nossa audição normalmente se torna mais aguda quando não temos pistas visuais que são preenchidas pela imaginação, lacunas preenchidas pelo imaginário.
É fundamental no universo digital que tudo que é escrito exige atenção exclusiva, numa época em que as pessoas têm cada vez menos tempo, a voz, o som, a oralidade pode ser consumida enquanto desenvolvemos outras tarefas. Podemos ouvir enquanto estamos dirigindo, muitas vezes preso no trânsito, e assim por diante, ao passo quando temos que ler alguma coisa, temos que separar um tempo exclusivo para a leitura.
Por isso, a tendência no universo digital é cada vez mais a gente se valer da oralidade, tanto para consumir informação ou entretenimento como para emitirmos as mensagens em nosso dia a dia, com o tempo cada vez mais escasso.
Walter Longo afirma: Podemos concluir que isto é que dá a oralidade num enorme poder de comunicação, quanto mais for digital o mundo. Ele arremata: A comunicação por escrito é como fazer sexo e a comunicação falada é como fazer amor. Há um nível de envolvimento, de engajamento emocional que se percebe na oralidade que fica muito difícil ser percebida na escrita. Então se a gente quer expressar exatamente o que a gente sente, falando é sempre muito mais fácil transmitirmos a mensagem, principalmente em relação ao sentimento, conclui.
A oralidade gera aproximação, já que o emissor está presente no ato comunicacional, representado pela sua voz. Promove a facilidade de compreensão da mensagem, por conter a exata dimensão do que se quer comunicar, pode ser aplicada a mensagem falada nas diversas mídias digitais e nas convencionais.
Outro conceito sobre a palavra falada é que a nossa audição normalmente se torna mais aguda quando não temos pistas visuais que são preenchidas pela imaginação, lacunas preenchidas pelo imaginário.
GERAÇÃO DE VALOR DA ECONOMIA DA ORALIDADE
O homem transmite ideias, sentimentos que são manifestados essencialmente por meio da fala, utilizando-se da voz que é um bem natural, mas a oralidade não é inata, é um bem sócio-cultural que se viabiliza por intermédio das interações sociais, portanto, uma tecnologia alvo de aprendizagem.
A Economia da Oralidade tem grande influência na maneira como vivemos. É por meio dela que as pessoas se comunicam com o mundo externo. É através do planejamento da fala apurado que estabelecemos os nossos pontos de contato com o mercado.
Planejar a oralidade é essencial para cada demanda comunicativa que por sua vez é fundamental para a realização dos propósitos econômicos. É indispensável um plano de fala, pensar antes de falar, planejar e projetar nossas falas, considerando o que produzir, como produzir, para quem produzir, quando produzir, onde produzir.
Com isso, evita-se o conflito e o ruído e semeando informação, diálogo e relacionamento humano saudável, por isso, o uso da tecnologia da oralidade é uma questão econômica e de qualidade de vida, uma competência essencial na pós-modernidade.
Propõe-se a elaboração de planejamento dedicado à produção da oralidade, que compreende a preparação, ensaio e implementação, capaz de proporcionar ao praticante alcançar a sua meta estabelecida.
E fundamental criar-se consciência que leve a efetivas atitudes dos empreendedores e investidores criativos de se tornarem atores, caracterizados pela capacidade dramatúrgica, e “motores” dos seus empreendimentos criativos.
A oralidade é um atributo humano que não será substituído por nenhuma tecnologia, mesmo com o avanço da inteligência artificial. Ela é um fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos, com plena repercussão no econômico.
A viabilização do uso da linguagem oral em cada meio social compreende identificar a cultura do grupo social para definir o alinhamento e o afinamento da oralidade, considerando os objetos de linguagem do público alvo da comunicação, a melódica vocal – a prosódia, sotaque regional, os aspectos performáticos e comportamentais orais.
Por ser uma atividade econômica nuclear, negligenciar a oralidade é gerar desperdício de uma riqueza superlativa da humanidade.
Sem linguagem não há acesso à realidade. Sem linguagem não há pensamento.
Ferdinand Saussure, que é chamado o pai da linguística moderna, insistia na superioridade do discurso oral, e entendia a escrita como um complemento desse discurso.
A partir daí muitos estudos foram desenvolvidos sobre fonêmica, que é a área científica que se ocupa do som das palavras. A palavra é um símbolo que expressa uma ideia, elas carregam o poder criativo ou destrutivo. A fonte da palavra é o pensamento que ao ser expresso se materializa. A língua dispara e verbaliza o pensamento que está intrinsecamente vinculado com a mente que, por sua vez, está relacionado com os sentimentos e com as atitudes.
Toda comunicação se faz na interação, é impossível pensar em palavras, linguagem, sem ser na interação com o outro. As palavras possuem seus significados, não sendo o mesmo para todas as pessoas, o sentido se dá a partir da interação do sujeito como seu interlocutor nos diferentes discursos. (BAKHTIN, apud AUGUSTO, 2011).
A aquisição da língua não é um processo apenas natural, para aprender a falar é preciso compreender a linguagem. (VIGOTSKI, 1984, p. 53).
A Economia da Oralidade por meio de princípios, processos e métodos da econometria nos ensina que para a celebração de um negócio corre grande risco de ser consumado se o negociador não for preciso nas palavras e suas entonações adequadas, adicionando ou suprimindo algumas poucas palavras a mais ou a menos.
Regra de ouro da economia da Oralidade: “Não fale mais do que efetivamente você sabe” e outra: “poupe pelo menos 10% de tudo o que você pode dizer”.
CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DA ORALIDADE
Mas será que nós temos consciência da dimensão da oralidade e como ela está permanentemente presente no nosso dia a dia e como ela determina nossa realidade, incluindo a econômica?
A oralidade é a origem da comunicação e a responsável pela formação da linguagem. Não é apenas uma das formas de comunicação, ela é a essência da existência humana. Ela está presente em nossas vidas antes mesmo de nascermos.
No livro ‘O Efeito Mozart’ de autoria de Dom Campbell relata as experiências do Dr. Alfred Tomatis, M.D., médico francês, dedicado a pesquisas da audição humana que ele descobriu que a voz da mãe serve como cordão umbilical sônico para o bebê em desenvolvimento e também como fonte primal de estímulo.
Tomatis afirma que o feto é capaz de escutar. O ouvido é o primeiro “órgão” a se desenvolver no embrião, ou seja, o que a futuro mamãe ouve, sejam as suas músicas preferidas, as conversas ou mais outros sons são ouvidas também pelo futuro bebê que está funcional a partir de quatro meses e meio de gestação, interferem nas características dele que começa a manifestar já nos primeiros meses de vida. Ele sentencia que “a nutrição vocal que a mãe provê é tão importante como o seu leite para o desenvolvimento da criança”.
O primeiro choro é que marca o início da vida. Antes de darmos os primeiros passos já pronunciamos os primeiros sons articulados. A criança passa a aprende desde bebê que a voz é o instrumento básico para o relacionamento com o mundo. A voz, de muitas maneiras, é a função do corpo que mais se expõe e o que mais nos expõe. Nossa individualidade, nossas particularidades, nossa alma. Os batimentos cardíacos estão particularmente sintonizados com sons que determinam a musicalidade de todo o corpo, enquanto a base da voz é a respiração. Aspiramos o ar, o levamos de nossos pulmões até as profundezas das células e o devolvemos ao mundo.
Do grego a palavra respiração tem sua origem na palavra espírito, que quer dizer fôlego. A palavra hebraica ruach significa não só espírito do gênesis flutuante sobre a terra, o espírito de Deus pairava – vibrava sobre os elementos, mas também o hálito de Deus.
Se aprender a falar é o primeiro passo, a aprender a ouvir é o segundo passo e com certeza uma das questões centrais no desenvolvimento humano. Ao ouvir aprendemos mais a pensar do que falar. O começo do bem viver é bem ouvir.
Alfred Tomaris afirma: “Quanto mais estudo audição, mais convencido fico de aqueles que sabem ouvir constituem as exceções”.
Usamos palavras o tempo todo e nem sempre pensamos no que dizemos e como falamos. Ela tanto pode aproximar como afastar; tanto pode oprimir como libertar; tanto pode promover a vida como matar. Determinadas palavras ditas em determinados contextos, podem matar a pessoa a quem está sendo dirigida, os sonhos dela, suas aspirações, seu futuro, sua vida.
Tudo o que dizemos repercute positiva ou negativamente. Somos responsáveis pelas afirmações ou negações que proferimos. As palavras carregam o poder criativo ou destrutivo. A fonte da palavra é o pensamento. A língua dispara e verbaliza o pensamento.
A palavra é um símbolo que expressa uma idé ia, e está intrinsecamente relacionada com nossa mente. A mente, por sua vez, está relacionada diretamente com nosso corpo, com nossos sentimentos, com nossas atitudes e com nossas ações.
A palavra também está diretamente relacionada à capacidade de realização pessoal. Aquilo que acreditamos em nossas vidas é formulada por frases que adotamos como verdade. Tais frases, também conhecidas por crenças, moldam a realidade à nossa volta. Uma das maneiras de aumentar o poder de realização pessoal é alinhar a sua palavra com suas atitudes e ações.
Uma forma de (re)fortalecer o poder de sua palavra é começar primeiro a perceber o que você diz à si mesmo e às pessoas. Alinhar aquilo que você fala com o que você faz é começar com pequenas coisas.
Por exemplo, ao marcar compromissos, por mais triviais que possam parecer, cumpra-os. Se você for solicitado a ir ou fazer algo que não tem tanta certeza que quer ou pode cumprir, peça um tempo para refletir e responder com mais calma. Com a prática, o hábito de estar presente e atento à sua mente, seu corpo, seus sentimentos e suas atitudes, será tão natural que tudo aquilo que expressar verbalmente ou não, terá um grande poder de realização interior e em todo o campo à sua volta.
As palavras também são sementes. Semeamos palavras e colhemos de acordo com que semeamos.
Para termos um bom relacionamento devemos realçar os atributos positivos e diminuir os negativos.
Comunicar é mais do que saber falar. Falar bem não significa comunicar-se bem. Não basta saber falar é preciso se comunicar.
O órgão principal da boa comunicação não é a boca, mas o coração. Porque a boca fala o que está cheio no coração. (Mateus 12.34)
Seja tardia para falar, pronto para ouvir e tardia para se irar, (Tiago 1.19)
Todos nós sempre cometemos erros. Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo. (Tiago 3.2)
Seria importante fazermos um inventário do que falamos.
A filosofa e poeta Viviane Mosé afirma que a poesia é uma moldura vazada aonde a vida entra. O homem pensa e cria com as letras as palavras A palavra em si é vazia, quem a preenche é nossa experiência de vida.
Ela afirma que quando me comunico, eu mando a palavra cheia pra quem me ouve e a medida que ela vai chegando ela vai se esvaziando e quando o ouvinte a recebe, ele a preenche dando o seu sentido para aquela palavra.
Este é a dificuldade do processo de comunicação, eu digo uma palavra e o meu ouvinte recebe outra.
É preciso ser modesto e termos consciência que o que eu digo não é exatamente o que o meu ouvinte está entendendo, e o contrário obviamente, é necessário traduzir o que está sendo dito,
Por isso não é preciso usar a palavra ao pé da letra
Recursos usados para fins de prova judicial como a escuta telefônica, gravações de voz secreta estão atestam a amplitude do poder de identificação da voz.
Por isso acreditamos que esta é a principal razão das pesquisas revelarem que o maior medo da maioria das pessoas é de falar em público, superando o medo de altura.
Uma pesquisa feita pelo jornal inglês Sun Day Times com três mil americanos.
A pergunta era. Qual o seu pior medo? 41% disseram que era falar em público e 32% têm mais medo de altura.
A palavra apropriada falada nos momentos oportunos é de imensurável proveito.
O apostilo Paulo escreveu na carta aos Coríntios. Na primeira carta, capítulo 13:
Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino.
Por isso é essencial termos consciência não só da necessidade de nos comunicarmos bem e melhor, mas prioritariamente focarmos todo nosso empenho exclusivamente para o proveito do outro, do nosso ouvinte.
Considerando os nossos públicos, os contextos e os propósitos ao expormos nossos conhecimentos e pensamentos, proporcionando benefícios aos nossos ouvintes.
Consequências de problemas da fala nas relações humanas são vitais, principalmente no exercício de liderança, a exemplo do filme ganhador do Oscar (O Discurso do Rei), onde toda uma nação dependia da voz, da fala do rei.
Se não tivermos o que dizer, é preferível usar o maravilhoso recurso do silêncio que aliás é um tema que merece uma abordagem especial. O silêncio faz parte central da fala que é constituída de sons e pausas, graves e agudos, ritmos e entonações. Nele é que encontramos as entrelinhas, o sentimento da mensagem, para fazer com que as falas e escutas se acomodem. É por causa desse momento breve, em que uma voz cala e outra aparece é que a palavra ganha significado e beleza.
A maioria das pessoas imagina que o importante no diálogo é a palavra. Engano, e repito: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão. Nelson Rodrigues
Acerte o ritmo, os silêncios em uma fala – em outras palavras as pausas – são tão importantes para a comunicação do conteúdo quanto às palavras ditas, uma vez que elas dão a pontuação ao ouvido.
Apenas 3 minutos de silêncio por dia são suficientes para limpar, ressetar os nossos ouvidos.
ATO DE LEITURA NA ECONOMIA DA ORALIDADE
A Economia da Oralidade se interpõe como uma área socioeconômica motriz essencialmente pelo argumento que o ato de leitura implica na intervenção do campo da oralidade.
O ato de leitura implica num processo cognitivo de uma dupla decodificação cerebral.
Segundo estudos científicos de alta complexidade, entre as quais destacamos abordagens na área da neurociência que descreve o processo cognitivo do ato da leitura, bem como da sua aprendizagem.
Parte-se inicialmente da ativação da área visual do cérebro para a sua área auditiva, gerando com isso a cognição com e as suas consequentes sinapses através da relação do texto e seu autor com o leitor.
Estas áreas visual e auditiva estão associadas aos processos de decodificação da palavra durante o ato de leitura em seus menores segmentos, que são as letras, as quais são correlacionadas com os respectivos sons.
Após a visualização da palavra “BOLA” pelas regiões occipitais, por exemplo, os quatro símbolos alfabéticos são “analisados” na região temporo-parietal a qual efetua a correlação dos sons “be + o + ele + a, com as suas letras correspondentes.
Na área responsável pelo processo de decodificação fonológica e que provavelmente está associação à formação da estrutura sonora, por meio da movimentação dos lábios, língua e aparelho vocal. (Price, 2000; Price et al., 1996; Shaywitz et al., 2002).
Além de entendermos que o ato de leitura se dá com a intervenção da oralidade, mesmo que sem o uso das cordas vocais, há também o hábito de se balbuciar os lábios para ajudar na compreensão do texto escrito, o que caracteriza com mais evidente ainda a presença da oralidade no processo, isto sem se referir, evidentemente, na leitura em voz alta.
Portanto, considera-se essencial valorar a intervenção da oralidade em todos estes segmentos da Nova Economia, acentuando a fundamentalidade de uma perspectiva mais concreta e precisa sobre uma área econômica que trata da competência de expressão do pensamento projetado da forma de voz, assim como pela leitura silenciosa, a voz silente, transformada em pensamento.
IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE
A coordenadora do estudo e pesquisadora do Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah, afirma que a leitura aumenta as respostas à linguagem falada no córtex auditivo, em uma área relacionada à codificação dos fonemas.
Quem sabe escrever amplia os limites do tratamento de linguagem, antes restrito à modalidade auditiva. A conexão entre fala e escrita aumenta a capacidade de comunicação, com benefícios muito maiores do que ainda a ciência pode medir.
Aprender a ler aumenta os estímulos visuais — inclusive na área visual primária do córtex, responsável por perceber fatores como cor, profundidade e distância.
Quem sabe ler e escrever distingue jogos de linguagem que passam despercebidos pelos analfabetos, como a supressão de fonemas em uma palavra.
O estudo da oralidade é uma questão de extrema importância no processo de interação verbal, neste sentido é falso dizer que a oralidade privilegia apenas a espontaneidade, o relaxamento, a falta de planejamento, e até o descuido em relação às normas da língua padrão.
Para uma oralidade eficiente, precisa seguir normas e padrões necessários para seu uso e verdadeiro entendimento, potencializado pelo constante ato da leitura.
Os estudiosos recentes passaram a encarar de um modo diferente o significado da oralidade, os contrastes e as proximidades entre este tipo de expressão e a escrita.
A linguagem é tão predominantemente oral, que dentre as milhares de línguas que existiram, apenas cerca de 106 possuíam escrita suficientemente desenvolvida para produzir literatura.
Das 3 mil línguas hoje faladas, somente 78, aproximadamente, têm, de fato, uma literatura.
Quem usa uma língua escrita – o inglês, por exemplo – tem à sua disposição um vocabulário de pelo menos um milhão e meio de palavras, enquanto que uma língua exclusivamente oral não oferecerá ao falante mais do que alguns milhares. Entretanto, todos os textos escritos estão direta ou indiretamente relacionados ao universo do som.
Os estudos da linguística tratam contemporaneamente da teoria da continuidade que afirma existir níveis de gradação entre as duas modalidades, a oralidade e o letramento e não são modos dicotômicos, como se concebia anteriormente.
Oralidade e letramento são duas modalidades do uso da língua que somente pode ser compreendida integralmente, se ambas foram estudadas com a devida cientificidade e não somente uma delas.
A linguista brasileira Leonor Lopes Fávero afirma que “As manifestações da língua oral e escrita são manifestações da língua, então, para se entender a língua na sua totalidade, precisa-se estudar o oral também e não só o escrito”.
Cada uma delas possuem características distintas, mas elas não se opõem entre si, nem se constituem em sistemas linguísticos independentes, muito menos são dicotômicas.
Isso acentua que a relação fala-escrita passa por um contínuo de textos orais e escritos, seja na atividade de leitura, seja na de produção de texto.
Anteriormente a 1980 se examinavam a oralidade e a escrita como opostas, predominando a noção da supremacia cognitiva da escrita dentro do que Street (1984) chamou de “paradigma da autonomia”.
Atualmente os estudos da linguística prevalecem a visão de que oralidade e letramento são além de interativas, atividades complementadoras.
A oralidade e o letramento seguem um eixo de um contínuo de textos orais e escritos, tratada pela teoria da continuidade que demonstra a existência de níveis de gradação entre os dois modos de uso da língua, num contexto sócio-histórico de práticas.
Elas dialogam entre si. Emprestam reciprocamente suas características uma para a outra, o que torna difícil em alguns casos distinguir se o texto deve ser considerado falado ou escrito.
Tanto a oralidade nutre à escrita as suas marcas, as chamadas marcas da oralidade, como a escrita alimenta a capacidade de nos expressarmos pela fala.
Cada uma delas pode ser expressa de maneira formal ou informalmente, com raciocínios concretos ou abstratos independentemente da escolha da modalidade.
Existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao pólo da fala conversacional (bilhete, carta familiar, textos de humor, por exemplo e principalmente a produção de mensagens pela internet), ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros), existindo, ainda, tipos mistos, além de muitos outros intermediários.
A produção de um telejornal, é originada de um texto escrito para ser falado pelas vozes dos seus apresentadores. Trata-se um exemplo de uma oralização da escrita, e não da língua oral.
Ou ainda, as entrevistas em revistas e jornais que originalmente foram produzidas na forma oral, falado que são publicadas de forma escrita. Trata-se de um modo de aplicação de uma editoração da fala.
Outro exemplo é o que acontece com os atores desempenhando seus papeis no teatro, o cinema e as novelas. Esses não são gêneros orais em sua origem, mas são textos escritos para depois serem interpretados oralmente.
As semelhanças e diferenças entre a oralidade e o letramento somente podem ser discernidas pelos seus usos e práticas em sociedade.
Considera-se fundamental que as línguas se fundam em usos e não em regras gramaticais, estas é que se adequam às práticas sociais e não ao contrário.
A escrita não pode ser tida como uma representação da fala, pelo fato de não reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, entre os quais a prosódia, a gestualidade, os movimentos corporais e dos olhos, entre outros.
Em contrapartida a escrita apresenta elementos significativos próprios, ausentes na oralidade, entre os quais o tamanho e tipo das letras, cores e formatos, elementos pictóricos que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representados.
Apesar de usarmos no cotidiano social muito mais a fala do que a escrita, o valor social atribuído a ela não corresponde a sua real função sócio-histórica.
Mesmo que a oralidade tenha uma “primazia cronológica” indiscutível sobre a escrita (cf. Stubbs, 1980) e pelo fato de todos os povos terem sua tradição oral e alguns apenas uma tradição escrita, isso não significa que a oralidade seja mais importante que a escrita e vice-versa.
Há algumas características distintas que diferenciam a oralidade e a escrita que nos ajudam a entende-las melhor.
A oralidade tem uma decodificação só, uma simples decodificação transformando a palavra em entendimento cerebral.
Na palavra escrita há uma dupla decodificação, tendo que transformar aqueles hieróglifos, aquele símbolo em palavra que depois são decodificadas pelo cérebro.
Na oralidade a voz é do emissor, já na escrita o leitor é quem empresta sua voz para o texto e é ele quem interpreta a emoção contida na escrita.
Há um nível de envolvimento, de engajamento emocional que se percebe na oralidade que fica muito difícil ser percebida na escrita.
Sublinhe-se na definição de Marcuschi que a oralidade se caracteriza pela diversidade de gêneros textuais e acrescente-se que o domínio desses gêneros faz parte da competência comunicativa de cada falante.
Então se quisermos expressar exatamente o que sentimos, falando é sempre muito mais fácil transmitir o que desejamos, principalmente em relação ao sentimento.
Henry Sweet, linguista inglês, dizia que as palavras não são feitas de letras, mas de sons.
Os seres humanos se comunicam de formas diversas, mas nenhuma delas é comparável à linguagem por meio do som articulado; o próprio pensamento está relacionado, de um modo muito especial, ao som.
A fala é a expressão do pensamento, afinal, “a boca fala do que está cheio o coração, (Mateus 12:34)
Usamos palavras o tempo todo e nem sempre pensamos no que dizemos e como falamos.
Ela tanto pode aproximar como afastar; tanto pode oprimir como libertar; tanto pode promover a vida como matar.
Determina palavra dita em determinado contexto, pode matar a pessoa a quem está sendo dirigida, os sonhos dela, suas aspirações, seu futuro, sua vida.
Tudo o que dizemos repercute positiva ou negativamente.
Somos responsáveis pelas afirmações ou negações que proferimos. Como ponto de partida pode tomar um raciocínio do próprio José Saramago, para quem as características de sua técnica narrativa, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras” (SARAMAGO, JOSÉ)
“Ao aprender a falar, o ser humano também aprende a pensar, na medida em que cada palavra é a revelação das experiências e valores de sua cultura. Desse ponto de vista, tem-se que o verbal influencia o nosso modo de percepção da realidade. Portanto, cabe a cada um assumir a palavra como manutenção dos valores dados ou como intervenção no mundo.” Cláudia Lukianchuki de Lacerda
A ênfase neste estudo é como devemos usar a nossa capacidade de nos comunicarmos oralmente com efetividade e com afetividade, e nem tanto como utilizamos os códigos, as regras gramaticais, estruturas constitutivas formais estudadas pela linguística.
CIRCULAÇÃO E VELOCIDADE DA ECONOMIA DA ORALIDADE
A circulação de informação e de conhecimento é um fenômeno econômico gerador de riqueza e valor que se dá pelo movimento promovido pela interação entre os atores envolvidos em cada propósito e isso se materializa essencialmente pela oralidade.
Assim, como a informação é a moeda da internet, a palavra é a moeda da oralidade e a oralidade a moeda da Nova Economia.
Pondera-se que estas áreas econômicas integrantes da Nova Economia adquirem sentido, alcançam objetivos e cumprem propósitos, cada uma de acordo com suas singularidades, entre outros fatores geradores de riqueza e de valor agregado, a capacitada socioeconômica motriz da Economia da Oralidade.
Apesar do fenômeno ser pouco perceptível, a informação, o conhecimento, a criatividade, comportamento, cada qual enquadrada na sua área econômica específica e nas suas relações convergentes e congruentes, são basicamente mobilizadas por meio dos fluxos dialógicos, intercâmbios conversacionais, pela boa conversa.
Para contextualizar e clarificar a argumentação. Um conjunto de informações sejam registradas numa publicação, sejam armazenadas num meio digital, somente adquirirem utilidade ao serem ativadas por meio do ato da leitura, da decodificação das informações para serem trabalhadas, deixando o estado de inércia que é quando os dados estão apenas armazenados, sem uso naquele momento. Assim como quanto maior for a circulação de moeda maior será a saúde econômica, assim também se dá quanto a circulação da oralidade eficaz.
Quanto mais diálogos e conversar representativas de valor, maior será a saúde socioeconômica.
A Teoria Quantitativa da Moeda conceitua que o nível dos preços é determinado pela quantidade de moeda em circulação e pela sua velocidade de circulação. (Wikipédia)
Assim podemos parafrasear este conceito, dizendo: Que o nível dos valores da oralidade é determinado pela quantidade e pela velocidade de circulação de palavras assertivas para cada contexto e circunstância.
Quanto maior for a circulação de moeda maior será a saúde econômica, assim também se dá quanto a circulação da oralidade.
Quanto mais deixamos de investir na circulação de moedas, aguardando-as nos “cofrinhos”, ou mesmo apostarmos no mercado de capitais, menor será a produção de bens e serviços, sejam tangíveis ou intangíveis, menor será o desenvolvimento econômico efetivo.
Assim também se retivermos a circulação pela Economia da Oralidade por meio da informação, conhecimento, criatividade, entre outras área especialmente da Nova Economia, maior será a emissão de mensagens sofistas, mentiras com aparência de verdade, notícias falsas, o que correspondem as moedas falsas, causadores de imensuráveis damos a economia, menor será também o avanço econômico.
INCENTIVO NA ECONOMIA DA ORALIDADE
Alerta-se que a teoria que corresponde à Economia da Oralidade está apenas nascendo, mas é possível antever que a tamanha que vai ocupar é de difícil mensuração.
Como ciência da economia é, a princípio, um conjunto de ferramentas e não uma matéria em si, nenhum tema, por mais alheio que lhe pareça, deve ser considerado fora do seu alcance, conforme afirma Steven D. Levitt em seu livro FREAKONOMICS.
Com base na afirmação de que economia é o estudo dos incentivos, ou seja, como os indivíduos conseguem o que desejam, ou aquilo de que necessitam, considerando também quando outras pessoas desejam o mesmo ou necessitam dela.
Um incentivo é um objeto de desejo tangível ou intangível, uma chave que abre o baú de tesouro do pensamento, uma mola propulsora e impulsionadora da Nova Economia viabilizada pela oralidade, especialmente pelo poder semântico da pela palavra-chave, capaz de transformar contextos e circunstâncias socioeconômicas.
As informações, o conhecimento, a criatividade, os aspectos comportamentais, colaboratividade e assim por diante, são mobilizados pelo exercício dialógico, da conversação, da troca de informações e conhecimentos, geradores eficazes e eficientes de incentivos necessário ao crescimento econômico.
Neste sentido a oralidade cumpre integralmente este propósito de persuadir os ouvintes a fazer aquilo que o orador está afirmando.
Isto se dá invariavelmente através de um dos seus segmento mais nobres da oralidade, a oratória, entendida como a arte da persuasão.
Incentivos são meios para estimular as pessoas desejem realizar tarefas que beneficiem a si mesmas e à sociedade, minimizando fazer o que aquilo que não tem valor econômico.
A Economia da Oralidade trata, entre outras múltiplos aspectos e cenários, as relações humanas no âmbito socioeconômico em geral e particularmente o que chamamos de negócio gerado pelo propósito principal da troca de valor, entre as partes envolvidas.
Um dos principais objetivos da Economia da Oralidade por intermédio do Design da Oralidade é projetar a Marca Vocal Corporativa, como fator de influência para incentivar a decisão de compra de produto ou serviço oferecido os seus públicos.
Todo o incentivo é um inerentemente uma compensação; o segredo é equilibrar os extremos.
Ela deve identificar seus pontos de contato que sirva para melhorar os relacionamentos, construir significado e agregar a Marca Vocal Corporativa sintomatizada e harmonizada com as características linguísticas da corporação para lhe dar personalidade, visando garantir maior precisão, autenticidade e embatia com os seus públicos.
ASSIMETRIA DA INFORMAÇÃO NA ECONOMIA DA ORALIDADE
O consumidor procura um especialista por entender que ele tem informações necessárias sobre aquilo que precisa para resolver o seu problema.
É comum que um especialista numa relação profissional tenha mais informação qualificadas do que o demandante.
Na linguagem dos economistas isso é definido como assimetria das informações.
Considera-se que em especialista ou alguém saiba mais do que outro, geralmente o demandante, o consumidor.
Com o surgimento da internet a diferença entre o especialista detentor das informações e o demandante tem diminuído significativamente.
A internet de uma maneira revolucionária e extremamente eficiente de transferir informações de quem as possui para quem necessitas delas, reduzindo de consideravelmente a diferença entre o especialista e o leigo.
Com as mais variadas plataformas digitais o leigo pode imediatamente confrontas a assimetria das informações que é quando o especialista usa sua condições de possuir de informações para que o leigo necessitado dele.
Imaginemos um professor em sala de aula venha dispor suas informações, seus conhecimentos aos alunos, digamos, num quadro negro, como antigamente, embora ainda em muitos lugares este cenário ainda exista. De forma imediata e sincronicamente o aluno estará acessando todos os dados disponíveis pela internet, sem muito esforço.
Convenhamos, este cenário mudou quase toda a relação entre as partes e que para sobreviverem, terão que mudar de postura e adotar um novo modelo mental e comportamental.
Assim, como a informação é a moeda da internet, a palavra é a moeda da oralidade e a oralidade a moeda da Nova Economia.
Por isso, com a Economia da Oralidade há a necessidade de saber adequadamente, considerando a mudança dos cenários comunicativos diante das relações dialógicas, conversacionais.
Refletor a maneira de pensar, planejar e criar discurso apropriados aos novos tempos, considerando a estrutura que as pessoas em geral possuem para recepcionarem mensagem, e a partir dos seus comportamentos diante dos contextos e circunstâncias na pós-modernidade.
APRENDIZAGEM DO OUVIR É ESSENCIAL
Se aprender a falar é o primeiro passo, a aprender a ouvir é o segundo passo e, com certeza, uma das questões centrais no desenvolvimento humano. Ao ouvir, aprendemos mais a pensar do que falar.
O começo do bem viver é bem ouvir. Alfred Tomaris afirma: “Quanto mais estudo audição, mais convencido fico de que aqueles que sabem ouvir constituem as exceções”.
Perceber, entender, compreender, dar atenção, valorizar, respeitar o direito do outro de se expressar até às últimas consequências, mesmo sem necessariamente concordar com o que está sendo dito. Apesar de ser tão natural, a habilidade de ouvir é um dos maiores obstáculo ao desenvolvimento humano. Ouvir é interpretar os significados das palavras ditas. Situa-se na área da Semântica. É o percurso que os sons inteligíveis fazem no processo cognitivo da compreensão da mensagem.
Já o escutar está relacionado com o contexto existencial da alma do ouvinte, vinculando fenômenos mentais, emocionais, da vontade, do temperamento, do humor, implicando no ato de se colocar no lugar do outro, da empatia que vem a ser ajustar-se ao estilo, ao momento psicológico, crenças e valores do interlocutor e assim conseguir melhor o entendimento.
Apesar de nossa anatomia, nossa constituição nos prover com uma boca e dois ouvidos, normalmente preferimos mais falar a ouvir.
O excelente comunicador é, acima de tudo, um bom ouvinte, o que exige uma série de posturas e atitudes externas e principalmente internas. Ouvir não significa simplesmente acompanhar o que o falante está dizendo, mas aceitá-lo como ele é, entender os seus contextos e circunstancias, com suas virtudes e defeitos, crenças e emoções, valores, conceito e preconceito.
Se desejarmos ouvir o outro de verdade, primeiro é necessário querer e esse querer precisa ser uma vontade genuína que não nos fará desistir diante da primeira dificuldade.
Mas, por que ouvir é tão importante?
Porque o ato de ouvir carrega em si uma profunda capacidade relacional.
As pessoas às quais recorremos quando precisamos de ajuda são justamente aquelas que têm a disponibilidade para nos ouvir incondicionalmente, sem julgamentos ou interrupções, sem a cobrança de um papo interessante ou de entreter os que nos ouvem.
Quando somos ouvidos, as ideias começam a nascer dentro de nós, inspirando-nos certa confiança e permitindo que nos desenvolvamos como pessoas, como cidadãos participativos da Sociedade.
É necessário que o ouvinte aprenda a negar-se a esvaziar-se de si mesmo, das suas ideologias, do seu repertório existencial, das suas referências de vida, da sua visão de mundo, durante o momento sublime da audição.
Se formos ouvidos com atenção, certamente respiraremos de forma mais livre, teremos mais vitalidade e uma melhor qualidade de vida.
Como disse Voltaire, “o ouvido é o caminho do coração”.
Algumas sugestões importantes para quem, de fato, deseja ouvir outra pessoa e, a partir daí, abrir as portas para o relacionamento saudável. Preste muita atenção em todos os detalhes do interlocutor. O corpo fala, mas principalmente em todos as tonalidades sonoras, as variadas entonações emitidas por ele. Tenha paciência, saiba decifrar os momentos de silêncio da outra pessoa, entenda as pausas. Esforce-se para perceber a comunicação nas entrelinhas, possíveis medos, preconceitos e atitudes da outra pessoa.
Procure identificar os momentos de convergência com o seu interlocutor, evitando entrar em discordância. Respeite as opiniões dele, exercite a tolerância com as pessoas que pensam de forma diferente da sua, considerando como ele é, e não como gostaria que ele fosse.
Gere ambientes que favoreçam o outro a expressar suas ideias e opiniões; saiba ter tato para lidar com a contrariedade. É aconselhável concentrar as diferenças no campo das ideias e evitando que sejam tratadas no âmbito pessoal.
Assegure-se de que você compreendeu exatamente o que o seu interlocutor queria falar; peça que repita, questione, faça perguntas, evite, ao máximo, interpretações precipitadas, incorretas.
Faça perguntas abertas e que comecem com por quê? como? quando? onde? o quê? Evite perguntas fechadas, que levam a uma resposta simplista, sim ou não.
Procure refletir e reordenar as ideias do interlocutor com as palavras que ele mesmo disse, confirmando-lhe que está entendendo e acompanhando o seu raciocínio. Crie uma sintonia com o outro, para que haja um ambiente saudável em que todos fiquem à vontade e assim seja gerado um ambiente em que a comunicação possa fluir eficazmente.
OUVIR É UMA HABILIDADE RARA, RARÍSSIMA
Estamos avançando, é verdade, nas mais diversas possibilidades de relacionamentos virtuais, mas estamos deixando de usufruir do valor do diálogo, da conversa, do poder da palavra falada e ouvida, na nossa essência humana.
Com isso estamos abrindo mão de uma das mais fundamentais características da nossa humanidade que é a arte de ouvir.
Raras são as pessoas que se dispõem a ouvir exatamente o que a outra está transmitindo. Um dos maiores desafios da comunicação é o de como o receptor ouve o que o emissor fala, já que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento. Diante deste diagnóstico, podemos identificar que o receptor não ouve o que o outro fala por diversas razões. Por isso, vamos enumerar na sequência. Normalmente ele ouve:
Esses pontos mostram como é raro e difícil conversar. Como é raro e difícil se comunicar!
O que ocorre, normalmente, são monólogos simultâneos como se estivessem conversando, ou são monólogos paralelos, como se estivessem dialogando. O próprio diálogo pode haver sem que, necessariamente, haja comunicação. Pode haver até um conhecimento a dois, sem que necessariamente haja comunicação.
A comunicação ocorre somente, e tão somente, quando dois indivíduos verdadeiramente ouvem-se, buscanco compreender, em toda sua extensão e profundidade, o que o outro está dizendo exatamente. Como afirma a professora, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé: “Que a palavra em si mesma não é nada, o que vale é o acordo que estabelecemos para nos comunicar.”
Para ouvir é indispensável eliminar da mente todos os ruídos e interferências do próprio pensamento, durante a fala do interlocutor. Ouvir implica em uma entrega ao outro, uma diluição nele. Daí a dificuldade de as pessoas inteligentes efetivamente ouvirem. A sua inteligência em funcionamento permanente, o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interfere como um ruído, na plena recepção daquilo que o outro está falando.
Sabedoria, sim, é a característica própria e reveladora de um bom ouvinte. O desafio de abrir-se para o seu mundo interior; de um impulso na direção do próximo, do interlocutor, de uma comunhão com ele, de aceitá-lo, como é e como pensa.
Depois que a pessoa aprende a ouvir, ela passa a fazer descobertas incríveis, escondidas em tudo aquilo que os outros estão falando. Um novo mundo de possibilidades se descortina com a aquisição da arte de ouvir. É o caminho seguro do poder que a palavra falada tem na vida da gente. Ouvir é raridade. Ouvir é ato autêntico de sabedoria.
FUNCIONAMENTO COGNITIVO DA ORALIDADE
Em entrevista que nos concedeu, o psicanalista e escritor Augusto Cury contribuiu com a fundamentação de uma das linhas de estudo da Economia da Oralidade: o funcionamento cognitivo da linguagem articulada pela voz.
Ele nos explica que a palavra falada é a expressão plena do pensamento dialético, que é o pensamento que copia os símbolos do som, da voz, compreendido na perspectiva da Economia da Oralidade como a última instância do processo comunicacional.
O pensamento dialético é o pensamento que financia a comunicação social, gera toda a racionalidade dialética e subsidia a produção científica e coloquial do conhecimento. Têm natureza virtual e são produzidos através das leituras dos pensamentos essenciais.
O pensamento anti-dialético é o pensamento mais profundo, é o pensamento que você não precisa de um código, você vê por múltiplos ângulos o mesmo fenômeno, ele não mimetiza, não copia os símbolos da linguagem sonora ou visual. Têm natureza virtual e são produzidos a partir da leitura dos pensamentos essenciais e das emoções e motivações.
Os pensamentos dialéticos provocam um reducionismo intelectual quando definem os pensamentos anti-dialéticos que são usados na produção das idéias, das grandes idéias. Embora seja o mais profundo, não é o mais prático. Já o pensamento mais bem formatado é o pensamento dialético, o que copia os símbolos da língua.
O pensamento dialético que mimetiza o código é usado na escrita, no diálogo, na execução de tarefas. A palavra falada é automaticamente assimilada e ganha significado.
A palavra falada é incorporada primeiramente pelo sistema auditivo, que aciona milhares de estímulos no processo comunicacional, formando a base da plataforma das janelas do córtex cerebral, que dará sustentabilidade à compreensão dos milhares ou milhões de sons com que nós temos contato.
Ela é recepcionada pelo ouvido externo, passa pelo ouvindo médio e o interno, percorre a cóclea, é direcionada para a medula central, atinge o corpo todo, vai para o área auditiva do cérebro que mimetiza, copia os códigos sonoras para gerar a compreensão.
São essas janelas contendo milhares e milhões de informações que definem o tempo espacial dos verbos, amarrando-os num pronome, num substantivo e num adjetivo, formando as cadeias de pensamentos.
É um processo automático e involuntário, através desta relação estreita entre a auto checagem da memória e a abertura de múltiplas janelas da memória.
VISÃO TEOLÓGICA DA ORALIDADE
No princípio era o Logos, expressão grega que significa palavra e que através de filósofos como Heráclito de Éfeso (por volta do séc. VI a.C.), veio a ter o conceito de razão, daí logia, lógica, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.
O Verbo, compreendido como o som inaudível, matriz central da expressão plena do pensamento do autor da existência, a partir daquele que precede a tudo, o Originador de todas as coisas.
Na Teologia Cristã, o conceito filosófico do Logos viria a ser adaptado no Evangelho de João. O evangelista se refere a Jesus Cristo como o Logos, isto é, a Palavra: “No princípio era o Logos, e a Logos estava com o Deus, e a Logos era Deus” (Há traduções do Evangelho em que Logos é o “Verbo”).
No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito.
No início do livro de Gênesis está escrito: Os céus e a terra eram sem forma, vazia e escura. O Espírito de Deus pairava (vibrava) sobre eles – e só então que Deus disse: “Haja luz “e houve luz.
Ainda neste mesmo livro, Deus dá autoridade para o homem dominar sobre toda a criação, através do poder do Verbo, da palavra falada, e determinando ao homem a tarefa de nomear (afirmar a existência de algo), os animais, as aves dos céus e todas as feras selvagens, fazendo com que o homem exercesse a condição de co-criador.
Ainda nas Escrituras Sagradas Deus afirma o caráter eterno da Palavra, quando Deus diz: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras são eternas”.
Outras citações que atestam o poder transcendente da palavra falada e ouvida:
Prov. 18.21 – A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.
Existem algumas coisas que, depois de atiradas, não existe mais volta. Duas delas são a “flecha lançada” e a “palavra falada e ouvida”.
Porém, existe uma diferença básica entre a flecha e a palavra. A flecha quando atirada, pode ou não acertar o seu objetivo, o alvo, que pode ser de madeira, pode ser uma animal, um ser humano, uma árvore, ou seja, qualquer coisa.
Entretanto, a palavra quando é lançada, sempre acerta o alvo, o coração de alguém, pelo ouvir. Quando alguém lança uma palavra, ele não errará, acertará, com certeza, o seu objetivo, ou seja, alguém será atingido, pelo ouvido.
E, como a palavra tem poder, o seu lançamento pode provocar vida ou morte.
Ela provocará vida ao ser ouvida quando representar elogio, força, afeto, carinho, compreensão, conselho, ou seja, quando estiver implícito, neste lançamento, o amor.
Ela provocará morte ao ser ouvida quando representar crítica, desânimo, amargura, ciúme, incompreensão, isto é, quando estiver implícito, neste lançamento, intolerância.
A grande verdade é que as pessoas esquecem, por completo, que podemos coisas maravilhosas e terríveis com aquilo que dizemos.
Quantas pessoas ouvem, durante uma vida, que não são capazes, que são burras, que são preguiçosas, que não vão chegar a lugar nenhum, que são incompetentes, e por aí vai. Ouvem tanto este tipo de coisa que, a partir de um determinado momento, acabam acreditando.
Quantos relacionamentos vão sendo minados, nem tanto pelas brigas em si, mas pelas coisas pesadas que são ditas e ouvidas durante o desentendimento. Às vezes, os motivos das desavenças nem são muito graves, porém o que foi dito um para outro deixa marcas fortes.
O que estamos tentando dizer é que podemos edificar através daquilo
que dizemos aos outros (ouvintes), como também podemos destruir.
E vocês já reparam como existem pessoas que vivem para destruir os outros através da língua. Vivem criticando, colocando defeitos, murmurando, procurando confusão, não são compreensivas, dizem palavras de humilhação.
Entretanto, o que essas pessoas não percebem é que os maiores prejudicados com esse tipo de atitude, são elas próprias, isto é, se você usa as suas palavras para construir, abençoar, consolar, dizer coisas que edifiquem, você estará plantando para colher bênçãos para a sua vida, porém, se você usa a sua língua para destruir, a sua colheita será de frutos podres.
Todo dia quando saímos, para trabalhar, estudar, ou qualquer outra atividade, podemos fazer esta escolha. Sair com a língua afiada dizendo somente coisas ruins, ou sair de forma prudente, vigiando o que dizemos, procurando iluminar o lugar onde estamos. A escolha é nossa, mas não podemos esquecer que colheremos o que plantarmos.
Vamos refletir outros versículos abordando o poder da oralidade:
Outras pensamentos:
DIREITO DE PROPRIEDADE DA ORALIDADE
A voz como recurso da fala é um bem inato, porém a oralidade é uma habilidade que se adquire nas interações sociais.
Todos podem ganhar níveis competência da oralidade, mas o direito de usa-la depende de diversas variáveis que envolve a posição que se ocupa em determinada comunidade, as funções que o falante exercer,
A escrita teve seu grande auge com a invenção da imprensa e a primeira obra a ser imprensa foi a Bíblia Sagrada.
Muitos idiomas, a exemplo do Guarani, se consolidaram como língua, somente após ter sido traduzida a Escritura Sagrada.
Outro aspecto interessante é que concepção oriental da extensão da Oralidade. No oriente a fala, a declamação, a recitação, o canto são gêneros de manifestação da Oralidade.
Os salmos são textos produzidos para serem oralizados, mas também sobretudo para serem cantados.
A relevância da Oralidade na existência humana é vital, por isso estuda-la é uma necessidade científica tão importante quando as grandes descobertas da humanidade.
O mundo visível e aquele que não podemos ser fisicamente estão sob e sobre a batuta da Oralidade.
LIDERANÇA SITUACIONAL NA NOVA ECONOMIA
Considera-se entre os diversos tipos de lideranças, o papel do líder na pós-modernidade da liderança situacional.
Segundo França (2002, p. 259) “a liderança é um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas”. O fator chave na liderança situacional é a necessidade do líder desenvolver sua sensibilidade e percepção, diagnosticando sua equipe para que possa definir como irá se comportar, pois em qualquer situação a liderança deve realizar suas funções de gerir a atenção concentrada em objetivos e resultados.
Este trabalho justifica-se pela necessidade das organizações avaliarem as estratégias e o comportamento dos seus líderes na tomada de decisão. A pesquisa visa mostrar o potencial dos futuros lideres, e como se comportam em situações adversas, ou seja, situações que não costumam vivenciar na organização.
De acordo com Marques (2014), Liderança Situacional consiste na liderança que é moldada pela situação apresentada, ou seja, o líder tem a capacidade de adequar-se ao momento, e dentro desta dinâmica, ele consegue delegar e motivar seus colaboradores para que reajam positivamente, deem o seu melhor e alcancem os resultados esperados. Oferece aos líderes maior compreensão de relação entre um estilo de liderança eficaz e o nível de maturidade dos seus liderados. Ainda conforme o autor, a forma de gestão do líder situacional é diferenciada, pois este consegue ditar as tarefas de forma flexível, dando aos colaboradores a oportunidade de realizarem seu trabalho ao mesmo tempo em que monitora seus desempenhos. As organizações querem líderes que motivem, envolvam e inspirem o grupo, que consigam lapidar os talentos e que descubram novos potenciais, numa relação onde todos ganham.
Segundo Silva (2014), o fator chave na liderança situacional é a necessidade do líder desenvolver sua sensibilidade e percepção, diagnosticando sua equipe para que possa definir como irá se comportar, pois em qualquer situação a liderança deve realizar suas funções de gerir a atenção concentrada em objetivos e resultados.
Segundo França (2002, p. 259) “a liderança é um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas”.
A Economia da Oralidade é que vem suprir a demanda da liderança situacional. Como ele depende da competência, usando as expressões de Marques, de ditar as tarefas de forma flexível. Líderes que motivam, envolvam e inspiram o grupo têm neste setor econômico o conhecimento para o exercício da demanda da liderança em si e em especial da liderança situacionada.
Além dos aspectos pontuados por Silva e a sentença de França reitera a transversalidade da Economia da Oralidade, pois conceitua a liderança como um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas e isto se dá predominantemente por meio da esta modalidade do uso da língua.
COMO SURGIU A IDEALIZAÇÃO DA ECONOMIA DA ORALIDADE
Para contextualizar o surgimento da Economia da Oralidade, me posiciono como um personagem real que conta sua vivência, suas experiências com a voz humana, contextualizando os seus aspectos socioeconômicos.
Convido você, leitor, a realizar também na sua linha do tempo, a sua jornada ao longo da sua história, para rememorar sua trajetória de existência, elencando os seus principais personagens que ajudaram a construir sua personalidade, com todos os percalços e virtudes, os seus cúmplices de caminhada.
Nasci no ano bissexto de 1956, no dia 10 de abril na Rua Prudente de Moraes 405, esquina com a Rua Padre Agostinho, às 19 horas e 15 minutos, em Curitiba, durante a transmissão da “A voz do Brasil”.
Foi o início do mandato presidencialista de Juscelino Kubitschek (21º presidente), considerado um dos maiores mandatários do País. Elvis Presley estava lançando no Single Heartbreak Hotel, seu primeiro sucesso. Mel Gibson havia nascido um pouco antes de mim, em 03 de fevereiro de 1956. O Pelé havia iniciado sua carreira no Santos Futebol Clube, aos 16 anos. John Austin havia formulado a teoria do ato de fala.
Vivíamos a “Era de Ouro” do rádio. Naquele tempo, era o rádio e por vezes a radiola que ocupavam lugares de destaque nas salas das casas brasileiras e, aos poucos, os aparelhos de TV também ganhavam seu espaço, sem que o rádio deixasse de manter sua relevância e a sua capacidade de influir no comportamento da Sociedade, ditando os modos e as modas da época.
As grandes vozes tomavam conta da paisagem, predominantemente sonora, sejam os cantores, humoristas, declamadores de poesia, os narradores esportivos, os apresentadores de programas de rádio, incluindo programas de auditório. Passávamos horas ouvindo rádio e isso certamente causou um impacto definitivo na minha vida e da Sociedade da época.
Transmitindo ideologias, estimulando a capacidade de consumo através dos chamados reclames, da publicidade sonora associada visualmente às publicações impressas.
As pessoas consumiam as programações radiofônicas alternando sua audiência através dos discos de vinil em 33, 45 ou 78 rotações.
Toda essa sonoridade causava um significativo impacto nos ouvintes, ativando seu imaginário, fosse pelas ondas hertzianas emitidas pelo rádio, ou pelos discos em acetato, tocados pelas proeminentes radiolas, empreendendo `viagens sônicas` aos mais diversos e variados lugares do nosso imaginário.
As ondas sonoras me arrebataram para um mundo de imagens construídas pela vibração física de natureza sonora.
A televisão estava bem no começo, dando seus primeiros passos, modelada e forjada pela estrutura radiofônica.
O rádio, em algumas regiões brasileiras como as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, profissionalizou-se qualitativamente e quantitativamente, alcançando resultados econômicos expressivos.
A publicidade sustentava o veículo com um casting de profissionais, com rádio atores, cantores, artistas, locutores, repórteres, produtores.
No ano em que nasci, já havia pouco mais de 140 mil aparelhos de TV no Brasil. Chacrinha fazia sua estreia na TV Tupi, com o programa “Rancho Alegre”. O teatro, contando com grandes nomes que se consagraram, como Tônia Carrero… e o cinema ditava a moda e o comportamento de consumo das pessoas em geral.
Nesse cenário, nesses contextos e circunstâncias surgiu a minha paixão pela voz humana. Ela se manifestou na primeira infância, principalmente estimulada pelas programações radiofônicas nos anos 60. Fui privilegiado em ouvir as histórias contadas pela minha avó paterna, Zaquie Cury, especialmente pela coleção nominada “Tesouros da Juventude”. Como me deliciava ouvir os contos como “Os Três Porquinhos”, “Chapeuzinho Vermelho”. “João e Maria”, entre tantas outras histórias inesquecíveis.
Durante minha primeira infância, apreciava muito ouvir as conversas dos adultos, apesar de me relacionar bem com as crianças da minha faixa etária. Era muito frequente ficar ouvindo minha mãe, Neusa e da minha vó, Zaquie com suas amigas. Elas passavam longas tardes conversando sobre assuntos diversos, normalmente tomado um café árabe que era feito sem coar, comendo bolos feitos por vovó, recheados com creme e cobertos com coco ralado, que servia bolachas de manteiga, além de outros quitutes, aliás muito gostosos como podemos imaginar.
E eu sempre participava com as minhas histórias que, apesar de criança, já tinha meu modesto repertório. Prestava muita atenção, não necessariamente ao que elas falavam, por se tratar de assuntos de mulheres adultas, mas como contavam as suas histórias, experienciais, vivências.
Invariavelmente se emocionando, indo às lágrimas; em outros momentos, dando sonoras gargalhadas, ainda dramatizando os acontecimentos, contados aos moldes das grandes radionovelas da época.
Lembro-me de minha mãe dizer que eu já era falante, antes mesmo de andar. Eu mesmo não me lembro disso. Recordo-me de quando tinha meus quatro anos de idade, numa daquelas reuniões da minha avó com suas amigas, uma delas, Dona Zahi, de origem árabe, fez um comentário: “Este menino sabe conversar bem. Ele é muito inteligente”.
Apesar da singeleza da afirmação da Dona Zahi, esta observação marcou e reforçou esta característica da minha personalidade e me estimulou a desenvolvê-la cada vez mais, além de me levar a perceber a paixão pela voz humana.
A partir desse momento, passei a investir na minha Oralidade.
E você leitor? Sugiro que dê uma breve pausa pra trazer à lembrança algo que marcou sua primeira infância. Com certeza, sempre há momentos significativos nesses primeiros anos de vida. Você pode ter recebido um elogio sobre alguma característica da sua personalidade, com repercussão na sua vida pessoal e profissional. Talvez você não tenha se dado conta de ter despertado um interesse por algo naqueles anos e que pode readquirir significado hoje?
Este exercício será importante para a proposta da Economia da Oralidade.
Além das conversas femininas, também apreciava estar nas rodas masculinas, dos mais velhos. Costumeiramente ficava na sala de visitas de meu avô paterna, Jorge Cury, do qual herdei o nome, ouvindo as conversas entre ele e meu pai, Getúlio, meus tios, irmãos de minha avó, acompanhado de seus amigos. Eles falavam sobre diversos assuntos, principalmente sobre política e Economia no País e fora do Brasil, conflitos no Oriente Médio, assuntos de medicina e tantos outros.
Só que, nesse cenário, raramente eu contava as minhas histórias. Já era uma concessão ficar ouvindo. Naquela época, anos 60, não era permitido crianças participarem das conversas dos mais velhos.
Nas conversas entre os homens, o que me chamava atenção, era a eloquência de muitos deles, como defendiam com convicção os seus pensamentos.Era comum as vozes se alterarem, na tentativa de persuadir o grupo sobre seu posicionamento em determinada área do conhecimento. Além disso, prestava atenção ao timbre das vozes, e como determinados tons vocais tinham predominância sobre outros, associado à mensagem lógica, inteligente e consistente.
Observava que timbres fortes, com predominância para o grave, tinham presença marcante.
Esta foi uma característica adotada pelo rádio. Vozes graves para imprimir mais autoridade, pois, a
“comunicação presencial e interpessoal, matriz do processo de relações sociais, à medida que recebe o concurso da técnica, chegando ao que se denomina como a fase da comunicação coletiva, efetiva um novo modo de se compreender a comunicação na sociedade e especialmente neste século.” (SOUSA, 2006)
Já, segundo Mauro Sousa, 2006, a
“comunicação presencial e interpessoal, matriz do processo de relações sociais, à medida que recebe o concurso da técnica, chegando ao que se denomina como a fase da comunicação coletiva, efetiva um novo modo de se compreender a comunicação na sociedade e especialmente neste século.”
E você, leitor, deve ter muitas recordações, também. Peço que reflita com serenidade, sem pressa, dando mais uma pausa neste leitura, para trazer à memória a sua trajetória de vida, ainda da primeira infância, nos cenários que você viveu.
Proponho que me acompanhe nesta jornada existencial.
No convívio familiar era frequente ouvir a declamação de belas poesias pelos meus tios, irmãos da vovó e pelos meus pais, que certamente me motivaram a me interessar pelas inflexões, entonações das vozes com apurada técnica, própria daquela época, daquela cultura.
Minha mãe, Neusa Gil Cury, era poeta e meu pai, Getúlio Cury, declamador de poesias. Ele apresentava, na década de 50, pela Rádio Tingui – Curitiba, um programa de declamação de poesias nominado “Acordes do Coração”. Aliás, o nome do programa foi dado pela minha mãe.
A declaração de poesia é uma das atividades culturais mais eficazes para capacitar-nos a desenvolver nossa Oralidade. Ela habilita a transmitir com musicalidade, com melodia, as nossas interações, determinando nossa capacidade de expressar a exata intencionalidade do que queremos comunicar.
Lembro-me da inauguração da televisão em Curitiba, em 1960.
Muito poucos aparelhos disponíveis. Era um luxo ter uma televisão na sala de casa e este era o privilégio de um tio, Rafi Salum, irmão de minha avó paterna. Assim, frequentemente, íamos assistir TV na casa dele. Era um deslumbramento. A isso deu-se o nome de “televizinho”. A programação de televisão iniciava lá pelas seis da tarde e encarava a meia noite.
Por isso, escolhi ser radialista e jornalista e, em grande monta, influenciado pela carreira profissional de meu pai, Getúlio Cury, mas, sobretudo por paixão pela comunicação manifestada pela voz.
Outra característica pessoal, pouco comum das crianças daquela época, era o hábito de manter longas conversas com os adultos, incluindo os vizinhos, especialmente da terceira idade, como era o caso do compositor, músico e historiador Mário Rosa, conhecido como “seo” Rosa. Ficávamos conversando por muitas horas. Lembro-me de que, por vezes, só percebia quanto tempo havia passado ao chegar o crepúsculo do dia, ele debruçado na janela de sua casa que dava direto pra calçada e eu na calçada. Isso lá pelos meus 7 anos de idade e ele com os seus 70 e poucos anos.
Não era o único amigo dessa faixa etária. Havia outros tantos, como o Wilson, Sidney, Zacarias, além dos amigos de meu pai Getúlio e de meu avô Jorge.
O assunto geralmente era sobre futebol, mas também contavam muitas outras histórias.
Lembro-me com muito carinho das minhas primeiras professoras. A professora que era Diretora do “Grupo Escolar Professor Cleto da Silva”, em Curitiba, Ruth Shell. Sua postura para nós, crianças de 7 e 8 anos de idade, impunha respeito e autoridade. Quando nos abordava, a gente ficava muito intimidado. Além dela, a professora Miriam Zarur. Esta, apesar da postura severa, tinha um tratamento especial para comigo. Eu era o que chamávamos, na época, “peixinho” da professora. Até hoje me vêm aqueles vozes femininas à minha memória.
E você? Vamos lá, trazer à memória, como eram seus relacionamentos com os adultos: você conversava com eles? Se “sim”, lembra-se de quais eram seus assuntos prediletos? Se “raramente”, o que você ouvia, e lhe causava interesse? Você se lembra dos seus professores, geralmente do gênero feminino?
Por isso, escolhi ser radialista e jornalista e, em grande monta, influenciado pela carreira profissional de meu pai, Getúlio Cury, mas, sobretudo pela paixão pela comunicação manifestada pela voz. Com a decisão tomada de ser um comunicador, tive a oportunidade de iniciar a carreira, em 1972, na Rádio Marumby de Curitiba, na função de “rádio escuta”.
O “rádio escuta” é uma atividade dentro do rádio esportivo que acompanha os resultados parciais e finais dos jogos para o plantão esportivo informar aos ouvintes durante a jornada esportiva principal. Com isto, ainda que sem a intencionalidade de hoje, estava dando início, no ano de 1972, à pesquisa, ao ouvir as mais variadas vozes da época, os grandes profissionais do rádio esportivo brasileiro.
Dedicava-me, por muitas horas do dia, a ouvir, especialmente, os narradores esportivos da época, além dos comentaristas e repórteres, procurando apreciar os estilos de cada um que transmitia os jogos com muita precisão, emoção e qualidade artística admiráveis. Ocupava-me em identificar, além dos estilos, da escola a que cada um pertencia, a partir de mestres que eram consagradamente reconhecidos.
Passava horas ouvindo, analiticamente, as expressões que cada um usava e como inflexionavam determinadas palavras que se constituíam suas marcas vocais, seus bordões, que facilmente identificavam aqueles profissionais.
Iniciei a carreira de repórter na Rádio Cultura em 1973, oportunidade em que dei início à pesquisa de campo sobre comunicação no rádio e na televisão esportiva.
Uma das minhas atividades era realizar entrevistas com jogadores, treinadores, dirigentes e até torcedores, após os jogos, para repercutir no programa “Viva o Futebol”.
Durante os jogos, visitava seguidamente as cabines de rádio nos estádios para pesquisar e estudar as performances, principalmente dos narradores esportivos, mas também dos comentaristas, repórteres e plantões.
Em setembro de 73, iniciei-me na função de repórter na Rádio Cultura do Paraná (Programa “Viva o Futebol” de Dirceu Graeser) e, no ano seguinte, na TV Paranaense – Canal 12 (Programa “Domingo Alegre” de Mário Vendramel), além de iniciar-me como narrador esportivo na Rádio Marumby.
Dando um salto na minha histórica, apesar da permanente atuação no rádio e na televisão, destacando programas de sucesso, como a “Gazeta do Rádio” pela Rádio Colombo do Paraná, a premiação como “Repórter do Ano” pela promoção anual do jornal “Diário Popular”, criação da área de Rádio no Tribunal de Contas do Paraná e a fundação da primeira agência de notícias voltada ao rádio no Paraná e a segunda no Brasil, a “Central de Radiojornalismo”.
A pesquisa permanentemente realizada no meio de rádio e em especial no rádio esportivo, gerou uma série de fenômenos relevantes para subsidiar esta área do econômica, a Economia da Oralidade. Entre esses, o uso de expressões-chave, os bordões, jargões, figuras de linguagem, entre as quais as metáforas.
Além do rádio e do rádio esportivo, também buscava extrair material das letras de músicas, da poesia, da prosa, de outro lado, também, do humor com os seus personagens.
Nasci sob os acordes das ondas hertzianas, vi a televisão nascer. Testemunhei boa parte da era de ouro do rádio, o início da televisão, o avanço dela e os novos desafios da radiofonia.
A voz, no seu célere percurso ao longo da História, perpassando diversas mídias. Do telefone à Internet.
Confesso que hoje exerço a profissão com muito entusiasmo e, por isso, tenho sistematicamente me dedicado ao estudo, à pesquisa da palavra falada, ao seu poder comunicacional, seus significados, suas manifestações, seus elementos, suas características, como se dá seu funcionamento e suas aplicações midiáticas.
Após diversas oportunidades, palestrando sobre temas de interesse das áreas de radiodifusão, radiojornalismo e, mais recentemente, sobre novas mídias, principalmente pelo intenso interesse em estudarmos e pesquisarmos permanentemente sobre os mais variados aspectos do poder comunicacional da palavra falada, decidimos, em 2010, dar início à carreira de palestrante e consultor sobre o tema intitulado: Voice Design, O Poder da Palavra Falada Aplicada.
Estes estudos e pesquisas no campo da Semiótica, da Sintaxe, da Semântica, da Oralidade, da Linguística, da Fonologia, da Fonética, da Neurolinguística, da Neurociência, da Psiquiatria, da Hipnose, da Musicalidade, da Sonoridade, da Filosofia, da Fsiologia, das mídias convencionais e digitais entre outras área da Ciência, resultaram na constatação da necessidade de prestarmos consultoria.
A consultoria sobre o poder da palavra falada aplicada e a aquisição da habilidade de ouvir, atua numa nova área da comunicação sob a designação de Voice Design, que compreende a implantação de processos, serviços e atividades planejadas para atender à necessidade do público interno e externo da sua organização, considerando a fundamentalidade da comunicação interpessoal, relacional e intrapessoal no âmbito social, profissional e organizacional.
O crescimento e desenvolvimento do Voice Design, desde o início das pesquisas e estudos, em agosto de 2008, se deu pelos resultados alcançados com a realização de palestras, workshops, cursos e treinamentos, a exemplo da participação no Educar/Educador 2013, entre os dias 22 a 25 de maio em São Paulo.
Na ocasião, foi proferida palestra sobre o tema, além da realização de dez rodas de conversas com professores de diversas partes do País no estande de duas instituições educacionais – o SEFE e Sem Fronteiras.
Com a aprovação de um trabalho científico pela Comissão de Análise e Avaliação da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, sob o título, “Voice Design, o poder da palavra falada aplicada” esta área do conhecimento foi apresentada à comunidade científica e acadêmica durante o 19º Congresso Internacional de Educação a Distância, entre os dias 9 e 12 de setembro de 2013 em Salvador, nos deu legitimidade à criação do Voice Design Desenvolvimento Profissional, ocupando a presidência da empresa.
No 20o CIAED realizado em Curitiba, em outubro de 2014, lançamos Voice Design para Design Instrucional.